Uma xícara pequena de café foi depositada nas mãos de Rosalie. Segunda-feira nunca fora seu dia favorito e ela custava muito mais para despertar. Mesmo de olhos abertos, sentia que ainda estava em sua cama.
Estava de frente para o enorme piano que fica na sala de música. Joane deixou-a sozinha por alguns minutos ao perceber que ela estava absorta em seus pensamentos. Rosalie ainda remoía a conversa que tinha tido com sua mãe. Ainda doía e mesmo após a conversa não conseguia chegar em nenhuma conclusão. Não entendeu o motivo de não ser amada pela mãe.
–Rosie, a professora de história chegou. Vamos para a biblioteca.
Joane acompanhou Rosalie até a biblioteca e a deixou aos cuidados da professora Kátia. Rosie não era desatenta às aulas, mas ultimamente estava ficando difícil. Logo se casaria e boa parte do que estudara não seria colocado em prática.
...
Caminhando em direção ao Palácio, Dimitri sentia-se ansioso pela aula. Não sabia definir se era pela ansiedade de estar dentro do covil do inimigo ou para ver Rosalie. Ele estava decidido a englobar a garota no seu plano. Mas algo lá no fundo gritava que isso iria dar em uma grande bosta.
Passou pelos guardas e foi levado até a sala de dança. Lembrou que teria que contar sobre o plano de matarem Arthur, mas não sabia como.
Rosalie aguardava seu professor de forma mais alegre. Estranhamente o desânimo de mais cedo sumira ao chegar a hora da aula de dança. Ela realmente estava gostando.
Tinha lavado seus cabelos e deixado-os soltos ao vento. Vestia algo mais leve, mas sempre mantendo a compostura. Joane a mataria se Rosie se vestisse como tanto implorava.
Dimitri observa a garota sentada e com as faces levemente rosadas. Queria dizer o quanto ela estava linda, mas guardou o elogio para um momento oportuno.
–Olá, Rosalie. Boa tarde.–Cumprimentou-a com um sorriso educado.–Como está sentindo-se hoje?
Joane observava um pouco afastada, mas já sentindo total confiança em deixá-los à sós. Apenas queria saber o tema da aula de hoje para logo depois ausentar-se.
–Hm... Estou bem, professor Lorenzo.–Encara os olhos chamativos do homem e logo desvia de vergonha.–Por que a pergunta?
–O nosso estado altera a forma com que dançamos, Rosie. Se a valsa vienense fosse uma pessoa, como você julgaria seu temperamento?
Joane, ainda à espreita, julgou muito sábia as colocações do homem. Como precisava resolver questões pessoais, ausentou-se antes de ouvir a resposta da garota.
–Diria que ela é pacífica, calma, leve, suave, tranquila... São tantos. Mas entendi perfeitamente o quis dizer, professor.
–Sei que é cedo, mas sua tarefa para a proxima aula será me trazer três tipos de dança para três momentos seus. Olhe para seu dia a dia, escolha três momentos e associe com alguma dança. Depois discutiremos sobre isso. Tudo bem?
A garota assente enquanto anota. Dimitri ajeita o aparelho de música e logo uma valsa começa a tocar. Rosalie sorri sentindo-se reconfortada por aquele som.
–Vamos soltar esse corpo? Alongar para relaxar. Venha!!!
...
Tânia entra na sala de Arthur e fecha a porta com chave. O homem já sabia que viria conversa pesada e bufou em cansaço.
–Já resolveu aceitar a proposta do garoto da família Vandevil? Rosalie precisa casar e nós precisamos de ouro, Arthur. Em algumas semanas começa nosso festival do amor. Como quer bancar essa festa?
–Essa é só a primeira proposta, Tânia. Estamos aguardando mais três que chegarão. Deixa de ser afobada e só invada minha sala desse jeito quando me trouxer soluções e não problemas.
–Não demore demais. Ouço rumores...–Ela ganha a atenção do marido.–Querem a queda da monarquia. Você sabe o que isso significa, Arthur. Precisamos agir rápido.
–Só mais uns dias... Pelo amor de Deus... Precisamos ver a melhor oferta. Apressar-se é sinal de desespero. Não podemos aceitar a primeira proposta de cara assim. Pense, Tânia! Seja estrategista também, oras!
–Só sou estrategista quando tenho tempo para isso. Do contrário eu sou realista.–Ela caminha até a porta e a destrava.–Pense bem, meu querido rei.
E vai embora. Arthur ficou olhando para a porta fechada por um bom tempo. O festival anual no centro de Lindúvia será em algumas semanas e isso requer dinheiro disponível para as atrações e barracas. Arthur tinha que decidir o mais rapidamente o destino de Rosalie, mas acreditava que precisava esperar mais um pouco. Não pelas opções que surgiriam, mas para que desse tempo dele ir além com Rosalie. Ele precisava de muitas coisas e ele as teria.
...
Suada, Rosie dá uma pausa para beber água. Seu rosto branco está rosado e com poucas gotas de suor. Seus cabelos, agora presos, têm fios rebeldes caindo pelo seu rosto. Ela, mesmo bagunçada, é linda demais.
Estavam nos primeiros passos da dança onde eles estavam no processo de reconhecimento do que estavam fazendo.
–É preciso que haja confiança entre nós. Lembra que falei isso?–Ela assente.–Vamos colocar em prática.
Dimitri sugeriu uma pequena brincadeira para quebrar o clima. Rosalie teria que fechar os olhos e se deixar ser guiada pela voz dele até ela o encontrar. A garota aceitou achando curioso a dinâmica.
–Está pronta?
–Sim, pode começar.
Dimitri andou todo o local falando palavras aleatórias. Depois fixou-se perto da parede e chamou pelo nome de Rosalie três vezes.
Enquanto a garota sorria ao ser desafiada a encontrá-lo, Dimitri olhava seu corpo movendo-se calmamente. Ela temia esbarrar em alguma coisa, mas mesmo assim estava prosseguindo.
–Mais uma vez, professor.
–Rosalie...
Ele chamou-a mais uma vez e ela virou-se para onde ele estava. O coração do pirata bateu mais forte ao vê-la caminhando em sua direção. Ela estava com as mãos estendidas, querendo encontrar quaisquer barreira, e os passos vacilantes. Posição normal para quem estava de olhos fechados.
–Tenho certeza que estou próxima, professor.
E estava mesmo. Antes das mãos de Rosalie alcançar os ombros de Dimitri, ela tropeça na madeira do piso e se lança para frente. O homem a segura forte pela cintura aproximando seu corpo ao dele.
Rosalie abre os olhos e se depara com a visão do rosto do seu professor tão perto que chegava a hipnotizá-la. A boca rosada e semiaberta de Rosalie era um convite e tanto para os lábios de Dimitri.
Mas ouvindo a voz da razão, ele a apoiou novamente em pé e soltou-a. Rosalie estava mais vermelha do que se tivesse tomado sol de meio-dia. Virou-se de costas para não demonstrar todo seu estado pavoroso. Dimitri riu.
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Comments
Jaci Silva
🤩🏵️💮🌷
2022-12-12
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