｡* Capítulo 9 *。

A tensão com Ulrik na cozinha não foi nada fácil, tive que por vezes disfarçar meu olhar e rosto corado. Ele é um homem bastante atraente e não estava acostumada com tamanha formosura. Na verdade o único homem que tive tanto contato foi meu pai, nem mesmo com kilian fora desta forma. Contudo nunca ri tanto como naquela cozinha, além de atraente, Ulrik era brincalhão e muito divertido.

Terminamos o almoço e colocamos a mesma,desta vez quem nos fez companhia foi Rasthy, Astrid ficara tomando conta da navegação.

— Esta muito saboroso, diferente mais saboroso. — Elogiou Rasthy enquanto colocava uma colherada na boca.

— Freya deu a ideia de colocar menos ervas, mas acrescentar um pouco de cúrcuma. — Ulrik sorri me olhando.

— Brigitte sempre dizia que peixe ia bem com cúrcuma. Só resolvi arriscar.

— Ficou perfeito, Freya,pode ajudar o cozinheiro do castelo. — Nego sutilmente com um sorriso.

— Ela não sabe cozinhar, mas foi perfeita como ajudante. — Rasthy geme olhando Ulrik, percebendo seu olhar Ulrik limpa a garganta ficando sério.

— Isso não vai dar certo. — Balbucia Rasthy entre os dentes.

— Não ouse... — Ulrik diz o olhando de olhos cerrados, Rasthy me olha sorrindo.

— Ah... Me fala de você Rasthy, já sei um pouco de Astrid e Ulrik. O que faz? — Tento diminuir a tensão entre os dois.

— Assim como Astrid, sou batedor, mas também somos caçadores. Na verdade fazemos de tudo um pouco.

— O que um batedor faz? — Ulrik segura o riso, suspirei encolhendo os ombros.

Minha ignorância nos assuntos são bem visíveis, na verdade sou bem ignorante na questão administrativa de um reino. Nunca aprendi sobre os deveres de uma rainha, mas Norah por outro lado aprendera tudo com nossa mãe.

— Um batedor tem a função de descobrir os pontos fracos do inimigo e obter outras informações.

— Um espião, Freya, mas com um nome mais honrado. — Provoca Ulrik rindo.

— E não é muito perigoso?

— Nos sabemos como ficar invisíveis, já estamos familiarizados com o trabalho. Ir atrás dos monstros de Shadowsdusk é pior. — Engulo seco. — Nunca sabemos o que vamos encontrar. — Ulrik pigarreia.

— Monstros? Então tudo que falam sobre as terras sombrias é verdade? — Pergunto preocupada.

— Não se preocupe Freya, estará segura no castelo noturno. Não há lugar mais seguro que este.— Diz Ulrik tomando um gole de vinho.

— Verdade, o castelo é seguro. — Rebate Rasthy com um sorriso sem graça. — Bom, estava maravilhoso, mas preciso voltar ao trabalho. — Ele se levanta, curva a cabeça em minha direção. — Agradeço muito vossa companhia princesa.

— A honra foi minha.

Espero Rasthy sair da sala, olho para Ulrik que está concentrado em sua taça de vinho.

— Que tipo de monstros tem em Shadowsdusk?

— Já disse para não se preocupar com isso princesa.

— Terei que descubrir sozinha? — Ele vira o rosto me olhando sério, seu maxilar se contrai rangendo os dentes.

— Nem ouse a sair do castelo, sem mim ou Caspian. Estamos entendidos?

— Isso é uma ordem?— O encaro cerrando os olhos.

— Sim, é uma ordem princesa.— Fala em voz ríspida.— Só espero que não seja estúpida em descumpri-la. — Suspiro enquanto encaro seus olhos.— Fui claro?

— Transparente como água. — Ele ergue o queixo.

— Assim espero. — Me levanto o encarando de cima,seus lábios se esticam sutilmente enquanto me olha.Me viro pra sair sem dizer nenhuma palavra, ele segura meu pulso. — Sente-se.

Reprimindo o ar em meus pulmões o olho de olhos cerrados.

Quem ele pensa que é pra achar que manda em mim? Se eu tivesse algum poder como meus ancestrais o colocaria em seu devido lugar.

— Por favor, sente-se Freya. — Ele pediu com educação?

— Já terminei, se por gentileza puder soltar meu pulso. — Arqueio a sobrancelha.

— Apenas não quero que se machuque. Caspian foi muito preciso...— Ele suspira soltando meu pulso. — Faça o que quiser, a vida é sua.

— Não, ela não me pertence mais. Graças a minha irmã. — Ele se levanta da mesa se aproximando.

— Por que pensa desta forma? — Ele leva a mão a meu rosto, mas antes que me toque, me afasto.

— Por que é a verdade. Agora se me permite, quero voltar para meus aposentos.

Me viro andando a passos largos, passo por Astrid sem falar nada.

— O que você fez, Ulrik?— Ela esbraveja.

— Meu trabalho, apenas isso.

Subo as escadas indo para meus aposentos, fecho a porta a batendo, retiro minha capa a jogando sobre a cama.

— Estúpido ,insolente, ele pensa que falando mais grosso comigo irei obdecê-lo? — Bufo me jogando sobre a cama. — Pensei que a forma que ele agia na cozinha fosse quem ele realmente era, mas não passa de um turrão autoritário.... Nem sei porque me importo. — Suspiro profundamente cruzando os braços. — Aqueles olhos nem combinam com tamanha arrogância. — Me levanto indo até a pequena janela, olho para o mar tomado de neblina. — Não sei o que é pior, ficar presa neste navio ou no castelo. — Suspiro. — Como minha vida poderia piorar em tão pouco tempo?

— Freya, abra a porta. — Sua voz rouca soa pela porta.

— O que você quer Ulrik? Já entendi sua ordem, e vou obdecê-lo, mas me deixe em paz. — Ele suspira urrando.

— Por favor, abra a porta. — Abro a porta o encarando.

— O que quer? — Ele me olha nos olhos em silêncio por alguns segundos. — Fale de uma vez.

— Me desculpe por alterar a voz com você princesa. — Rio de escárnio.

— Que diferença faz? Só me deixa em paz. — Fecho a porta ele a segura ainda me olhando.

— Sei que é uma mulher forte, afinal carregou aquela pantera sozinha. Então pode se defender muito bem, mas as criaturas das terras sombrias não são amigáveis. São cruéis e sanguinárias. — Abro a porta novamente, mas ele ainda a segura.

— Se realmente forem como as lendas, posso me defender tranquilamente. — Ele rosna entre os dentes.

— Não , você sabe que não pode. Não seja teimosa e me ouça. Quando estivermos no castelo, não saia dele, estou te pedindo desesperadamente. — Respiro fundo.

— Já disse que irei obedecer Ulrik, agora irei me deitar um pouco. Quando estivermos próximos a encosta de Shadowsdusk, me chame por favor.

— Certo. — Ele solta a porta me olhando. — Você é a garota mais teimosa que já conheci.

Ele se vira andando pelo corredor, fecho a porta me encostando nela respirando fundo.

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