Cap 10 - Elena?!

... E eu sei que ele sabe que sou infiel / E isso o mata por dentro / Saber que estou feliz com outro cara / Eu posso vê-lo morrendo - Unfaithful de Rihanna. ...

...˙❥˙Capítulo 10: Elena?!...

Hoje é o dia do casamento do Henry, meu amigo de infância, e eu, Hain, sou o padrinho. Mas estou super atrasado e a ansiedade está me consumindo. Era para eu ter pegado o voo mais cedo, mas justamente hoje minha filha acordou passando mal e enjoada. Quem pudera também, depois do tanto de bolo de chocolate que ela comeu ontem. Era seu bolo preferido… assim como o de Elena. Por isso seus avós eram tão apegados a ela, eles viam a sua filha, na minha. Apesar dela ser mais fisicamente parecida comigo, ela tinha os gostos, as manias, e o sorriso de sua mãe. E quando ela acorda assim não desgruda de mim e não me deixa fazer nada e ir para lugar nenhum. Meu coração de pai não me deixou sair de casa sem garantir que ela estivesse bem.

Nem deu atenção aos seus avós direto no café da manhã. Voltamos ontem à noite da casa dos seus avós maternos. Minha intenção era ter voltado para Londres ontem, mas os pais de Elena insistiram para que ficássemos mais um dia, para que eles matassem a saudade da neta. Não pude recusar e acabei ficando.

Além disso, minha mãe também não estava se sentindo bem. Tive que passar na farmácia e comprar os remédios que o doutor recomendou, antes de virmos embora. Isso só atrasou ainda mais minha ida ao aeroporto.

— Papai, dói aqui — ela aponta para a barriga, com os olhinhos marejados.

— Vai passar, querida. Vamos para casa e eu preparo um chá para você, tá bom? — tento confortá-la enquanto coloco o cinto de segurança nela.

O trajeto de volta é silencioso, exceto por alguns gemidos de Claire. Meu coração aperta ao vê-la assim, mas sei que logo ela estará melhor. Além disso, é impossível não notar o quanto ela se parece com Elena. Essas pequenas coisas me fazem sentir a presença dela, mesmo que de uma forma dolorosa. O carinho dos avós de Claire é um reflexo do amor que tinham por Elena, e isso, de alguma maneira, nos une ainda mais.

Como se o destino estivesse conspirando contra mim, todos os voos de Dublin para Londres estão atrasados. Cada minuto que passa, minha frustração aumenta. Penso em como Henry deve estar nervoso, contando com a minha presença em um dia tão especial. Estou sentado na sala de embarque, observando o relógio como se pudesse acelerar o tempo com o poder do meu olhar. Tento me manter positivo, mas a preocupação me domina. Será que conseguirei chegar a tempo?

Ao mesmo tempo, sinto uma onda de culpa e impotência. Queria poder estar em dois lugares ao mesmo tempo, cuidando da minha família e apoiando meu amigo. Tento me acalmar, lembrando que fiz o que era necessário para o bem-estar de minha filha e minha mãe. Agora, só me resta esperar e torcer para o próximo voo decolar o mais rápido possível.

Olhei para o relógio no setor de embarque e vi serem uma e trinta e quatro da tarde. O casamento do meu amigo Henry começaria às quatro horas, e eu e minha filha Claire ainda precisávamos passar em casa para tomar um banho e nos vestirmos. Além disso, tínhamos que pegar a Samantha, madrinha da Claire, e o filho dela, meu afilhado, para podermos ir todos juntos ao casamento. Meu voo estava atrasado e só sairia às duas e cinco da tarde, o que significava que eu chegaria em casa por volta das três e quarenta e sete.

Assim que entrei em casa, já correndo contra o tempo, percebi que meu celular estava quase descarregando. A primeira coisa que fiz foi colocá-lo para carregar, sabendo que provavelmente tinha várias ligações perdidas do Henry e da Samantha. O estresse começava a tomar conta, mas eu sabia que não podia perder mais tempo. Claire, percebendo minha pressa, correu para o banheiro enquanto eu buscava nossas roupas no armário.

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Enquanto o celular carregava, ouvi o som das mensagens chegando uma após a outra. O tempo estava passando rápido demais e eu só conseguia pensar em como conseguiríamos nos arrumar, pegar a Samantha e seu filho, e ainda chegar a tempo para o casamento. A adrenalina corria por minhas veias, mas eu sabia que tudo daria certo se continuássemos focados. A esperança era a última que morria, e eu não deixaria meu amigo na mão nesse dia tão especial.

Assim que pego o telefone, retirando-o do carregador, ele começa a vibrar. É a Samantha. Atendo rapidamente.

— Hain, onde você está? — sua voz soa ansiosa do outro lado da linha. — Estamos super atrasados para o casamento do Henry! A cerimônia já deve ter começado e, a essa altura, deve estar quase terminando!

— Eu sei, eu sei! — respondo, tentando me manter calmo. — Estou saindo agora com a Claire. Buscaremos você e o seu filho e seguimos direto para a festa.

(Roupa de Hain)

Termino a ligação e olho para Claire, que está ao meu lado, segurando sua pequena bolsa de flores.

— Vamos, querida. Precisamos ir logo. — digo, pegando as chaves do carro e saindo de casa.

(Roupa de Claire)

Claire me segue sem questionar, e entramos no carro o mais rápido possível. Dou partida e seguimos em direção à casa de Samantha. No meio do caminho, o telefone toca novamente. Desta vez, é Henry, o noivo e meu melhor amigo, que claramente não está nada contente.

— Hain, onde você está? — ele pergunta sem rodeios. — Você é o padrinho e não apareceu no casamento!

Engulo seco, tentando encontrar as palavras certas para me desculpar.

— Henry, me desculpe pelo atraso. Estamos a caminho. — digo, tentando soar o mais sincero possível. — Vamos direto para a festa na casa do seu pai.

— Tudo bem, Hain. Só não demore mais. — ele responde, com uma mistura de frustração e decepção na voz. — Conto com você.

Desligo o telefone, sentindo um peso enorme nos ombros. Claire percebe minha tensão e segura minha mão.

— Está tudo bem, papai? — ela pergunta com sua voz doce.

— Sim, querida. Só precisamos chegar logo. — respondo com um sorriso forçado.

Finalmente, chegamos à casa de Samantha. Ela e seu filho já estão esperando na calçada, ambos com expressões de impaciência. Eles entram rapidamente no carro, e seguimos para a festa.

(Samantha)

— Não acredito que estamos tão atrasados. — Samantha diz, cruzando os braços. — Avisei para voltar mais cedo.

— Eu sei, eu sei. — respondo, tentando evitar uma discussão. — Vamos fazer o melhor possível para aproveitar a festa.

(Matthew)

O trânsito não está dos melhores, mas finalmente conseguimos chegar à casa do pai de Henry. A festa está em pleno andamento, e consigo ver alguns convidados já dançando e se divertindo. Estaciono o carro e todos saímos apressadamente.

— Vamos encontrar o Henry e pedir desculpas. — sugiro, enquanto adentramos a festa.

Nosso grupo se separa para procurar o noivo. Não demora muito para encontrar Henry, que está conversando com alguns convidados. Quando ele nos vê, seu rosto se ilumina com um sorriso misto de alívio e alegria.

— Finalmente! — ele exclama, vindo em nossa direção. — Achei que vocês tinham se perdido.

— Desculpe pelo atraso, Henry. — digo sinceramente. — Foi um dia complicado.

— Está tudo bem agora. — ele responde, dando-me um abraço. — O que importa é que vocês estão aqui.

A festa continua animada, e logo somos todos envolvidos pela atmosfera festiva. Claire e Mattheu encontram outras crianças para brincar, e Samantha permanece ao meu lado. Eu, por minha vez, fico ao lado de Henry, aproveitando a música e a companhia.

Eu não conseguia acreditar no que meus olhos estavam vendo. Era como se o mundo tivesse parado de girar por um instante. Henry nos conduziu até a mesa, onde a família dele estava reunida. Eu e Samantha estávamos quase chegando quando ouvi aquela risada inconfundível. Meu coração disparou. Algo dentro de mim sabia que algo estava muito errado.

Henry sorriu para a mulher ao seu lado e disse:

— Querida, quero que conheça o padrinho do nosso casamento que finalmente chegou. Este é Hain. — Quando ela se virou, meu coração parou por completo. Ali, diante de mim, estava Elena, minha falecida, com os cabelos mais curtos, vestida de noiva e recém-casada com meu melhor amigo.

— Elena?! — gritei, a incredulidade e o choque tomando conta de mim. Samantha ao meu lado estava pálida, tão chocada quanto eu. Elena, agora chamada de Esther, olhou para mim com uma expressão confusa.

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