XV

Era quarta-feira, Dimitri não tinha tirado da cabeça a cena da aula de segunda. Ver o rosto avermelhado da Rosie por estar tão perto de um homem foi a coisa mais engraçada e até fofa que Dimitri tinha visto.

Depois eles concluíram a aula como se não tivesse acontecido nada. Mas Rosie não estava tão concentrada como antes. Prosseguiu tentando ignorar todo calorão que sentia.

Hoje eles iriam ir direito para a valsa vienense. Sem mais teoria ou práticas de confiança. Iriam valsar por todo o horário disponível.

Dimitri tinha decidido que diria a Rosie sobre o possível levante contra a vida de Arthur. Seria uma jogada para ganhar a confiança de vez da garota.

–Professor!–Rosalie se aproxima, sorridente.–Estou empolgada. Acredito que em breve vamos valsar sem que meu desajeito atrapalhe.

–Prefiro que me chame de Lorenzo, Rosalie.–Diz olhando fixo para aqueles olhos esverdeados que encantam qualquer um.–E você nunca foi desajeitada. Depois de hoje você vai achar que nasceu pra isso.

Ela sorriu e assentiu sentindo gratidão pelas palavras. Os dias têm sido difíceis para Rosalie. Ela recebeu mais duas propostas de casamento e isso a abalou muito. Mas como todos os dias de aula com Dimitri, Rosie esquece as tormentas da sua vida.

–Vou deixar você escolher a música hoje. Fique à vontade.

Tímida, ela vai até a parte onde tinha vários discos e escolhe um. Logo a música dá vida ao ambiente. Sem precisar solicitar, ela começa o aquecimento.

Dimitri observa com certo orgulho. Ao colocar a cabeça no travesseiro, ele não tem gostado da ideia de gostar tanto assim dela. Mas não há volta. O plano tem ido bem e nada o faria voltar.

–Vamos lá!–Ele a chama para perto.–Lembre de confiar em mim, seguir tudo que aprendemos e deixar seu corpo falar. Não fique tensa. Não estamos sob avaliação.

...

Exaustos, se jogam no chão do local buscando o fôlego tirado pela dança. E lá estava a vermelhidão presente na face de Rosie. A questão era: seria pelo esforço da dança ou pela timidez?

–Quer algo, Lorenzo? Água, suco, chá...

–Água seria muito bom.

Enquanto ela pedia para Joane buscar, voltou a observar seu professor. Ele estava aparentando preocupado com alguma coisa. Resolveu entrometer-se.

–Está preocupado com alguma coisa.

–Não...

–Não foi uma pergunta, Lorenzo.–Ela sorri e ele também.–Não temos tanta intimidade, mas resolvi perguntar. Desculpe.

–Dançar pra mim é tão íntimo quanto beijar na boca, Rosalie.–Sua colocação faz ela abaixar a cabeça envergonhada.–Temos uma amizade, não se preocupe.

Joane retorna e deixa uma bandeja com água e biscoitos. Olhou de relance para Rosalie advertindo-a com os olhos para não comer o biscoito. A garota rapidamente entendeu. Logo Joane se retirou, pois estava dando suporte na cozinha.

–Rosalie, tem algo que ouvi...

–O que seria? Sobre eu me casar? Porque se for...

–Não, não.–Ele caminha até a janela e apoia suas mãos nela.–Amanhã planejam matar seu pai, o rei de Lindúvia.

A garota, que estava bebendo água, tossiu e precisou de bons segundos para tornar ao normal. Dimitri permaneceu distante, pensando em cada palavra que seria dita.

–Matar o meu pai? Como?–Aproximou-se ofegante.–Não podem. Você ouviu algo mais?

–Amanhã, pela hora de dormir. Ouvi que vão entrar e tentar matar seu pai de maneira hábil e silenciosa.–Afasta-se da janela e observa o teto do local.–Eu não quero que sofra, Rosalie. E imagino que ame muito seu pai. Proteja-o! Estou lhe contando porque me preocupo com Lindúvia e com você.

Aquelas palavras causaram um estranhamento bom em Rosalie. Ela ouviu que alguém fora o seu pai preocupa-se com ela. Era um sentimento bom e confortável. Ela assentiu e percebeu que já estava quase na hora da aula acabar.

–Obrigada, Lorenzo. Eu vou proteger meu pai e usar bem essa informação.

Ouvindo seu coração, Rosie abraçou seu professor. Separaram-se rapidamente, mas o tempo foi suficiente para que cada um ficasse com o cheiro do outro. Dimitri acena com a cabeça e se retira.

Ao estar fora do Palácio, sorriu em contentamento. Esperava que Rosalie fosse esperta o suficiente para usar bem a informação que lhe dara. Ele teria que confiar nela. Era a única coisa a fazer.

...

Joane entra no quarto de Rosalie e percebe que a mesma está aflita. O banho já estava pronto, mas ela nem sequer despiu-se. Fechou a porta e só assim foi notada.

–Você está com algum problema, Rosie?

A mesma limitou-se a negar com um gesto de cabeça. Resolveu banhar-se para tentar concluir o que fazer.

Falou com o pai ontem, onde foi informada que tinha chegado mais duas propostas de casamento e que uma delas provavelmente seria a escolhida.

Enraivecida, Rosalie preferiu evitar quem quer que fosse que a lembrasse sobre casamento. Preferiu focar apenas em coisas do seu real interesse.

Mas agora o cenário mudou. Precisava tomar frente e poupar a vida do seu pai. Depois do banho, arrumou-se e foi ver seu pai.

Abriu a porta lentamente ainda a tempo de ouvir Arthur se despedindo de um dos guardas reais. Rosie esperou o homem passar por ela e só então aproximou-se.

–Pensei que ainda estaria chateada e que provavelmente não me procuraria tão cedo, Rosalie.–Arthur ajeita alguns papéis em cima da mesa.–O que aconteceu?

–Eu tive um sonho muito real. E esse sonho avisava que tentariam te matar hoje à noite, pai.–Ela sente seu lábio inferior tremer só por imaginar.–Por favor, reforce a guarda hoje.

–Vem aqui.

Ele convida a garota para sentar em seu colo e assim Rosie faz. Arthur demorou-se por alguns segundos observando os traços preocupados que roubavam a suavidade do rosto de sua filha. Ele não gostava que nada a aflingisse.

–Você me ama tanto a ponto de ficar tão aflita assim por um sonho?

–Não foi um sonho, foi um aviso. Eu quero que prometa, pelo menos hoje. Reforce a guarda, pai.

–Eu já me despedi do guarda extra que sempre coloco à minha disposição, Rosalie.

–Então chame outro, meu pai. Só não dê sorte ao azar.–A garota estava começando a temer que seu pai não desse crédito às suas palavras.–Por favor, prometo me comportar e aceitar tudo que o senhor e a mamãe diz. Só não fique sem guarda extra hoje.

Arthur se viu gostando da sugestão da inocente Rosalie. Ele assentiu e ganhou um forte abraço em comemoração. O coração da garota batia mais devagar e ela soltou um suspiro tão alto que balançou um pouco dos cabelos do pai. O mesmo sorriu.

–Lembra no dia da caçada, que eu falei a você que te ajudaria a agradar seu marido para que ele seja bondoso com você e com Lindúvia?–A garota assente.–Vamos começar hoje.

Mais populares

Comments

Elizangela Lima

Elizangela Lima

gostinho de qro +

2021-03-20

0

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!