Cap 4 - Mais do que amigos...

...Você saberia meu nome / Se eu te visse no céu / Seria o mesmo / Se eu te visse no céu? — Tears in Heaven de Eric Clapton....

...˙❥˙Capítulo 4: Mais do que amigos....

Quando revelei a Esther que a menina que eu havia socorrido no hospital era filha de um velho amigo de infância, vi o choque estampado em seu rosto. Não era para menos; a vida tem dessas reviravoltas inesperadas que às vezes nos deixam sem fôlego. Eu e meu amigo crescemos praticamente como irmãos, mas, com o passar dos anos, nossos caminhos se separaram de tal forma que mal sabíamos um do outro.

— Uma amizade assim não pode acabar — Esther insistiu, suas palavras ecoando em minha mente nos dias seguintes. — Agora que estão na mesma cidade, por que não tentam reatar esse laço especial?

Motivado por suas palavras, decidi contar à minha mãe sobre o encontro. Ela, radiante com a notícia, sugeriu que eu convidasse meu amigo e sua filha para um almoço em nossa casa.

— Seria maravilhoso revê-los — ela disse, e eu prometi que organizaria tudo assim que tivesse a chance de falar com ele novamente.

No entanto, a ligação que esperei ansiosamente no dia seguinte nunca chegou. A oportunidade seguinte seria no dia da retirada do gesso de Claire, mas, para minha decepção, quem apareceu foi um dos novos amigos de meu amigo e padrinho da menina. Meu coração afundou um pouco com sua ausência. Desta vez, não cometeria o mesmo erro de não pegar seu contato; perguntei diretamente a Claire, que sem hesitar me forneceu o número de seu pai. Com o número em mãos, não perdi tempo e marquei o encontro para hoje, na casa dele, esperando ansiosamente por uma chance de reviver nossa antiga amizade.

Sentado na confortável sala de estar de Hain, com uma cerveja preta em mãos, os anos de uma amizade interrompida pareciam apenas uma breve pausa enquanto conversávamos.

— Eu realmente sinto muito por não estar aqui, Hain. Todo esse tempo perdido… — eu começava, meu coração pesado pelo tempo que passamos distantes.

Hain sorriu tristemente, compreensivo.

— A vida tem dessas, Henry. Mas você está aqui agora, e isso é o que importa. — Ele então se ajeitou no sofá, tomando um gole da sua cerveja antes de continuar. — Sabe, nunca te contei sobre a mãe da Claire, não é? — A menção súbita me pegou de surpresa, especialmente porque eu havia notado a ausência de fotos dela pela casa.

— Não, nunca mencionou — respondi, curioso e um tanto receoso pela dor que meu amigo poderia reviver ao contar a história.

Hain suspirou, o olhar perdido em memórias distantes.

— Ela era incrível, Henry. A única mulher que amei verdadeiramente em toda a minha vida. Mas perdê-la num acidente de carro… foi devastador. — Ele fez uma pausa, engolindo em seco. — Depois que ela se foi, guardei todas as fotos dela. Era doloroso demais vê-las todos os dias.

Ouvir aquilo partiu meu coração.

— Sinto muito, Hain. Não posso nem imaginar como deve ter sido difícil para você e para Claire.

Ele assentiu, os olhos marejados.

— Foi um período sombrio, mas estamos nos recuperando, gradualmente. Claire tem sido minha rocha. E agora, tendo você de volta, sinto como se um pedaço da minha vida estivesse se encaixando novamente.

A conversa então se voltou para mim, e eu senti uma mistura de emoção e nervosismo ao falar sobre meu próximo casamento.

— Estou me casando daqui a alguns dias, Hain. Nunca pensei que encontraria alguém depois de… bem, depois de tudo. Mas ela é maravilhosa. Estou realmente apaixonado, e feliz. Mais feliz do que estive em muito tempo.

Vendo uma oportunidade de reconectar ainda mais nossos laços, tomei uma decisão no impulso.

— E, uh, eu estava pensando… Você aceitaria ser meu padrinho de casamento? — A pergunta pendia no ar, carregada de significado e esperança.

Hain olhou para mim, claramente tocado, e então seu rosto se iluminou com um sorriso. — Eu ficaria honrado, Henry. Realmente honrado.

O resto da noite se desenrolou com mais leveza, enquanto compartilhávamos mais histórias, risadas e algumas lágrimas. Era como se nenhum tempo tivesse passado — como se a amizade que havíamos construído ao longo dos anos nunca tivesse enfraquecido. Naquela noite, eu não apenas reconectei com um velho amigo, mas também reafirmei laços que a vida, com todas as suas reviravoltas, havia esticado, mas nunca realmente quebrado.

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