Maya passou o dia na faculdade tentando se concentrar nas aulas, mas a sensação de inquietação não a deixava em paz, ela sabia que algo estava errado, Suzi estava mais sorridente que o normal naquela manhã, o que nunca era um bom sinal.
Ela e Sara almoçaram juntas no refeitório, conversando sobre as aulas e os planos para o futuro, Sara, como sempre, tentou distrair Maya, mas o peso daquela sensação de que algo estava prestes a desmoronar a acompanhava como uma sombra.
— Tem certeza de que está tudo bem? — perguntou Sara, olhando para Maya com preocupação.
Maya forçou um sorriso.
— Sim, só estou cansada, vou para casa depois dessa aula e tentar descansar um pouco.
— Se precisar de mim, me chama — disse Sara, segurando sua mão por um instante.
Maya assentiu, grata por ter pelo menos uma pessoa em quem podia confiar.
Quando o dia finalmente chegou ao fim, Maya foi para o carro, pois o motorista já a esperava para levá-la para casa, ela sentia uma estranha tensão no ar, como se algo estivesse prestes a explodir, assim que desceu do carro e caminhou até a porta, seu coração batia acelerado, sem que ela soubesse o motivo.
Ao abrir a porta, ouviu vozes vindas da sala de estar ela parou no corredor, ouvindo atentamente.
— Eu acho que seria ótimo para Maya — dizia Suzi, com sua voz doce e calculada. — Terminar a faculdade em outro país abriria muitas portas para ela, além disso, ela teria mais noção de como funciona o mundo real.
Maya ficou paralisada.
— Você acha mesmo? — A voz de Marcos soou interessada.
— Claro, querido — continuou Suzi, sua voz carregada de falsa preocupação. — Maya precisa de experiências novas, de um ambiente onde ela possa amadurecer e se tornar mais independente.
Maya cerrou os punhos, o coração martelando contra o peito, ela sabia o que Suzi realmente queria: se livrar dela, se Maya fosse para outro país, Suzi teria a casa e o pai só para ela e pior, Marcos estava realmente considerando a ideia.
— Faz sentido — disse Marcos, pensativo. — Ela é inteligente, tenho certeza de que se sairia bem em qualquer lugar.
— Exatamente — concordou Suzi. — Seria uma oportunidade para ela crescer.
Maya sentiu um nó se formar em sua garganta, Suzi não queria o melhor para ela — Suzi queria que ela desaparecesse e seu pai, cego pela imagem perfeita que Suzi construía, estava prestes a concordar.
— Vou conversar com ela sobre isso — disse Marcos, decidido. — Se ela concordar, podemos começar a procurar uma universidade para o próximo semestre.
— Tenho certeza de que ela vai entender — respondeu Suzi com um tom vitorioso.
Maya sentiu um frio subir por sua espinha, ela não acreditava no que estava ouvindo eles estavam decidindo o futuro dela sem sequer perguntar o que ela queria.
Respirando fundo, ela deu um passo para trás, sem fazer barulho, e subiu as escadas para o quarto assim que fechou a porta atrás de si, encostou-se nela, sentindo o coração batendo tão forte que chegava a doer.
— Eles querem se livrar de mim — sussurrou para si mesma, incrédula.
Uma raiva fria começou a crescer em seu peito, Suzi podia ter enganado seu pai, mas Maya não cairia nessa armadilha tão facilmente.
Ela precisava pensar em um plano e dessa vez, Suzi não sairia vitoriosa.
Assim que Maya entrou em casa, subiu direto para o quarto, fechando a porta atrás de si e girando a chave na fechadura, o coração ainda batia forte, e ela sentia as mãos tremendo enquanto se jogava na cama, encarando o teto.
A voz de Suzi e de seu pai ecoava em sua mente, fazendo o nó em sua garganta apertar ainda mais eles estavam realmente planejando mandá-la para longe, para outro país como se ela fosse um incômodo.
Sem conseguir se controlar, pegou o celular e discou o número de Sara, dla atendeu no segundo toque.
— Maya? — Sara respondeu, com a voz preocupada. — Aconteceu alguma coisa?
— Eles querem me mandar para outro país — disse Maya, com a voz embargada.
— O quê?! — Sara exclamou, surpresa. — Quem quer te mandar para outro país?
— Meu pai e Suzi — Maya respirou fundo, tentando conter o choro. — Eu ouvi os dois conversando, Suzi sugeriu que seria "bom para mim" terminar a faculdade em outro país, para ganhar experiência e amadurecer e meu pai concordou! Eles vão tentar me convencer a ir embora.
Sara ficou em silêncio por um segundo, processando a informação.
— Isso é absurdo! — disse, indignada. — Ela só quer te tirar do caminho!
— Eu sei — Maya disse, a voz trêmula. — Ela finalmente conseguiu manipular meu pai para se livrar de mim.
— Então você precisa sair daí — Sara sugeriu imediatamente. — Pelo menos por uns dias, você pode ficar na minha casa.
Maya hesitou.
— Não sei se isso é uma boa ideia… E o seu irmão? Ele não vai se importar?
— Vou falar com ele — disse Sara, confiante. — Mas tenho certeza de que ele não vai se importar, ele quase não para em casa.
Maya respirou fundo, sentindo-se dividida.
— Eu não quero causar problemas…
— Você não vai causar problema nenhum — assegurou Sara. — Você precisa sair dessa casa antes que eles te manipulem para aceitar essa loucura, não quero perder minha amiga.
Maya fechou os olhos, sentindo o peso da situação sobre os ombros, ela não queria fugir dos problemas, mas sabia que, se ficasse ali, Suzi encontraria uma maneira de pressioná-la e ela não estava certa de que conseguiria resistir.
— Tudo bem — disse Maya, por fim. — Eu vou ficar na sua casa por uns dias.
— Ótimo! — disse Sara, animada. — Vou falar com meu irmão e te aviso assim que ele responder.
— Obrigada, Sara — Maya disse, sentindo o alívio pela primeira vez em horas. — Eu não sei o que faria sem você.
— Sempre vou estar aqui para você — Sara garantiu. — Agora, arruma suas coisas, logo você vai ter um pouco de paz.
Maya desligou o telefone e ficou sentada na cama por um instante, a ideia de sair daquela casa, mesmo que temporariamente, lhe trouxe um alívio inesperado.
Ela não deixaria Suzi controlar sua vida, não dessa vez.
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Atualizado até capítulo 53
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