Maya saiu da faculdade em silêncio, com os braços cruzados sobre o peito, Sara, que estava ao seu lado, percebeu na hora que tinha algo errado.
Um carro preto já as esperava na calçada, o motorista saindo rapidamente para abrir a porta para elas, Maya entrou sem dizer nada, e Sara entrou logo atrás, sentando-se ao lado dela.
— E aí, o que foi agora? — Sara perguntou, virando-se para Maya.
Maya suspirou, encostando a cabeça no vidro da janela.
— Meu pai não ligou nem uma vez para saber como eu estou.
Sara revirou os olhos.
— E você ainda esperava que ele fosse?
— Não sei… — Maya respondeu, mordendo o lábio. — Talvez, no fundo, eu tivesse uma esperança.
Sara colocou a mão sobre a mão de Maya.
— Esquece isso por enquanto, tá? Agora você tá comigo, e vamos pra casa comer aquela lasanha maravilhosa que você faz.
Maya sorriu levemente, mas o aperto em seu peito continuava ali.
Quando chegaram ao morro, foram direto para casa, Maya e Sara foram para a cozinha preparar o almoço, e em pouco tempo a casa já estava cheia do cheiro de comida quente, Maya mexia no molho enquanto Sara arrumava a mesa.
— Vai ficar ótimo — Sara disse, provando o molho com um sorriso.
Maya deu de ombros.
— Espero que sim.
Quando terminaram, foram para a sala se jogar no sofá Maya sentou-se com as pernas cruzadas, e Sara deitou de lado, com o rosto apoiado em uma almofada.
Logo a porta da frente se abriu, e Erick entrou com dois caras atrás dele, um deles, mais alto e forte, de cabelo raspado, usava uma corrente grossa no pescoço era GB, o sub do morro, o outro, com um sorriso debochado e uma tatuagem de uma serpente no pescoço, era TH, o atirador.
— E aí, Sara — GB disse, com um sorriso. — Sentiu saudade da gente?
— Sonha, GB — Sara revirou os olhos, levantando-se. — Vieram pra almoçar?
— Claro — Erick respondeu, a voz firme e controlada como sempre, ele olhou para Maya, que estava sentada em silêncio no sofá.
— Então é melhor você fazer seu prato logo, Maya — Sara falou, rindo. — Esses aí são gulosos, vão acabar com tudo.
Maya levantou-se devagar, balançando a cabeça.
— Não tô com fome, podem ficar à vontade.— disse, antes de subir as escadas em direção ao quarto.
Erick acompanhou o movimento dela com os olhos, o maxilar travado, ele percebeu o tom triste na voz dela.
— O que aconteceu com ela? — Erick perguntou a Sara, sem desviar o olhar da escada.
Sara deu de ombros.
— O pai dela nem ligou para saber dela, só mandou o motorista na faculdade com um cartão de crédito.
Os olhos de Erick se estreitaram.
— Só isso?
— Uhum, esse é o jeito dele de se importar, ou para falar que ele está bem sem ela. — Sara disse com um toque de desprezo na voz.
Erick ficou calado por um momento, depois olhou para GB e TH.
— Comam sem mim, preciso resolver uma coisa.
— Vai resolver o quê? — GB perguntou.
— Nada que te interesse — Erick respondeu seco, já subindo as escadas.
Parou em frente à porta do quarto de Maya e bateu duas vezes.
— Maya — ele chamou, a voz baixa e firme.
Do outro lado da porta, Maya hesitou antes de abrir, ela apareceu com o rosto abatido, o cabelo levemente bagunçado.
— O que foi? — ela perguntou, sem esconder o tom cansado na voz.
— Posso entrar? — ele perguntou.
Ela deu um passo para o lado, deixando espaço para ele entrar, Erick entrou, os olhos percorrendo o quarto simples, mas arrumado, ele ficou em pé no meio do quarto, com as mãos nos bolsos da calça jeans.
— Sara me disse que seu pai não ligou pra você — ele começou, direto.
Maya cruzou os braços, o rosto se fechando.
— E daí? Isso não é novidade, ele agora tem a Suzi.
Erick ficou em silêncio por um momento, depois se aproximou devagar, parando bem na frente dela.
— Ele mandou um cartão de crédito, certo? — ele perguntou, o tom de voz sem emoção.
— Sim. — Maya suspirou. — É assim que ele mostra que se importa.
Erick inclinou ligeiramente a cabeça.
— E você aceitou?
Maya franziu o cenho.
— O que você quer dizer com isso?
— Se você não precisa do dinheiro dele, por que não devolve? — ele perguntou, os olhos escuros fixos nos dela.
Maya ficou sem resposta, ela nunca tinha pensado nisso.
— Eu… — ela começou, mas as palavras sumiram.
Erick deu um passo à frente, diminuindo o espaço entre eles, os olhos de Maya ficaram presos nos dele.
— Se você quer se libertar dele de verdade, começa devolvendo o que ele te oferece — Erick disse, a voz baixa e rouca. — Assim, ele não vai mais ter controle sobre você e aqui na minha casa eu te dou tudo que você quiser só basta pedir.
Ela o olhou seria e falou.
— não quero que você me sustente.
Maya sentiu o coração bater forte, ela sabia que Erick estava certo, aceitar aquele cartão era o mesmo que aceitar que o pai dela tinha algum poder sobre sua vida.
Mas será que ela teria coragem de devolver?
— Pensa nisso — Erick disse, a voz mais suave agora.
Ele virou-se para sair, mas antes de passar pela porta, olhou por cima do ombro, os olhos brilhando com um toque de desafio.
— E, Maya… — ele disse, com um meio sorriso nos lábios. — A lasanha estava realmente boa.
Ele saiu, deixando Maya parada ali, o coração acelerado e a mente completamente bagunçada.
GB estava sentado no sofá, o prato de comida já vazio em cima da mesa, ele olhou para o relógio e franziu o cenho.
— Tá demorando demais — ele comentou, levantando-se. — Vou subir pra ver o que tá rolando.
Antes que ele pudesse dar um passo, Sara esticou o braço e segurou o pulso dele.
— Nem pensa nisso, GB.
— Ué, por quê? — GB perguntou, estreitando os olhos. — Tá achando que ele tá com…
— Maya — Sara completou, um sorrisinho no rosto.
GB arregalou os olhos, claramente surpreso.
— Erick? Com aquela menina? Você tá brincando.
— Ainda não — Sara respondeu, dando de ombros. — Mas tô trabalhando nisso.
— Você não tem juízo, né? — GB disse, cruzando os braços. — Erick não é do tipo que se apega a ninguém, Sara, você sabe como ele é, vai acabar machucando a garota.
Sara o encarou, o sorriso sumindo do rosto.
— Eu conheço meu irmão, GB, mas também conheço Maya ela não é frágil como você pensa.
GB balançou a cabeça, descrente.
— Erick não acredita em amor, Sara, ele não sabe o que é cuidar de alguém sem destruir a pessoa no processo.
— Talvez ele precise de alguém como a Maya para mudar isso — Sara rebateu, a voz firme.
GB soltou um suspiro pesado, mas não disse mais nada, ele sabia que discutir com Sara era perda de tempo quando ela colocava uma ideia na cabeça, não havia quem fizesse ela mudar de ideia.
Mas, no fundo, ele ainda achava que aquilo só poderia terminar de uma forma: com alguém saindo machucado e ele tinha quase certeza de quem seria.
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Atualizado até capítulo 53
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