Cap 5 - Eu amo você, Esther.

...(A maneira como você me move, é loucura /É como se você visse através de mim / E tornasse tudo mais fácil / Você me agrada, nem precisa tentar) — You Are The Best Thing de Ray LaMontagne ...

...˙❥˙Capítulo 5: Amo você, Esther....

Os dias que antecediam o casamento pareciam voar, cada um mais rápido que o outro, enquanto eu tentava conciliar as exigências do meu trabalho no hospital com os preparativos para o grande dia. Esther, com a ajuda incansável de minha mãe e Georgina, assumiu a liderança na organização, escolhendo cada detalhe com um cuidado meticuloso que apenas ela poderia ter. Eu, sempre que possível, dava minha opinião, embora meus momentos livres fossem raros e breves.

Minha maior esperança era que tudo saísse perfeito não por mim, mas por ela. Esther merecia um dia que refletisse todos os seus sonhos e desejos, um dia que pudéssemos olhar para trás e lembrar como o início da nossa vida juntos.

— Alice Esther Cooper. — Eu repetia esses nomes em minha mente, cada vez mais real e tangível à medida que o dia se aproximava.

Infelizmente, o almoço planejado na casa da minha mãe para que Hian e sua filha conhecessem Esther teve que ser adiado. Não havia tempo suficiente com o casamento já batendo à porta. Felizmente, Hain compreendeu a situação e aceitou não apenas adiar o encontro, mas também fazer parte de um dos momentos mais significativos do dia: ser meu padrinho. Assim, eles teriam a oportunidade de se conhecer durante a celebração, um ambiente festivo e cheio de amor, que, espero, seja perfeito para dar início a novas amizades e fortalecer os laços já existentes.

Naquela tarde cinzenta de quinta-feira, meu telefone tocou, exibindo um nome que sempre me trazia um sorriso: Hain. Ele era mais do que um amigo, mais do que um irmão; era meu padrinho de casamento, a pessoa que estaria ao meu lado no dia mais importante da minha vida. Atendi rapidamente, ansioso por ouvir sua voz.

— Henry, meu amigo! — Hain começou com seu usual entusiasmo, mas algo na sua voz soava diferente desta vez. — Preciso te contar algo importante. Minha mãe... ela não tem estado muito bem ultimamente, e se recusa a ir ao médico. Acho que preciso ir para Dublin ver como ela está.

A notícia caiu como uma pedra em meu estômago. Conhecia bem a Sr.ᵃ O'Neill uma senhora forte e determinada, que tinha um carinho especial por mim desde quando eu e Hain eramos crianças e morávamos um do lado do outro.

— Claro, Hain, você precisa estar com ela agora. Como ela está se sentindo?

Hain suspirou do outro lado da linha.

— Ela está tentando não demonstrar, mas conheço minha mãe. Se ela não quer ir ao médico, é porque está realmente preocupada. Tentarei convencê-la a buscar ajuda quando chegar lá.

Eu senti uma mistura de preocupação pela saúde da Sr.ᵃ O'Neill e ansiedade pelo timing dessa situação.

— E quanto ao casamento? Você sabe que não posso imaginar esse dia sem você ao meu lado.

— Henry, eu prometo que farei de tudo para estar aí. Seu casamento é em duas semanas, e eu planejo estar de volta no dia anterior. Farei o possível e o impossível para não perder seu grande dia, você sabe o quanto isso é importante para mim também.

Conversamos por mais alguns minutos, planejando e considerando alternativas. Hain estava determinado a cuidar de sua mãe e ainda cumprir seu papel como meu padrinho. Eu sabia que ele enfrentaria qualquer desafio para manter sua promessa.

Nos dias que se seguiram, mantive contato regular com Hain, recebendo atualizações sobre a situação. Ele havia conseguido convencer sua mãe a ir ao médico, e estavam aguardando exames. Apesar da distância, minha mente frequentemente viajava para Dublin, imaginando Hain ao lado de sua mãe, oferecendo o suporte que só um filho amoroso poderia dar.

Enquanto isso, os preparativos para o casamento continuavam. Minha noiva, Esther, era um poço de compreensão e apoio, sempre me tranquilizando sobre os ajustes necessários caso Hain não pudesse voltar a tempo. Juntos, revisávamos cada detalhe, mas em cada decisão, a presença de Hain era como uma sombra, sua ausência temporária pesando em nossos corações.

Eu estava sentado à mesa da cozinha, observando Esther, minha noiva, enquanto ela preparava nosso almoço. O aroma de temperos e ervas frescas se misturava no ar, criando um ambiente aconchegante que só a cozinha dela poderia oferecer. A luz suave do meio-dia entrava pela janela, iluminando seus cabelos como se cada fio fosse feito de ouro. Ela parecia concentrada, mas havia um leve sorriso em seus lábios, que me fazia pensar em como eu era sortudo por tê-la em minha vida.

— Henry, você tem alguma notícia sobre a mãe do Hain? — ela perguntou, sem tirar os olhos da panela em que mexia. — Espero que ele consiga chegar a tempo para o casamento.

Eu suspirei, passando a mão pelos cabelos antes de responder.

— Ainda não, amor. Mandei uma mensagem para ele mais cedo, mas ele ainda não respondeu. A última vez que falamos, a situação da Muriel não era das melhores. Sabe como é, essas coisas são delicadas. — Eu tentei manter a voz estável, mas a preocupação era evidente.

Esther assentiu, compreensiva.

— Eu imagino... Proponho torcermos para que tudo dê certo. Ela é uma mulher forte, e com o Hain ao lado dela, tenho certeza de que ela se sentirá melhor.

A conversa mudou então para os preparativos do nosso casamento, que estava se aproximando rapidamente.

— E como estão os últimos ajustes, querida? — perguntei, tentando trazer um pouco mais de leveza para o nosso diálogo.

— Oh, Henry, você nem imagina! — ela exclamou, seus olhos brilhando com uma mistura de excitação e um pouco de estresse. — A última prova do vestido foi ontem, e está simplesmente perfeito. A costureira fez um trabalho maravilhoso. E os convites finalmente chegaram, depois de todo aquele problema com a gráfica. Agora é só distribuir o restante e tudo estará pronto.

— Isso é ótimo! — eu disse, sorrindo, feliz em vê-la tão animada. — E quanto à decoração e à música?

— Tudo sob controle — respondeu Esther, agora virando-se para me olhar diretamente. — E a banda confirmou ontem que tudo está certo para eles tocarem as nossas músicas. Ah, e não podemos esquecer da nossa dança. Precisamos praticar mais, Sr. Cooper!

Eu ri, levantando-me para abraçá-la.

— Com certeza, Sr.ᵃ Mitchell, em breve também Sr.ᵃ Cooper. Será a melhor dança de todas, você vai ver. — Enquanto a abraçava, sentia o peso das preocupações diminuir um pouco. Aqueles momentos com ela eram o meu refúgio, o meu porto seguro.

— Amo você, Esther. E mal posso esperar para te chamar de minha esposa — murmurei, beijando sua testa.

— Eu também te amo, Henry. E tudo dará certo, você vai ver. Com a mãe do Hain, com o casamento, com tudo.

Nós dois sabíamos que a vida é imprevisível, cheia de altos e baixos, mas estar ao lado de Esther me fazia sentir que, não importa o que viesse, nós enfrentaríamos juntos. Nosso amor era o alicerce sobre o qual construíamos nosso futuro, e cada detalhe dos preparativos do casamento era um lembrete das promessas que estávamos prestes a fazer.

Desde que Esther e eu anunciamos nosso noivado, a organização do casamento tornou-se um verdadeiro campo de batalha de desejos e tradições familiares. Eu tinha uma Visão mais simples para nosso grande dia, preferindo uma celebração íntima e prática no quintal da casa do meu pai em St Albans, bem ao norte de Londres. Imaginava algo ao ar livre, com luzes penduradas nas árvores e todos os nossos amigos e familiares reunidos num lugar que tem sido um refúgio de paz ao longo da minha vida.

No entanto, minha mãe tinha outros planos em mente. Ela insistiu que o casamento ocorresse na igreja St Mary the Virgin Church, um local tradicional e cheio de significado para ela, situado a apenas três minutos da casa do meu pai. Esther, sempre tentando apaziguar e manter a harmonia, não quis contrariar minha mãe. Apesar de minha preferência pelo conforto e simplicidade, a decisão final foi respeitar o pedido dela.

O dilema do local refletiu um choque de desejos e histórias familiares. Enquanto minha mãe queria que voltássemos a Holmes Chapel, nossa cidade natal, eu desejava algo que também homenageasse Amersham, onde Esther cresceu. No final, a decisão de utilizar a casa do meu pai como local da festa foi um meio-termo que satisfez a todos um pouco. Agora, enquanto avançamos com os preparativos, estou aprendendo que o casamento não é apenas a união de duas pessoas, mas também de suas famílias, tradições e, às vezes, seus compromissos.

O resto do dia passou entre risadas e planos, enquanto o aroma do almoço se transformava em uma deliciosa refeição que compartilhamos, falando sobre a vida, sonhos e, claro, sobre nosso futuro iminente. Mesmo com as sombras de preocupação que às vezes tentavam se instalar, eu sabia que, com Esther ao meu lado, tudo seria como deveria ser.

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