O Caos Se Ergue

As discussões fervorosas entre os imperadores cegavam-nos para duas realidades cruéis.

Primeiro: seus filhos.

Lucian ardia. Seu corpo queimava por dentro e por fora. Chamas e dor se misturavam. Ele sentia sua energia sendo drenada, sugada para a runa sobre ele. Seu fogo alimentava aquele poder misterioso.

Nereus lutava para respirar. Seu corpo já estava fraco antes de ser lançado àquela água sombria. Sua magia mal sustentava uma bolha de oxigênio ao seu redor. Ele via seu reflexo nas águas escuras – olhos marejados, pele pálida, forças se esvaindo.

Segundo: o homem misterioso não estava apenas absorvendo suas magias.

Ele as compreendia.

Com cada gota de poder drenado de Lucian e Nereus, ele decifrava as runas.

Aprendia a linguagem das chamas e das marés.

E com esse conhecimento...

Ele trouxe monstros ao mundo.

Das águas, criaturas colossais emergiram.

Serpentes marinhas de escamas brilhantes, cujos olhos resplandeciam com a energia da runa da água.

Kraken de tentáculos negros, deslizando pelos mares, esmagando navios e muralhas como se fossem feitos de papel.

Das chamas, bestas de fogo rugiram para os céus.

Leões com crinas flamejantes, deixando um rastro de destruição por onde passavam.

Dragões ancestrais, emergindo das entranhas vulcânicas, cuspindo labaredas de puro poder.

O plano dele era claro.

Os imperadores correriam para defender seus reinos.

Eles se ocupariam com as ameaças monstruosas.

E quando estivessem distraídos...

Ele tomaria as runas restantes.

O mundo arderia.

E os príncipes?

Apenas cinzas e espuma restariam deles.

...----------------...

O Conselho Celestial e o Caos Mortal

No mais alto ponto do mundo, acima das nuvens, do tempo e da lógica, existia um santuário colossal feito de pura energia elemental. O lugar parecia mudar de forma constantemente, oscilando entre um vulcão ativo, um oceano calmo, uma floresta impenetrável e uma tempestade em fúria. Era ali que os quatro grandes Deuses Elementais residiam, os criadores do mundo e da magia que fluía por ele.

No centro do santuário, havia uma cachoeira mágica, onde as águas não caíam, mas sim subiam, e dentro delas, refletiam-se as cenas do mundo mortal, como uma tela de cinema divina. Bem na frente, repousava um controle remoto brilhante, que os deuses usavam para dar zoom, rebobinar e até mudar de canal quando ficavam entediados.

— TÁ DE SACANAGEM COM A MINHA CARA! — rugiu Fogo, seus cabelos chamejando até o teto. — Como é que eles ferraram o mundo INTEIRO em menos de um mês?!

— Impressionante, né? — disse Água, recostando-se em seu trono feito de névoa e tomando um gole de sua taça etérea. — Até mesmo para os padrões humanos, essa velocidade na autodestruição é notável.

— Não tem graça. — Terra cruzou os braços, impassível, mas seus dedos tamborilavam no apoio de pedra de seu trono, demonstrando irritação. — Nós demos a eles um mundo perfeitamente equilibrado, com regras claras, e eles decidiram brincar de "e se eu tentasse ferrar com tudo ao mesmo tempo?".

Ar, levitando de cabeça para baixo, girou no ar e pegou o controle remoto divino.

— O que acontece se eu apertar esse botão?

— NÃO! — gritaram os outros três em uníssono.

— Tarde demais. — Ar apertou.

A cachoeira tremeluziu e a cena mudou para Lucian e Nereus sendo torturados para alimentar as runas roubadas.

— MEU DEUS, DESLIGA, DESLIGA! — berrou Fogo, cobrindo os olhos.

— Você É um deus. — corrigiu Água, mas também desviou o olhar.

Terra suspirou pesadamente.

— Inacreditável. Quando criamos esse mundo, vocês me garantiram que a magia elemental não poderia ser usada para o mal.

— Tecnicamente, não é a magia que tá sendo usada para o mal. — disse Ar, girando no ar. — É só um idiota mortal que descobriu uma brecha no sistema.

Água resmungou:

— Deveríamos ter colocado um contrato de "termos de uso" antes de liberar a magia para os mortais.

Fogo bufou, cruzando os braços.

— Sim, porque com certeza eles iriam ler.

De repente, a imagem na cachoeira mudou de novo, agora mostrando os imperadores dos quatro reinos...

...em uma reunião tensa onde estavam ocupados DEMAIS brigando entre si, ao invés de resolver o problema.

Fogo apontou para a tela, indignado.

— TÁ DE BRINCADEIRA?! MEUS HUMANOS ESTÃO SENDO TORRADOS VIVOS E ESSES IDIOTAS TÃO DISCUTINDO POLÍTICA?!

— Os seus humanos? — Terra arqueou uma sobrancelha. — Achei que não tomávamos partido.

Fogo hesitou.

— É uma maneira de falar!

Ar riu.

— Olha o Magnus ali tentando acalmar o Caelum... Hmmm... Acha que ainda tem sentimentos?

Terra imediatamente ficou rígido.

— Cala a boca.

— Ahhh, então tem alguma coisa aí... — provocou Água, sorrindo de canto.

— NÃO TEM NADA! — rosnou Terra, o chão tremendo sutilmente.

— Olha só, ele até tremeu de emoção. — Ar gargalhou.

Fogo revirou os olhos.

— Podemos focar no problema em vez do drama amoroso mal resolvido do passado?

— Podemos. — Água sorriu. — Mas não queremos.

— ENFIM! — Terra se levantou abruptamente, sua voz ecoando pelo santuário. — Esses idiotas não vão fazer nada enquanto estiverem ocupados gritando uns com os outros. Então eu vou dar um jeito nisso.

Ele ergueu a mão e o chão da Terra tremeu.

Na cachoeira, puderam ver o Reino da Terra sendo sacudido por um terremoto repentino, chamando a atenção dos imperadores, que finalmente pararam de discutir para entender o que estava acontecendo.

— Boa. — Fogo estalou os dedos. — Agora eu...

— Não, não, espera, eu quero brincar também. — interrompeu Ar, girando o controle remoto.

Na tela, a cena mudou para o oceano.

— E se um certo rei tubarão sentisse algo estranho no mar?

Ela soprou uma leve brisa mágica, e instantaneamente, Orion, o Imperador dos Mares, arregalou os olhos e olhou para as águas ao seu redor, sentindo a presença de algo... estranho.

— Pronto, agora ele vai farejar os monstros. — disse Ar, satisfeita.

— Excelente. Agora só falta... — Água pegou sua taça e deixou uma única gota cair na cachoeira.

A gota brilhou e se dividiu em milhares de microgotículas, uma delas caindo na imensidão do oceano exatamente onde Lysander, o consorte imperial dos mares, poderia sentir.

— E com isso, o alarme foi dado.

Fogo cruzou os braços, satisfeito.

— Se depois dessa eles ainda falharem, sinceramente, eu desisto desses humanos.

Ar sorriu e girou o controle remoto no dedo.

— Apostas?

Terra revirou os olhos.

— Aposto que ainda vai piorar antes de melhorar.

Água suspirou.

— Aposto que Orion vai sair da reunião no meio de uma frase dramática.

Fogo estreitou os olhos.

— Aposto que Caelum vai incendiar alguma coisa.

Ar gargalhou.

— Ah, com certeza.

E assim, os deuses continuaram assistindo o caos se desenrolar, como se estivessem vendo um reality show de destruição e estratégia. Mas agora, pelo menos, haviam dado um empurrãozinho para que seus humanos tentassem não morrer.

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Comments

Cristiane de Oliveira

Cristiane de Oliveira

Ele se ferrou...como ele vai pegar a runa do vento se ele não tem asas pra vua.../Chuckle//Chuckle/...O bicho fica lá encima...kakakakaakak

2025-03-25

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Cristiane de Oliveira

Cristiane de Oliveira

Nereus...Meu irmãozinho fictício....NÃOOOOOOOOOOO....Aguenta só mais um pouquinho.../Whimper//Whimper//Whimper/

2025-03-25

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Cristiane de Oliveira

Cristiane de Oliveira

Não doido eu não aguento não.....kakakakakakakakakakaakaakaakaa...PORQUE!!!!!!...

2025-03-25

1

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