Erick Costa é um homem temido e respeitado, aos 24 anos, ele já tinha conquistado o comando do Morro do Alemão, sendo reconhecido como o líder mais estratégico e implacável que aquela comunidade já teve, mas o que poucos sabiam é que, por trás da postura fria e autoritária, Erick carregava cicatrizes profundas que moldaram o homem que ele se tornou.
Ele cresceu na dura realidade das ruas, vendo o pai abandonar sua mãe quando ele ainda era uma criança, foi obrigado a amadurecer cedo, a lutar para sobreviver e, mais do que tudo, proteger sua irmã mais nova, Sara, desde o momento em que o pai foi embora, ele prometeu que nada e ninguém machucaria Sara enquanto ele estivesse por perto.
Aos 17 anos, Erick já comandava pequenos grupos dentro da comunidade, sempre demonstrando inteligência e uma visão estratégica que o destacava entre os demais ele subiu rápido na hierarquia, até assumir o comando total do morro aos 21 anos, depois de eliminar o antigo líder que havia traído sua confiança, desde então, ninguém ousava desafiar sua posição.
Erick era o tipo de homem que mantinha todos à distância, não era de sorrisos fáceis, nem de conversas prolongadas, ele sabia que confiar demais poderia ser sua ruína, então mantinha o coração trancado a sete chaves.
Em uma tarde quente, Erick estava sentado na sacada da casa onde morava com Sara, ele observava o movimento do morro, sempre atento a qualquer sinal de perigo, os olhos castanhos escuros, profundos e frios, analisavam cada detalhe.
O celular vibrou em cima da mesa, e ele pegou o aparelho sem pressa, era uma mensagem de Sara:
"Posso trazer uma amiga para ficar uns dias aqui?"
Ele arqueou uma sobrancelha, Erick não era muito de permitir que pessoas de fora entrassem em seu espaço, mas por Sara ele abria exceções.
"Quem é?" — ele respondeu curto.
"Maya, ela tá passando por uns problemas em casa, Por favor."
Erick se lembrou de Maya, ele já tinha visto a garota algumas vezes quando ia buscar Sara na faculdade, uma menina bonita,de cabelos lilás, olhos marcantes e um jeito reservado, ele não sabia muito sobre ela, mas Sara sempre falava bem da amiga.
Ele respirou fundo, pensando por um momento, não gostava da ideia de ter alguém estranho em casa, mas se Sara estava pedindo, ele não negaria.
"Tá bom, mas ela não pode se meter em nada." — ele respondeu.
Em poucos segundos, Sara enviou um emoji de coração, o que fez Erick soltar um sorriso de lado.
Erick sabia que estava se metendo em algo que poderia se complicar mais do que gostaria, mas por Sara, ele faria qualquer coisa.
O problema é que ele não fazia ideia de como a chegada de Maya estava prestes a bagunçar o equilíbrio controlado de sua vida.
Momentos depois ...
Maya estava sentada na cama, o coração batendo rápido enquanto olhava para o celular, a mensagem de Sara apareceu na tela, simples e direta:
"Ele disse que tudo bem, pode vir."
Um alívio percorreu o corpo de Maya, mas logo em seguida veio a tensão, agora ela precisava enfrentar o pai, não tinha a menor intenção de contar que estaria indo para a favela e muito menos que o irmão de Sara era o dono do morro, seu pai jamais permitiria isso.
Respirando fundo, Maya se levantou, pegou uma mala e começou a colocar algumas roupas dentro dela, ela não tinha certeza de quanto tempo ficaria, mas sabia que precisava de um tempo longe daquela casa, longe de Suzi.
Depois de organizar suas coisas, desceu as escadas com passos firmes, encontrou o pai sentado na sala de estar, com uma taça de vinho na mão e os olhos fixos na tela da televisão, Suzi não estava por perto, o que tornava aquele momento um pouco mais fácil.
— Pai? — chamou, com um tom neutro.
Marcos desviou os olhos da TV, colocando a taça na mesa de centro.
— O que foi, Maya? Porque essa mala?
Ela respirou fundo, mantendo a postura firme.
— Eu vou passar alguns dias na casa de uma amiga, temos vários trabalhos e achamos melhor assim pada terminamos tudo em dia.
Marcos franziu o cenho, surpreso.
— Na casa de quem?
— Da Sara — respondeu, sem hesitar. — Eu preciso de um tempo para mim, para respirar um pouco.
— A Sara… — Marcos repetiu o nome, pensativo, ele sabia que Sara era uma boa amiga de Maya, mas nunca tinha se preocupado em se aprofundar na vida da garota. — O pai dela está de acordo com isso?
— Ela mora com o irmão — Maya respondeu, mantendo o rosto impassível.
— Irmão? Que irmão?
Maya deu de ombros, evitando os detalhes.
— Ele é tranquilo, pai, não se preocupe.
Marcos ficou em silêncio por alguns segundos, analisando a filha com o olhar sério.
— Tem certeza de que é o que você quer?
— Sim — disse Maya, com firmeza. — Eu preciso entregar tudo em dia para começar meu estágio.
Marcos respirou fundo, como se estivesse considerando os prós e contras.
— Tudo bem — ele disse, por fim. — Mas me avise se precisar de alguma coisa e se comporte bem.
— Eu aviso — disse Maya, sentindo um pequeno alívio ao ouvir aquelas palavras.
Ela deu um beijo rápido no rosto do pai, sem coragem de olhar para ele nos olhos, e subiu para pegar uma mochila que havia esquecido, quando voltou, ele ainda estava sentado no mesmo lugar, parecendo perdido em pensamentos.
Antes de sair, ela parou na porta e o olhou por um instante, parte de Maya queria que ele percebesse o quanto ela estava machucada, o quanto ela precisava que ele estivesse presente, mas Marcos continuava distante, cego demais para enxergar o que estava acontecendo debaixo de seu próprio teto.
Maya fechou a porta atrás de si, respirou fundo e seguiu em direção ao portão, onde Sara já a esperava com um sorriso acolhedor.
— Pronta? — perguntou Sara.
Maya assentiu, jogando a mochila nas costas.
— Pronta.
Sara segurou a mão dela e puxou em direção ao carro que Erick havia enviado para buscá-las, Maya sentiu o coração acelerar ao pensar que estava prestes a entrar em um mundo totalmente diferente — o mundo de Erick Costa ou o coringa como era conhecido no mundo do crime.
E ela não fazia ideia de como isso mudaria sua vida para sempre.
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Atualizado até capítulo 53
Comments
Vivi M ❤️
quando o pai dela perceber vai ser tarde demais.
2025-03-25
2