O Carrasco Sem Nome

A cela subterrânea estava mergulhada em sombras, apenas lampejos fracos de um fogo distante iluminavam as paredes de pedra. Lucian e Nereus permaneceram imóveis quando passos ecoaram pelo corredor.

A porta de ferro se abriu com um rangido longo e arrastado.

Uma figura alta e encapuzada adentrou a cela.

O silêncio pesou. Apenas a respiração pesada dos príncipes e o som das correntes quebravam a quietude.

Então, o estranho ergueu as mãos e, num gesto lento, retirou o capuz.

Lucian arqueou as sobrancelhas.

O homem diante deles não tinha nenhuma característica marcante de um nobre elemental. Seus cabelos eram escuros, a pele num tom comum, os olhos de uma cor sem brilho. Um humano. Comum.

— Então são esses os gloriosos príncipes? — A voz do homem era falsa, melosa, carregada de ironia. — Esperava mais.

Lucian manteve-se calado, mas sua mandíbula se contraiu.

O homem sorriu de lado e caminhou até ele.

— Mas onde estão meus modos? — Ele fez uma leve reverência teatral. — Meu nome é Malrik.

Nereus não desviou o olhar.

— O que você quer de nós?

O sorriso de Malrik se desfez num instante.

— Não me faça perguntas.

E antes que qualquer um dos dois pudesse reagir, Malrik agarrou Lucian pelo colarinho e o arrastou para fora da cela.

— Ei! — Nereus se debateu contra as correntes.

Lucian tentou resistir, mas seu corpo ainda estava fraco demais. Ele foi jogado no chão de uma sala iluminada apenas pelo brilho alaranjado e bruxuleante de um fogo.

No centro, uma fornalha imensa ardia com chamas ainda tímidas.

Acima dela, suspensa por correntes, a Runa do Fogo pairava, absorvendo cada centelha de calor.

— Sei que os de Fogo precisam manter o corpo mais quente que o fogo para sobreviver — disse Malrik. — Vamos testar isso, não é?

Lucian arregalou os olhos quando foi agarrado novamente e empurrado para dentro da fornalha.

O calor o envolveu de imediato, mas não o feriu.

Não ainda.

Se Malrik aumentasse a temperatura…

Lucian mordeu o lábio. Ele não daria o gostinho de reagir.

Malrik riu baixo e se afastou.

— Agora, sua vez, peixinho.

Nereus grunhiu quando foi puxado. Seu corpo estava fraco, mas ele se debatia.

Não adiantou.

Malrik o arrastou para uma sala oposta, onde um grande lago subterrâneo se estendia em profundidade desconhecida.

Acima da superfície pairava a Runa da Água, gotejando uma energia azulada na água abaixo.

— Vamos ver quanto tempo um peixe sobrevive sem ar.

E sem aviso, Malrik o empurrou nas águas geladas.

Nereus tentou nadar para cima, mas algo o puxou para baixo.

Correntes.

Correntes mágicas o prendiam no fundo do lago.

Seu peito queimou com a falta de oxigênio, forçando-o a usar suas últimas forças para invocar magia e criar uma bolha de ar ao redor do rosto.

Acima, Malrik riu e se afastou.

— Vejo vocês mais tarde.

E então, ele desapareceu na escuridão.

Lucian e Nereus permaneceram em seus tormentos, cada um preso em um inferno diferente.

E agora? Como escapariam?

...----------------...

O Chamado das Águas

Lucian sentia suas chamas vacilarem. Ele havia conseguido elevar sua temperatura acima do fogo ao redor, mas não por muito tempo. O calor da fornalha só aumentava, alimentado pela própria energia que ele exalava.

Ele não podia apagar.

Não aqui.

A runa do fogo pulsava sobre ele, absorvendo sua essência. Cada segundo era uma batalha para se manter consciente.

Do outro lado, nas profundezas do lago escuro, Nereus se debatia, seu corpo ficando mais fraco a cada instante. Ele não era forte. Nunca fora.

Mas a água ao seu redor sussurrava algo.

Um chamado ancestral.

A rachadura.

Os olhos dele se fixaram na fresta entre as rochas. Gotas mínimas escorriam por ela, desaparecendo no vazio.

Ele soube.

Se estavam no subterrâneo, a água tinha um caminho para o mar.

Se ele conseguisse enviar uma gota…

Se ao menos seu pai o escutasse…

Seu corpo tremeu. O oxigênio em sua bolha mágica se esgotava.

Mas então, ele ergueu a mão.

Nereus não possuía força suficiente para lançar um feitiço poderoso.

Mas não precisava.

Ele liberou um som sutil, profundo, ressoando nas ondas. Como o canto de uma baleia nas profundezas.

O chamado viajou pelas rachaduras.

Uma gota ínfima de magia líquida atravessou as pedras.

E então…

Muito distante dali, nos salões de cristal do Reino da Água…

Lysander, o Imperador Pérola, interrompeu a reunião de súbito.

Ele sentiu.

O salão ficou em silêncio quando os nobres e conselheiros o viram se levantar.

Os olhos de Lysander brilharam em um azul profundo, sua respiração acelerou.

Por anos, ele conteve sua verdadeira natureza. Mantinha-se delicado, controlado, como uma correnteza suave.

Mas agora…

Seu filho estava chamando.

E se havia algo que um pai das águas jamais ignoraria…

Era o sussurro do oceano.

Lysander inspirou fundo.

E pela primeira vez em décadas, as correntes do mar começaram a se erguer.

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Comments

Cristiane de Oliveira

Cristiane de Oliveira

Eu já tou querendo matar esse desgraçado....Ahhhhhhh!!!!!!!/Angry//Angry//Angry/

2025-03-25

1

Cristiane de Oliveira

Cristiane de Oliveira

MEU DEUS DO CÉU NEREUS VAI VIRA PEIXINHO FRITO....!!!!!!!!!

2025-03-25

1

Cristiane de Oliveira

Cristiane de Oliveira

Eis a dúvida meu caro....Eu também não sei...kakakaka

2025-03-25

1

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