Erick se afastou de Sara, os olhos ainda pesados com tudo que tinha acontecido, ela sorriu suavemente, apertando os ombros dele.
— Vai ficar tudo bem — ela disse, convicta.
Ele riu sem humor.
— Eu não tenho tanta certeza.
— Então confia em mim. — Ela olhou para ele com seriedade. — Vai lá e fala com Maya e resolve logo isso.
Ele passou as mãos pelos cabelos, hesitante.
— Eu não sei se ela vai querer me ouvir depois do que aconteceu…
— Erick… — Sara estreitou os olhos. — Sai desse quarto e fala com ela, agora você só vai saber se for lá.
— Eu…
Antes que ele pudesse terminar, ela o puxou com força, praticamente o empurrando em direção à porta, Erick olhou para ela, surpreso com a força da irmã.
— Anda logo — ela disse, sorrindo de lado.
Ele respirou fundo e saiu do quarto, ainda sem saber o que dizer para Maya, quando ele já estava no corredor, ouviu o clique da fechadura atrás dele, ele se virou imediatamente.
— Sara…?
Ela sorriu, segurando a chave nas mãos.
— Só pra garantir que você não fuja de novo — ela disse, balançando as chaves no ar. — E não se preocupe… tranquei os outros quartos também.
— Sara… — Ele olhou para ela, incrédulo.
— Boa sorte, irmãozinho. — Ela deu uma piscadela antes de se afastar pelo corredor.
Erick respirou fundo, esfregando o rosto com as mãos, ele estava preso a única opção era o quarto de Maya.
Droga.
Ele caminhou até o quarto de Maya e bateu suavemente na porta, nenhuma resposta.
Ele bateu de novo, um pouco mais forte, nada.
Sem pensar muito, girou a maçaneta e abriu a porta a luz baixa permitia que ele visse Maya encolhida na cama, as costas viradas para ele, ela estava abraçada a um travesseiro, e lágrimas solitárias ainda escorriam pelo rosto delicado dela.
Erick fechou a porta atrás de si e se aproximou com cautela, ele se sentou na beira da cama, o coração apertando ao ver o estado dela.
— Maya… — ele chamou, a voz baixa e rouca.
Ela não respondeu, apenas virou o rosto, evitando o olhar dele.
Erick estendeu a mão e deslizou os dedos suavemente pelo rosto dela, secando as lágrimas com o polegar.
— Você não merece chorar — ele disse, com sinceridade. — E, principalmente, não merece chorar por mim.
Maya respirou fundo, a voz trêmula.
— O que você quer, Erick?
Ele passou a mão pelos cabelos, lutando para organizar os próprios pensamentos.
— Eu preciso conversar com você, sério.
Ela se virou na cama para encará-lo, com os olhos ainda marejados.
— Então fala.
Ele desviou o olhar, desconfortável.
— Mas… você… — Ele apontou para ela, notando que ela ainda estava apenas de peças íntimas.
Maya percebeu e corou, puxando rapidamente o lençol para cobrir o corpo.
— Se vira — ela pediu, a voz baixa.
Ele hesitou por um momento, mas acabou obedecendo, girando o corpo de costas para ela, Maya levantou rapidamente, pegou um robe de seda e foi para o closet e se vestiu quando voltou, sentou-se na cama, com o olhar fixo nele.
— Pronto. — Ela cruzou os braços. — Agora fala.
Erick se virou devagar, com os olhos escuros e intensos, ele respirou fundo, preparando-se para o que precisava dizer.
— Eu não sou bom para você, Maya — ele começou, a voz carregada de peso. — Eu cresci cercado de violência, traição, dor… Isso me moldou e eu aprendi desde cedo a não sentir nada, porque sentir significava fraqueza.
Maya o observava em silêncio, os olhos atentos.
— Eu sempre pensei que essa era a melhor forma de viver, sem vínculos, sem sentimentos, era mais fácil assim. — Ele abaixou a cabeça, os cotovelos apoiados nos joelhos. — E então você apareceu.
Ela ficou imóvel, o coração disparado.
— Eu não sei o que você fez comigo, Maya… mas você me bagunçou completamente, eu não consigo te tirar da minha cabeça e isso… — Ele riu sem humor, passando a mão pelo rosto. — Isso me assusta pra caralho.
— Por quê? — ela perguntou baixinho.
Ele levantou o olhar, o rosto carregado de dor e confusão.
— Porque eu sei que vou te machucar, eu sempre estrago as coisas é o que eu faço.
Ela se aproximou um pouco mais, com o rosto sério.
— Erick… você não me machucou.
— Eu quase fiz isso hoje — ele respondeu, com a voz dura. — Quando você me pediu pra parar… eu quase não consegui, eu queria tanto você que eu quase fui longe demais.
Maya se inclinou para frente, os olhos encontrando os dele com firmeza.
— Mas você parou, você me ouviu, isso já diz muita coisa.
Ele soltou um suspiro pesado, o peito apertando.
— Eu quero você, Maya. — A confissão saiu de seus lábios sem esforço, mas carregada de emoção. — Mas eu não sei se posso te dar o que você merece.
Ela tocou o rosto dele com suavidade, os dedos delicados deslizando sobre sua mandíbula tensa.
— Só existe uma maneira de descobrir.
Ele engoliu em seco, o olhar preso ao dela.
— Eu não quero te perder. — A voz dele saiu rouca e sincera.
— Então para de fugir de mim — ela disse, a voz firme. — E para de fugir do que você sente.
Ele ficou em silêncio por um longo tempo, apenas encarando os olhos profundos dela, então, finalmente, ele deslizou a mão até a nuca de Maya, puxando-a suavemente para perto.
— Eu não sei se consigo, Maya…
Ela sorriu de leve, os olhos brilhando.
— Eu te ajudo.
E foi ela quem quebrou o espaço entre os dois, pressionando os lábios contra os dele com delicadeza, Erick retribuiu o beijo, inicialmente com cuidado, mas o desejo cresceu rápido demais para ser contido.
Ele puxou Maya para o colo, as mãos deslizando pela cintura dela, aprofundando o beijo com um gemido rouco, Maya enlaçou o pescoço dele, o coração disparado.
Quando se separaram, ofegantes, ele encostou a testa na dela, com os olhos fechados.
— Eu não quero te machucar — ele sussurrou novamente.
— Então não machuca — ela respondeu, com um sorriso suave.
Erick a puxou para mais perto, selando a promessa com outro beijo profundo.
Dessa vez, ele sabia que não poderia mais fugir.
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Atualizado até capítulo 53
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