IV

Trajado como um homem comum, porém abastado, Dimitri passeava entre as ruas de Lindúvia tendo ao seu lado Túlio. O mesmo carregava um barril de cerveja e iria vendê-la afim de conseguir algum dinheiro e também informações. Túlio se passaria por servo de Dimitri.

–Me encontre nessa igreja em uma hora com essa cerveja vendida e nossas malas.–Dimitri sussurra para ele.–Vou atrás de uma hospedaria pacata.

Túlio assente e se vai para o meio dos comerciantes. Dimitri começa a andar por entre a multidão de pessoas tentando encontrar o que procura. Depois de uns vinte minutos, em uma rua estreita e com pouca movimentação, ele encontra um local para pousar.

–Qual o preço da diária, senhora?

Questiona para uma mulher que estava atrás do balcão tendo em vista seus 45 anos, decote escandaloso e lábios vermelhos.

–Acabamos de entrar em promoção, bonitão.–Claramente afetada pela beleza e o porte de Dimitri, a mulher sorri em demasia.–A diária caiu para a metade do preço, 2 moedas de ouro. O que acha?

Dimitri olhou para o local e no máximo daria apenas uma moeda de ouro, mas para começar iria ceder a oferta da senhora. O local era afastado e bom para manter-se em anonimato.

–Quero um quarto com duas camas.

–É para uma mulher?

–Não, é para meu servo mesmo.–Responde educadamente.

–Tem um estábulo aqui perto que aceitam servos por uma moeda de prata. Quer que eu lhe leve lá?

–Não, ele é um servo valioso. Diferente dos demais.

A mulher assente e dá um papel para Dimitri assinar o seu nome e o de Túlio. Logo paga adiantado a taxa da primeira diária.

Dimitri pega a chave e vai até seu quarto. Não tinha nada de muito novo, mas era o que dava. Depois de um tempo saiu ao encontro do seu amigo. Túlio já o esperava.

Os dois caminharam até a pousada sem trocar uma palavra. Não era muito comum ver servos e patrões conversando intimamente em público. Como não queriam chamar atenção, permaneceram calados.

Dimitri apresentou seu servo para dona Julieta e a mesma também mostrou-se desejosa pelo moreno forte. Túlio e Dimitri seguiram para seus quartos.

–A coroa é até bonita.–Túlio debocha.

–Se quiser, pode ir. Agora faça de um jeito que ela diminua o valor da diária para uma moeda de ouro. Utilize seu corpo ao nosso favor.

Os dois riem e depois organizam suas coisas. O quarto tem uma janela que dá pra ver o castelo de Lindúvia. Só que bem distante e mais no alto. Dimitri se viu observando com cautela.

–Temos uma semana para nos enturmar e saber um pouco mais sobre a família real.–Disse pro amigo que tirava a bota despreocupadamente.–Não se esqueça que temos que ir receber os próximos dois homens que virão. Precisamos direcioná-los para pontos estratégicos da cidade.

–Já vi que terei que ser o caso fixo da Julieta pra dar conta da nossa estadia.

Mais uma vez caíram na risada. Depois juntaram-se para contar as moedas da venda do barril de cerveja. Túlio passou a perna em quatro homens usando apenas um barril. Coisa típica de pirata.

...

Era uma linda manhã de terça-feira, Rosalie se arrumava com a ajuda de Joane, que não estava com uma cara muito boa.

–Dormiu em cima de uma formigueiro, Joane?

–Antes fosse!–Exclamou apertando o espartilho da jovem fazendo-a arfar.–A rainha quase me bate dizendo que as suas aulas não estão surtindo efeito. Ela falou que você ainda mostra má educação.

–Qualquer pessoa mostraria se soubesse que vai casar em troca de dinheiro e apoio político. Ela que aguente meu mau humor!

Joane, após ouvir o desabafo de Rosie, arregalou os olhos em direção a ela. Só então a princesa percebeu que falou demais e bateu na testa após constatar que tem a língua muito solta.

–Você vai casar, Rosalie? Mas...

–Joane, logo você saberá. Eu não quero entrar em detalhes sobre isso hoje, por favor.

A serva entendeu e seguiu com a garota para a mesa de café da manhã. Hoje, após comer, Rosalie teria aula de canto. Uma das coisas que a garota mais ama.

–A professora Dalila chegou, Rosie.–A empregada anuncia.

–Guie ela para a sala de música.–Joane pede e agradece.–Vamos, mocinha. Sua aula predileta irá começar.

Rosalie termina de comer sua torrada de ervas amargas, bebe a água de côco apressadamente e praticamente voa em direção a sala de música. Cumprimentou a professora Dalila e deu início a sua aula. Ali, Rosie esqueceria que era princesa e que iria casar com um completo desconhecido. Ela seria livre. Mesmo que por poucas horas.

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