O Imperador em Chamas

O fogo do Imperador não queimava apenas ao redor dele.

Queimava por dentro.

Caelum não descansava.

Não comia.

Não dormia.

Os dias passavam como borrões, e tudo o que restava era a sua fúria.

Os nobres haviam sido dispensados à força.

O salão de festas fora esvaziado às pressas.

Os servos mal ousavam respirar na presença dele.

Todos os guardas do império foram enviados em busca de Lucian e da Runa de Fogo.

Mas os dias se arrastavam. E não havia sinal de nada.

Isso estava matando Caelum.

"Ele não pode estar morto."

A ideia sequer era permitida em sua mente.

Mas… e se estivesse?

A qualquer momento, alguém poderia voltar com o pior dos relatórios.

"Encontramos um corpo."

"Encontramos roupas queimadas."

"Encontramos sangue."

Caelum não aceitaria.

Ele se recusava.

E, enquanto esperava por notícias, ele se destruía.

— Majestade, por favor, o senhor precisa se alimentar…

A voz hesitante de um servo soou atrás dele.

Lenta. Cuidadosa. Como quem se aproxima de uma fera prestes a atacar.

Caelum estava sentado no salão do trono.

Não no trono em si, mas nos degraus abaixo dele.

Os cotovelos apoiados nos joelhos.

O olhar fixo no vazio.

Havia pratos intocados ao seu lado.

Sopas que esfriavam.

Pães que endureciam.

Frutas que murchavam.

Mas ele não queria nada.

— Majestade…

Caelum rosnou.

O servo recuou imediatamente, segurando o fôlego.

— SUMA DAQUI.

A voz do Imperador era grave e cortante.

O homem não precisou ouvir duas vezes.

Deixou a comida ali e saiu correndo do salão.

Caelum grunhiu de frustração.

"Onde você está, Lucian…?"

Seus punhos se apertaram.

Suas unhas rasgaram a pele da palma, mas ele não se importou.

A cada noite sem respostas, ele ficava mais perigoso.

Os nobres murmuravam pelos corredores.

Os conselheiros não ousavam se aproximar.

A Imperatriz tentava controlar a situação, mas nem ela conseguia acalmá-lo.

O fogo estava consumindo o próprio Imperador.

Se Lucian não fosse encontrado logo…

Caelum explodiria.

...----------------...

O Reino dos Ventos

Acima das nuvens, nas alturas onde apenas os pássaros e os deuses ousavam existir, estendia-se o imponente Reino do Vento.

Um território de brisas eternas, céus azulados e cidades flutuantes, onde a própria terra desafiava a gravidade para se manter suspensa.

Plataformas mágicas de pedra e cristal sustentavam os castelos e vilarejos.

Os ventos assobiavam em melodias suaves e constantes.

As torres espiraladas, feitas de mármore e prata, tocavam o firmamento com imponência e leveza.

No coração do reino, flutuando sobre os céus mais altos, o Palácio Imperial de Borealis reinava absoluto.

Era um colosso celestial.

Construído em camadas flutuantes, sustentado por pilares encantados, o palácio parecia um pedaço do próprio céu cristalizado.

Seu exterior era feito de pedras brancas e azuladas, com detalhes prateados que brilhavam sob o sol.

Cúpulas cintilavam como pontos de estrelas.

Bandeiras tremulavam ao sabor do vento.

E no centro, o trono do Imperador Astherion permanecia intocável.

Lá dentro, entre corredores amplos e iluminados, Zephyr Caelestis caminhava em silêncio.

Ele já sabia.

Já ouvira os rumores.

Já lera os relatórios.

Já absorvera cada detalhe sobre o sequestro do príncipe do fogo e o caos instaurado no Império vizinho.

Zephyr não sabia por que aquilo o incomodava tanto.

Talvez porque ele tivesse visto Lucian naquela noite.

Talvez porque ele tivesse dançado com ele.

Talvez porque, por um breve momento, tivesse sentido algo diferente no olhar dourado daquele príncipe.

Ele não conseguia tirar isso da cabeça.

Mas agora não tinha tempo para distrações.

Ele precisava comparecer à reunião imperial.

A cada passo, os corredores de mármore branco e azul ecoavam sua presença.

Os criados se curvavam em respeito.

As janelas panorâmicas revelavam o céu aberto, onde aves mágicas de penas cintilantes sobrevoavam entre as plataformas suspensas.

Zephyr, porém, não via beleza nisso.

Não via lar.

Só via prisão.

"Eles nunca me verão como herdeiro."

"Nunca serei o suficiente."

Ele já sabia o que esperar da reunião.

Seu irmão, Aelric Caelestis, o "grande primogênito", o herdeiro adorado, o perfeito filho alfa, estaria lá.

Ele sempre estava.

Mesmo sendo um rebelde.

Mesmo recusando a própria noiva.

Mesmo ignorando os deveres imperiais quando lhe convinha.

Ainda assim, seus pais o veneravam.

O Imperador Astherion e a Imperatriz Nyx sempre deixavam claro quem era o filho favorito.

Zephyr?

Ele era apenas o segundo.

Um príncipe que existia para ocupar espaço.

Um peão de reserva.

Mas ele já estava acostumado com isso.

Ou, pelo menos, gostava de fingir que estava.

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Comments

Cristiane de Oliveira

Cristiane de Oliveira

Pode chamar o Conselho tutelar...aqui ó..../Angry//Angry//Angry//Angry/....Que pais são esse...Trata o próprio filho como uma ferramenta...AHHHHHHH...QUE ÓDIO!!!!!!!/Angry//Angry/...Por isso que o menino tem essa personalidade

2025-03-23

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Cristiane de Oliveira

Cristiane de Oliveira

Quanto será que uma pedra dessa iria custar aqui no Brasil..../Doubt//Doubt/

2025-03-23

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Cristiane de Oliveira

Cristiane de Oliveira

Imagina se esses negócios também for roubados..../Speechless//Sweat/

2025-03-23

1

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