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DIANE CLARK

Lágrimas banhavam o meu rosto quando finalizei a leitura. Juntei o papel contra o meu peito e chorei, emocionada demais para colocar em palavras. Meu pai foi um homem maravilhoso em todas as suas instâncias, o único problema sempre foi o de não me deixar ir em busca dos meus sonhos, e eu não o condenava por isso.

Óbvio que ficava chateada por ser cabeça dura e não me apoiar, porém, o compreendia. Ele havia perdido a mamãe de forma inesperada e isso o abalou profundamente a ponto de me querer por perto pelo resto de sua vida, o que de fato aconteceu. Agora poderia ir atrás dos meus objetivos, no entanto, não do modo que imaginei um dia, que seria com a sua companhia.

Limpei meu rosto e funguei, colocando-me de pé. Eu não me considerava uma pessoa chorona, pelo contrário, sempre tentava ser o mais alto astral possível, mas, em se tratando do meu pai e pela enorme falta que me fazia, visto que éramos apenas nós dois, isso explicava o motivo de estar assim ultimamente. Dobrei a carta e trilhei até o escritório que meu pai mantinha em casa, para onde trazia trabalhos inacabados para analisar em algumas ocasiões; abri a porta e entrei, chegando até sua mesa, e um filme de quando o via sentado atrás dela enquanto fazia anotações veio nitidamente em minha mente.

Sorri em meio às lágrimas, me sentando na sua cadeira, e permaneci por ali, chorando um pouco mais. Logo respirei fundo, engoli o nó que ainda era presente em minha garganta e me limitei a continuar chorosa.

Mais uma vez li sua carta e concluí que aquilo era tudo que estava faltando para clarear meus pensamentos e finalmente ter um norte, bem como o padre Agenor mencionou na igreja.

Faria o que meu pai me aconselhou, mesmo não o tendo comigo.

Seria triste ir sozinha para Val Verde e começar uma nova etapa da minha vida sem ele, mas não devia continuar abatida como vinha sendo há um pouco mais de um mês, desde sua partida. Era hora de tomar um rumo, por mais solitário que pudesse ser.

Certa sobre isso, inspirei o ar profundamente e deixei a carta sobre a mesa, me ocupando em procurar o tal endereço do Frederick. Não podia mais perder tempo. Tinha muita coisa para resolver antes de finalmente me mudar para Val Verde.

UM MÊS E DUAS SEMANAS DEPOIS…

Em posse da minha mala de rodinhas, a arrastei pelo caminho de pedras em meio ao jardim muito bem ornamentado em frente à casa, depois de ser liberada para entrar por um dos seguranças ao me identificar nos portões. Mal cheguei até a porta e uma mulher me recepcionou.

— Bom dia, querida! Sou Mônica, digamos que a governanta dessa casa — me saudou, apresentando-se em seguida.

— Bom dia! Prazer em conhecê-la. — Sorri em resposta.

— O prazer é meu. Diane, certo? — se certificou.

— Sim — afirmei.

— Entre. O Frederick descerá em breve — informou.

— Obrigada! — agradeci e a acompanhei para dentro.

Olhei ao redor, observando o interior da casa, e não pude deixar de pensar no modo como a Mônica se referiu ao Frederick. Não o chamou de senhor, então imaginei que tivessem uma afinidade maior que simplesmente patrão e funcionária. Lembrei-me da Bel, uma senhora que trabalhou por muitos anos na nossa casa, e a tinha como uma avó, já que não havia mais uma.

Antes de vir para Val Verde, tive que despedi-la, pois vendi a casa.

Mesmo que não fosse meu desejo, tive que fazer isso, mas, além dos seus direitos, lhe dei uma quantia a mais para ajudá-la e, também, por todo o tempo e dedicação que teve conosco, algo que agradeceu muito, o que me deixou bastante feliz.

Pisquei ao ouvir a voz de Mônica, deixando as minhas divagações de lado.

— Sente-se, querida. Acredito que o Frederick não demorará — ofereceu.

Agradeci e me sentei, deixando a minha mala ao meu lado no sofá.

Ela então saiu, me deixando a sós após dizer que iria pra cozinha.

Sentia-me um pouco nervosa por não saber o que o Frederick acharia de me abrigar na sua residência por um tempo. Se ele preferisse, poderia pagar as minhas despesas também. Enfim, nem sabia mais o que pensar, só queria que surgisse logo para conversarmos a respeito.

Bufei após se passar mais algum tempo e me coloquei de pé.

Virei-me no exato instante em que o vi descer as escadas e os seus olhos fixarem em mim, expressando certa surpresa, e tratou de se preocupar em vestir a camisa que tinha em mãos. Antes de se cobrir completamente, fui incapaz de conter o meu olhar que desceu pelo seu peitoral másculo perfeitamente definido, chegando até o seu abdômen cheio de gominhos, além de dar tempo de ver as suas tatuagens: duas no pescoço e outra que pegava do seu ombro esquerdo até o pulso.

Apesar de tê-lo visto no enterro do meu pai, não notei nenhum daqueles detalhes, afinal, o momento não foi nem um pouco propício a isso.

Agora era diferente. Será mesmo que tinha sido uma boa ideia vir procurar abrigo na sua casa?

Antes de chegar a qualquer resposta, fui obrigada a sair do meu torpor quando ele parou em minha frente, fazendo com que o seu cheiro de banho recém-tomado misturado ao aroma do seu perfume almiscarado e marcante adentrasse as minhas narinas, ele abriu um sorriso lindo, estendendo a sua mão pra mim: — Bom dia, Diane. Desculpe pela demora. Tudo bem?

— inquiriu, olhando-me com seus olhos azuis, continuando a sorrir.

Não! Definitivamente, eu não estava nada bem.

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Comments

Maria Jussara

Maria Jussara

pq está repetindo os capítulos

2023-11-05

2

Rose Carvalho

Rose Carvalho

repetiu TD misericórdia

2023-08-01

3

Bernadete Lopes

Bernadete Lopes

Nossa porquê tem que repetir os capítulos?

2023-07-20

1

Ver todos

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