Os dias passaram e a relação de Dimitri e Rosalie só melhorava. Sorah tinha conseguido entrar no castelo, mas não teve abertura com Arthur. Sorah começava a notar a fixação do rei na sua filha.
Hoje era o jantar de apresentação onde Rosie conheceria seu noivo, o primeiro príncipe de Rabéns. Coincidentemente era a última aula da semana com Dimitri. O falso professor já sabia que Rosalie estava apaixonada e iria dar um bom passo.
–Não acho que devemos ter aula prática hoje, Rosalie.–Sugere sentando no chão, onde sempre se alongam.–Vamos continuar a falar das danças folclóricas de um país morto há anos atrás.
–Sim, o Brasil né?–Rosalie senta perto de Dimitri.–Ok, vou falar o que li ontem em um livro muito interessante.
Enquanto ela falava, o homem à sua frente observava seus traços tão lindos. Ele sabia que hoje ela conheceria seu noivo e isso era bom. Significava que logo ela estaria prestes a casar e seu plano estaria prestes do fim.
–Desculpe, Lorenzo.–Suspirou trazendo Dimitri dos seus devaneios.–Confundi um pouco as coisas. Estava misturando as teorias...
–Você estava pensando em seu noivo? irá conhecê-lo hoje...
–Não quero casar.–Declarou como se estivesse pedindo socorro.–Não com ele, Lorenzo. Não com ele.
Aquela era a deixa que ele esperava. Aproximou-se da ruiva, segurou em seu rosto e beijou-a calmamente. Ele tinha ciência de que era o primeiro a beijá-la, escolheu então ser paciente.
Rosalie começava a retribuir sentindo todo seu corpo clamar por aquilo. Logo ela estava deitada e ele beijando-a por cima.
Sorah, pela fresta da porta, viu a cena e tratou de despistar Joane. Ela tinha se tornado uma verdadeira fã de Joane para conseguir ganhar sua amizade. E estava funcionando.
Aos poucos, eles foram se afastando e logo estavam apenas com os narizes encostados. Dimitri sorriu e ela fez o mesmo. Nem conseguia definir o que estava realmente sentindo.
–Me... Eu... Desculpe.–Ele se afasta e vai até a janela.
–Não, não se desculpe.–Ela vai até ele e o abraça por trás.–Eu quis, eu quis muito. Acho que... Eu...
–Está apaixonada?–Ele vira para encará-la.–Porque eu estou desde o primeiro dia que te vi, Rosalie. E tenho me contentado em ser seu professor e te tocar apenas quando dançamos. Você não imagina o quanto me dói saber que isso, o que eu sinto, nunca vai passar disso aqui.
A garota estava prestes a chorar e isso doía em Dimitri de uma forma que ele não estava gostando. Já não sabia o que era mentira ou verdade. Rosalie tocou gentilmente no rosto do belo homem à sua frente e sorriu singelamente.
–Eu nunca quis me apaixonar por ninguém porque meu pai sempre me disse que seu amor bastava. Mas olhando pra você agora, eu vejo que o amor dele nunca bastaria. Eu ainda precisaria encontrar o seu amor, Lorenzo.
–Não diga tais coisas, Rosalie. Somos de mundos muito diferentes. Você é noiva e logo vai casar. Vamos fingir que nada disso aconteceu, por favor. Não quero trair a confiança de Joane e nem dos seus pais. Sou seu professor.
Rosalie assentiu e afastou-se. Como se nada tivesse acontecido, voltaram a falar do assunto inicial. A aula acabou e sem se despedir Dimitri foi embora.
Rosalie se trancou no quarto, não abriu nem sob os protestos da sua mentora Joane. Ela chorou agarrada ao travesseiro e pela primeira vez se viu não gostando de ser princesa. Ela queria ser livre para amar o homem que ganhou seu coração.
–Vou voltar daqui uma hora, Rosie. Espero que você abra pois eu e Sorah precisamos te ajeitar para o jantar.
A garota nada respondeu. Ficou quieta pensando em como seria ainda mais difícil conviver com o príncipe de Rabéns depois de constatar que está apaixonada por outro homem.
...
Dimitri não sabia se comemorava ou ficava quieto no seu canto. Jogou-se na cama e ficou encarando o teto. Mexer com Rosalie estava mexendo com ele.
–Você parece pensativo demais...–Túlio abre a janela para que corra um vento naquele quarto abafado.
–Consegui fazer a filha de Arthur finalmente se apaixonar. Agora só preciso que ela seja totalmente minha e que o resto do plano se concretize.
–Você não parece feliz... Conheço você, capitão.
Dimitri resolveu não falar mais nada. A cena do beijo girava e girava em sua mente fazendo com que um frio esquisito surgisse no seu ventre. Fechou os olhos e forçou-se a adormecer.
...
Rosalie tinha tomado banho e vestido-se com o traje que Joane tinha separado. Agora estava sentada enquanto Sorah ajeitava seus cabelos ruivos.
–Você não parece feliz, princesa.–Tenta uma abordagem sutil.
–E de fato não estou, Sorah. Mas que seja feita a vontade de meu pai, para o bem de Lindúvia.
Sorah calou-se ao ver Joane retornar com a coroa de Rosalie totalmente polida. A sereia lembrou que tinha uma tão bonita quanto essa em seu reino, mas não deixou transparecer tristeza.
–André é um homem de sorte, Rosie. Você é linda e muito educada. Ele jamais encontraria esposa melhor.
–Se for usar essas palavras como consolo não dará certo, Joane. Peço que se mantenha calada, por favor.
Joane deu um passo para trás ao ser respondida com tamanha frieza e rispidez. Ela sempre nutriu um carinho muito especial por Rosalie e suas palavras não tinham más intenções. Ela só queria que a garota enxergasse com bons olhos a situação que enfrentava.
Depositou a coroa em sua cabeça, terminou de ajeitar seus cabelos e pediu que Sorah guiasse a princesa até a sala principal. Joane, magoada, escolheu se recolher para seus aposentos.
–Eu sou muito diferente de Joane, princesa.–Sorah sussurra enquanto caminham pelos corredores.–Não tens que ser amável e nem cordial com um homem que não amas. Você está se casando por conveniência e não por amor. Você não precisa ser a esposa ideal. Você não precisa ser boazinha.
–Alguém que me entenda.–Apertou a mão de Sorah sentindo-se compreendida.–Não vou viver para agradar o príncipe de Rabéns. Eu não preciso ser a esposa ideal. Isso tudo já é enfadonho demais pra mim.
Sorah deixou Rosalie no início da grande escadaria e retirou-se. Atraindo a atenção de todos, ela desce esbanjando beleza e inocência. Arthur se viu enciumado com o olhar que seu genro tinha para sua filha. Ele sentia vontade de o estrangular, mas ai lembrava da quantidade de ouro que chegaria para Lindúvia. A maior oferta dada não poderia ter rejeição. Aceitou André de prontidão como seu genro e já imaginava o quão Lindúvia seria salva com os baús de ouro que chegaria. Ele só não contava que esses baús jamais chegariam em suas mãos.
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Comments
Bruna Vitória
Aaaahhhh continua tá muito bomm !!!!
2021-03-25
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