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DIANE CLARK

Suspirei ao finalmente me ver livre dela. Sentei-me na cama e meu celular tocou. Atendi ao ver ser o motorista da van, avisando que já estavam em frente aos portões.

— Que bom que veio, filha — padre Agenor me cumprimentou.

— Sua benção, padre.

— Que Deus a abençoe. — Comprimiu seus lábios em um sorriso ameno.

— Amém — pronunciei.

— Como vai a vida? — Soou cauteloso.

Sentamo-nos em um dos bancos da igreja e começamos a conversar.

Era bom desabafar com ele. Meu pai fazia isso quando vinha aqui para encontrá-lo sempre que podia.

— Ainda meio desnorteada. — Fui sincera.

Meus olhos umedeceram. Respirei fundo, contendo minhas emoções.

— A perda nunca será confortável pra nós, seres humanos, mesmo que soubemos que, em algum momento, teremos de passar por isso, mas deve se agarrar aos bem-feitos do seu pai. Senhor Márcio foi um grande exemplo de força e determinação por aqui, quanto mais por ter se dedicado a você após ficar viúvo, se encarregando de te dar todo amor e amparo que precisasse, não é à toa que é essa jovem tão bela e inteligente. — Seu comentário me arrancou um meio-sorriso.

— Obrigada, padre. É bom conversar com o senhor — proferi, e ele juntou minhas mãos nas suas.

— Que bom, filha. Fico contente que te ajude a te distrair. — Olhou em meus olhos. — Disse que se sente desnorteada, por quê? — questionou, de repente.

Puxei o ar para os meus pulmões.

— Não sei direito o que fazer sem o meu pai. O escritório já foi fechado, porque não posso dar continuidade, já que não tenho formação ainda e… — Pausei, não conseguindo prosseguir, e uma lágrima escapou dos meus olhos.

— Calma, acredito que esteja na hora de te dar algo. — O encarei, vendo-o retirar um papel do bolso, que estendeu em minha direção.

Limpei meu rosto e funguei, aceitando o que notei ser um envelope nomeado a mim. Reconheci a letra no papel.

— Seu pai me deu isso um dia antes de partir. Não sei do que se trata, só disse ter tido um sonho estranho naquela noite que o deixou com um pressentimento ruim e que precisava que guardasse isso e a entregasse, caso lhe acontecesse algo — relatou.

— Que estranho. Ele não me disse nada disso — frisei.

— Conhecia bem o seu pai, então deve imaginar que não te contou por saber que ficaria extremamente preocupada com ele — salientou, demonstrando que o conhecia muito bem.

Meu pai e o padre eram muito próximos, como bons amigos, há anos.

— Tem razão — concordei, analisando o envelope.

— Quem sabe aí dentro não esteja a resposta que está procurando para clarear sua mente e finalmente ter um norte? — indagou, sugestivo.

— Espero que sim — externei, esperançosa. — Acho melhor ir. — Me coloquei de pé, e ele me acompanhou. — Estarei torcendo para que consigam vender todos os pertences do meu pai no bazar — desejei enquanto fomos andando até a saída.

— Obrigado, filha. Que Deus a abençoe por sua doação, nos ajudará muito a arrecadar dinheiro para a igreja — pontuou.

— Que bom, padre. Sua benção. — Ele me deu a benção e me despedi, partindo em seguida.

Ao chegar em casa, sentei-me no sofá na sala e abri o envelope.

Com as mãos meio trêmulas, desdobrei o papel, sentindo meu coração disparar no peito e meus olhos umedeceram ao começar a ler o que meu pai escreveu.

“Filha, sinto muito por ter falhado como seu pai. Não a apoiei em seus sonhos e me senti na necessidade de lhe deixar essa carta, mesmo não sabendo se algo me ocorrerá ou não. Enfim, peço que me perdoe.

Fui egoísta em querer mantê-la debaixo da minha asa a todo custo, não permitindo que fosse para Val Verde, cidade onde sempre quis ir para morar e estudar, tanto que tentou me convencer a ir também, o que nunca concordei. Agora, pensando melhor, notei o quanto errei ao fazer isso e meu conselho é que siga os seus sonhos. Não perca mais tempo e vá vivê-los.

Pode ser que não me tenha mais ao seu lado, mas não deixe que isso a impeça de fazer o que há anos vem sonhando realizar. Se desejar ir mesmo para Val Verde, procure por Frederico Motta, um amigo sobre quem sempre falei com você sobre ele. Tenho seu endereço anotado em alguma agenda no meu escritório.

Tenho certeza de que lhe ajudará com tudo, até por não ter terminado a faculdade ainda e, também, poderá lhe dar abrigo por algum tempo, visto não conhecer ninguém na cidade, enquanto se organiza.

Espero que me perdoe.

Se cuida. Te amo, filha.

Do seu pai, Márcio”.

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Comments

Rose Carvalho

Rose Carvalho

uai repetiu o capítulo anterior ao q acabou ??

2023-08-01

4

Cleane Alves

Cleane Alves

comcordo!muito estranho

2023-07-26

0

Magna Rocha

Magna Rocha

Acabou?

2023-07-22

0

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