Vítor continuou no camarote, observando Léo descer as escadas e desaparecer entre os frequentadores da boate. Pegou um cigarro e acendeu, soprando a fumaça devagar. Algo estava diferente. O problema era que ele sabia exatamente o que era.
Léo mudou.
Não era um palpite. Vítor sentia isso desde que o amigo começou a sumir mais do que o normal, evitando encontros casuais, diminuindo sua presença na boate e até nos negócios. Ele estava perdendo aquele fogo que o tornava tão perigoso.
Mas Vítor lembrava bem do homem que Léo já foi.
Anos atrás…
Vítor ainda era um moleque de dezesseis anos ( três anos mais jovem que Léo) quando viu Leonardo pela primeira vez. Ele já tinha ouvido falar dele, é claro. A gangue inteira falava.
Léo não era como os outros. Ele cresceu nas ruas, mas nunca foi só mais um ladrãozinho qualquer. Sempre foi calculista, frio e direto. Quando Rogério o recrutou, todos os veteranos duvidaram. Um moleque de quinze anos, magro e calado, não parecia um futuro comandante. Mas Léo provou estar à altura.
Na primeira missão juntos, Vítor se ressentiu de imediato.
Léo tinha uma coisa que ele não tinha.
Respeito.
Os homens mais velhos o ouviam, ele ensinava muitas coisas para eles, coisas como astronomia, matemática, mostrava-os como argumentar politicamente e o quanto era eficaz, coisas que eles jamais haviam experimentado pois alguns mal tinham cursado o ensino fundamental, então Léo os mostrava que nem só a violência poderia resolver conflitos mas argumentos e estratégias também eram de grande valor. Rogério confiava nele. Isso era o que mais irritava Vítor. Ele passou a vida tentando agradar o pai, esperando que Rogério enxergasse nele um sucessor digno. Mas quem recebeu os elogios? Quem recebeu as responsabilidades? Léo!
Ele sentia um misto de ódio, inveja e admiração em relação a Léo.
Certa vez, quando Léo voltou de uma negociação bem-sucedida, Rogério o cumprimentou com uma frase que Vítor nunca esqueceu:
— Você tem futuro, moleque. Vai longe. Se um décimo dos meus homens tivessem sua inteligência e sagacidade, a gangue os ***Dragões Negros*** dominaram o planeta. Hahahaha
E foi aí que Vítor percebeu.
Ele poderia ser filho de Rogério, poderia carregar o sangue do líder, mas no mundo real, sangue não valia nada. O que importava era respeito.
E Leonardo já tinha conquistado o dele.
De volta ao presente…
Vítor apagou o cigarro, rindo sozinho.
— O que será que tá acontecendo? Será que você tá apaixonado irmão? Não! Isso sim seria surpreendente.
Ele murmurou para si mesmo, lembrando da expressão de Léo ao desviar do assunto.
Algo grande tinha acontecido na vida dele. Algo que estava o afastando dos negócios, da violência, do mundo em que viveram por tanto tempo.
E Vítor ainda não sabia exatamente o que podia ser.
Afinal, todos tinham um ponto fraco.
E o de Léo atendia pelo nome de Ana Clara. E cada vez mais o cerco se fechava contra Léo. Como será que Léo fará para protegê-la? Ele precisava urgentemente achar essa resposta.
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Atualizado até capítulo 52
Comments
Emily Silva
manda o próximo capitulo vai estou ansiosa.
2025-02-26
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