Maya estava encolhida na cama, o rosto enterrado nos joelhos enquanto as lágrimas escorriam sem controle, o coração dela estava apertado, o peito dolorido com o peso da rejeição, ela sentia como se todo o calor que Erick tinha despertado nela tivesse sido arrancado de uma só vez.
Ela puxou o que restou do vestido rasgado e o jogou com raiva para o chão seu corpo tremia, o coração batendo rápido demais, ela fechou os olhos, tentando controlar o choro sem sucesso.
De repente, ouviu batidas na porta.
— Maya?
A voz de Sara veio preocupada do outro lado da porta, Maya não respondeu, a porta se abriu, e Sara entrou, os olhos imediatamente se arregalando ao ver o vestido rasgado no chão e Maya encolhida na cama, com os olhos inchados de tanto chorar.
— Meu Deus, o que aconteceu? — Sara correu até ela, sentando-se na beira da cama. — Maya, ele te machucou?!
Maya levantou os olhos marejados para a amiga, negando com a cabeça.
— Não… não foi isso — ela sussurrou, a voz falhando.
— Então o que foi? Eu ouvi ele quebrando tudo no quarto dele! — Sara insistiu, colocando a mão no ombro da amiga.
Maya respirou fundo, sentindo o rosto queimar de vergonha.
— Eu… — Ela limpou os olhos. — Ele me levou para o quarto, começou a me beijar… eu pedi para ele parar.
Sara ficou séria.
— E ele parou?
— Sim, ele parou. — Maya passou a mão pelos cabelos, o peito subindo e descendo. — Eu disse que… eu era virgem.
Sara arregalou os olhos, surpresa.
— O quê?!
Maya assentiu.
— E ele simplesmente… desistiu e disse que não podia fazer isso comigo, que eu merecia algo melhor que ele não era o cara certo pra mim… depois me mandou sair do quarto. — A voz de Maya falhou, as lágrimas voltando.
Sara ficou em silêncio por um momento, processando o que tinha acabado de ouvir, então, um sorriso pequeno apareceu em seu rosto.
— Isso é ótimo.
Maya franziu o cenho, confusa.
— Como assim, ótimo?! Ele me rejeitou, Sara!
— Justamente por isso. — Sara sorriu mais. — Erick nunca se importa com ninguém, ele já esteve com várias mulheres, Maya, mas nunca parou por se importar com os sentimentos de alguém, ele nunca parou porque achou que alguém merecia algo melhor.
Maya piscou, sem entender.
— O que você quer dizer com isso?
Sara pegou a mão dela, os olhos brilhando de certeza.
— Eu quero dizer que meu irmão está se apaixonando por você, Maya.
— Isso é impossível… — Maya balançou a cabeça, o coração acelerando.
— É a única explicação se ele não se importasse com você, ele teria te tomado sem pensar duas vezes, o fato de ele ter parado significa que você não é só mais uma pra ele.
Maya sentiu o coração bater ainda mais rápido, uma parte dela queria acreditar nisso, mas a outra parte ainda sentia o peso da rejeição.
— Então por que ele me mandou embora?
— Porque ele tem medo. — Sara sorriu. — Erick acha que não merece você, e, sinceramente? Ele realmente não merece, mas o que importa é o que ele sente, e ele está completamente ferrado por você.
Maya passou a mão pelo rosto, sentindo o coração bater com mais força.
— E o que eu faço agora?
Sara deu de ombros, o sorriso malicioso voltando aos lábios.
— Agora você faz ele perceber que ele não tem escolha, ele já está caindo… só precisa de um empurrãozinho.
Maya respirou fundo, uma parte dela ainda insegura mas outra parte, a que já sentia algo profundo por Erick, começou a se encher de esperança.
Enquanto isso....
Erick estava sentado no chão, os cotovelos apoiados nos joelhos, o rosto enterrado nas mãos, o quarto ao seu redor estava completamente destruído vidro estilhaçado no chão, móveis quebrados, a cabeceira da cama rachada pelo impacto do soco que ele deu o peito dele subia e descia rapidamente, enquanto o ar escapava dos pulmões de forma descompassada.
Ele passou as mãos pelos cabelos, os olhos fechados com força, o gosto de Maya ainda estava em sua boca, o calor do corpo dela ainda queimava na pele dele e isso o estava destruindo.
Ele quase a tinha tomado, quase fez dela sua.
Quase fez com Maya o que fazia com qualquer put@ do morro, só que com ela teria sido diferente Maya não era como Sabrina ou qualquer outra garota que ele já tinha levado para a cama, ela era pura, inocente, ela confiava nele.
E ele sabia que não merecia isso.
Maya merecia um cara decente, um cara que não fosse quebrado por dentro, não alguém como ele, que cresceu rodeado de violência, sangue e dor, que teve que aprender desde cedo a não sentir nada, a ser forte e impiedoso para sobreviver.
Ele sabia o que aconteceria se Maya entrasse na vida dele de verdade, ela sofreria, e ele não queria isso para ela.
— Porra… — ele murmurou, socando o chão.
O nó na garganta cresceu, o peito apertou, ele sentiu o peso do mundo sobre as costas, como se tudo estivesse desmoronando, Maya tinha entrado na vida dele de forma inesperada, arrancando o coração dele da caixa onde ele o mantinha trancado há anos.
E agora ele não sabia como colocar de volta.
Os ombros dele começaram a tremer, e então as lágrimas vieram, ele tentou contê-las, mas falhou, o corpo dele desabou, e ele chorou silenciosamente, com os dentes cerrados e o coração em pedaços.
De repente, ele ouviu batidas na porta.
Ele se enrijeceu imediatamente, passando as mãos pelo rosto para apagar os vestígios das lágrimas.
— Vai embora — ele rosnou, a voz rouca.
A porta se abriu de qualquer forma, e Sara entrou sem hesitar, ela parou ao ver o estado do quarto, os olhos arregalando, mas o que mais chamou sua atenção foi o irmão sentado no chão, com o olhar perdido e vulnerável como ela nunca tinha visto antes.
— Erick… — Sara disse suavemente, fechando a porta atrás de si.
— Eu falei pra sair — ele retrucou, a voz carregada de cansaço e dor. — Vai ver como Maya está.
— Ela está bem — Sara respondeu, aproximando-se. — Ela ficou abalada, mas está bem.
Ele soltou um suspiro trêmulo, fechando os olhos por um segundo.
— Então você não precisa estar aqui — ele murmurou.
Sara se abaixou ao lado dele, com os olhos cheios de compreensão.
— Eu preciso sim — ela disse, com firmeza. — Porque você está uma bagunça.
Ele não respondeu.
— Eu sei que você sente algo por ela — Sara continuou, a voz suave. — E sei que isso está te assustando pra caralho.
Ele virou o rosto, os olhos escuros e endurecidos.
— Eu não posso ficar com ela, Sara, eu não vou fazer isso com ela.
— Por quê? Porque você acha que não merece ser feliz?
Ele riu sem humor, passando a mão pelos cabelos.
— Porque eu sei que não mereço, Maya é boa demais para isso… para mim ela tem um futuro, um futuro que não tem nada a ver com o que eu faço… com quem eu sou.
Sara balançou a cabeça, sorrindo de lado.
— É engraçado… você passou a vida inteira acreditando que não tinha coração, mas agora que Maya apareceu, você percebeu que tem e isso tá te assustando.
Ele olhou para ela, com os olhos carregados de dor e raiva.
— Eu vou machucá-la, Sara, eu sei que vou.
Sara se aproximou mais e colocou a mão sobre o ombro dele.
— Não, Erick, você só vai machucar Maya se continuar fugindo dela.
Ele ficou em silêncio, o peso das palavras da irmã pairando sobre ele como um soco direto no estômago.
— Eu não sei como… — ele sussurrou.
Sara o puxou para um abraço apertado, sentindo os ombros tensos do irmão finalmente relaxarem um pouco.
— Então é melhor você começar a aprender — ela murmurou contra o peito dele. — Porque aquela garota já está dentro de você… e você sabe que não tem mais volta.
Ele fechou os olhos, respirando fundo, ele sabia que Sara tinha razão, ele só não sabia se conseguiria proteger Maya dele mesmo.
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Atualizado até capítulo 53
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