capítulo 15: A briga

Erick passou o resto da manhã na boca, ainda sentindo a adrenalina correndo em suas veias depois da confusão com Sabrina, ele estava irritado, não só com ela, mas com ele mesmo, ele tinha quase perdido o controle com Maya na noite anterior e só de pensar nisso, sentia o peito apertar.

Ele sabia que Maya e Sara passariam o dia no hospital por causa do estágio, o que significava que ele tinha tempo para tentar colocar sua cabeça no lugar, mas era mais fácil falar do que fazer.

— GB! — Erick chamou, a voz firme.

Gabriel apareceu quase que instantaneamente, com aquele sorriso irônico de sempre.

— Fala, chefe.

— Preciso que você arrume alguém para dar um jeito no meu quarto — Erick disse, o tom impaciente. — Está uma zona.

GB arqueou uma sobrancelha.

— Uma zona? — Ele riu. — O que você fez lá dentro?

Erick lançou um olhar mortal para ele, que imediatamente parou de rir.

— Certo, sem perguntas — GB levantou as mãos em rendição. — Mas… vai demorar um pouco.

— Quanto tempo? — Erick perguntou, já irritado.

— Cinco dias.

— Cinco dias?! — Erick rosnou, passando a mão pelos cabelos. — Você tá de sacanagem comigo, GB.

— Ei, não é culpa minha — GB deu de ombros. — A pessoa que eu confio para fazer isso direito só tem disponibilidade daqui a dois dias, e ela precisa de mais três para terminar o serviço.

Erick cerrou os dentes, ele não poderia dormir na sala ou em outro quarto porque Sara, esperta como era, tinha trancado todos os outros cômodos, o único lugar que sobrava era o quarto de Maya.

E isso era um problema.

Ele se imaginou deitado ao lado de Maya por cinco noites seguidas, sentindo o cheiro doce dela, o calor do corpo dela… Não, ele não conseguiria.

— GB, dá um jeito de acelerar isso — Erick disse com a mandíbula travada.

— Não tem como, chefe — GB respondeu, já rindo. — Parece que você vai ter que aguentar uns dias na cama da Maya, correndo de mulher coringa.

— Vai se foder, GB.

GB gargalhou.

— Você sabe que isso não vai ser um problema, né? A garota tá na sua, Erick, você só precisa parar de se fazer de difícil.

— Sai daqui antes que eu te quebre a cara — Erick rosnou, ele não iria contar a GB que Maya era virgem mesmo eles sendo amigos isso era muito pessoal dela.

GB saiu ainda rindo, e Erick ficou parado, com as mãos nos bolsos e o olhar perdido, ele sabia que GB tinha razão, ele sentia isso toda vez que olhava para Maya a forma como ela sorria, como o corpo dela reagia ao toque dele, como os olhos dela brilhavam quando ele falava com ela.

Mas ele tinha medo porque se ele se entregasse, não teria volta e Maya era preciosa demais para ele estragar tudo.

Ele pegou o celular e abriu o whatsapp em uma conversa com Maya.

Erick: Oi linda, como tá indo o estágio?

Ela demorou um pouco para responder, provavelmente ocupada, mas depois a mensagem apareceu:

Maya: oi, Bem cansativo, mas tô gostando, e você, tá tudo bem por aí?

Ele sorriu de leve.

Erick: Tá tudo sob controle.

Maya: Tem certeza?

Erick respirou fundo.

Erick: Quase, uns problemas, mas nada que eu não resolva.

Ele guardou o celular no bolso, já sentindo o coração acelerado, ele teria que dormir no quarto dela naquela noite e ele não tinha certeza se conseguiria resistir a Maya por cinco dias seguidos.

O dia passou rápido para Maya e Sara no hospital, apesar de estarem cansadas, as duas estavam animadas com o primeiro dia de estágio, elas saíram do hospital sorrindo, ainda comentando sobre os pacientes e os desafios que enfrentaram.

— Tem certeza de que o motorista não pode vir nos buscar? — Maya perguntou, ajeitando a bolsa no ombro.

— Sim, ele está em uma missão com o lebre e o VW — Sara respondeu, já chamando um Uber. — Não se preocupa, a gente chega rápido.

O carro as deixou na entrada do morro, e as duas seguiram a pé, a noite já tinha caído, e o clima estava fresco, elas andavam lado a lado, conversando, quando passaram por uma praça onde algumas garotas estavam reunidas.

— Ei, olha só quem tá aqui! A nova marmita do coringa.— uma delas gritou, com um tom debochado.

Maya e Sara pararam, Maya olhou para as garotas, que tinham um sorriso malicioso no rosto.

— Melhor a gente seguir caminho, não quero confusão não hoje.— Maya murmurou para Sara.

— É isso aí — Sara disse em voz alta. — Porque se o Coringa ficar sabendo que vocês tão mexendo com ela, vocês vão se arrepender.— ela gritou essa parte para as garotas ouvirem.

Uma das garotas riu.

— Ah, é? E o que ele vai fazer?

— Eu não arriscaria descobrir, vai que você perde esse seu cabelinho oleoso né .— Sara rebateu, firme.

Foi então que uma figura saiu das sombras, Sabrina.

— Então é a patricinha que pensa que vai levar o coringa de mim. — Sabrina disse, o olhar cheio de ódio enquanto encarava Maya.

— Não quero confusão, vá se resolver com ele não comigo. — Maya respondeu, a voz firme.

— Não quer confusão? — Sabrina se aproximou, o rosto distorcido pelo desprezo. — Você acha que pode tomar o lugar ao lado dele? Acha que ele vai te levar a sério? Você é só uma distração pra ele! Quando você não soube fazer como eu ele vem me procurar de novo.

Antes que Maya pudesse reagir, Sabrina ergueu a mão e deu um tapa forte em seu rosto.

O som ecoou no silêncio da praça, Sara deu um passo à frente, pronta para reagir, mas foi Maya quem agiu primeiro.

Ela levou a mão ao rosto, sentindo o ardor da pancada, e então ergueu os olhos para Sabrina, sem aviso, Maya avançou.

Ela segurou Sabrina pelos cabelos e a jogou no chão com força, Sabrina gritou, mas Maya não parou, ela se abaixou e deu um soco direto no rosto dela, fazendo a cabeça de Sabrina bater contra o chão.

— Sua vadia! — Sabrina tentou revidar, mas Maya segurou seus braços e a imobilizou com uma facilidade que surpreendeu até ela mesma.

— Nunca mais encoste em mim — Maya disse entre dentes, os olhos brilhando de fúria. — E se você tentar, não vai sair viva da próxima vez porque eu mesma acabo com você, jamais me compare a você novamente.

Sabrina tentou se soltar, mas Maya deu mais um soco em seu rosto, e a garota gemeu de dor.

Foi nesse momento que Erick chegou.

Ele estava com GB e Th ao lado, os três pararam ao ver a cena, Sabrina estava no chão, o rosto machucado e sangrando, enquanto Maya estava de pé, respirando pesado, o cabelo um pouco bagunçado e o rosto ainda marcado pelo tapa.

Erick saiu do transe e caminhou até ela, segurando seu rosto com cuidado.

— Você tá bem? Ela te machucou? Vem deixa eu ver você.— ele perguntou, a voz carregada de preocupação.

Maya respirou fundo, o peito subindo e descendo.

— Eu estou bem — ela respondeu, se acalmando aos poucos.

Ele roçou os dedos na pele avermelhada dela, o olhar se estreitando ao ver a marca deixada por Sabrina.

— Eu vou matar essa desgraçada — Erick rosnou, se virando para Sabrina, que estava gemendo no chão.

Maya segurou o pulso dele.

— Não precisa — ela disse, a voz firme. — Ela já aprendeu a lição.

Erick olhou para Sabrina, que estava encolhida, o rosto inchado e sangrando, GB e Th ficaram parados, sem acreditar no que tinham acabado de ver.

— Maya, você... — GB começou a falar, mas não terminou a frase.

— Eu não sou tão indefesa quanto vocês pensam — Maya disse, o tom calmo, mas carregado de determinação.

Sara ainda estava em choque, ela olhou para Maya, com os olhos arregalados.

— Como você… desde quando você sabe lutar desse jeito?

Maya deu um sorriso de lado.

— Eu aprendi algumas coisas enquanto morava com meu pai.

Erick olhou para ela, o orgulho crescendo em seu peito, mas também um medo profundo, Maya era forte, isso ele sabia, mas agora ele via que ela era mais do que forte, ela era perigosa, e ele sabia que se alguém a machucasse de verdade, ele não conseguiria se controlar.

— Levem essa desgraçada daqui — Erick disse, o tom frio.

GB e Th arrastaram Sabrina para longe, enquanto ela gemia e xingava baixinho.

Erick puxou Maya pelo pulso, a segurando firme contra ele.

— Você me assustou — ele murmurou, roçando os lábios no cabelo dela.

— Eu precisava me defender, não gosto de brigar mais, foi necessário. — Maya respondeu, sem se afastar dele.

Ele beijou o topo da cabeça dela, respirando fundo para se acalmar.

— Vamos pra casa, minha lutadora, — ele disse, a voz mais baixa. — Eu preciso de você perto de mim hoje e colocar um pouco de gelo no rosto.

Ela sorriu de leve, e juntos, eles seguiram em direção à casa, deixando para trás o rastro de destruição que Maya tinha acabado de causar.

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