O Palácio Escarlate nunca esteve tão iluminado. Lustres de ouro maciço brilhavam, refletindo a luz das chamas mágicas que dançavam sobre velas flutuantes. O salão principal, adornado com tapeçarias vermelhas e douradas, transbordava de nobres vestidos com seus melhores trajes, exibindo joias que poderiam comprar vilas inteiras.
E, claro, nenhum deles estava ali apenas por vontade própria.
Afinal, quando o Imperador Caelum envia um convite, a presença não é uma escolha.
Muitos nobres fingiam estar ali por respeito à família imperial, mas todos sabiam que as entrelinhas daquele convite eram claras: "Se sua presença não for notada no aniversário do príncipe, sua ausência será notada na execução do dia seguinte."
Por isso, não havia um único assento vazio no salão.
Mas o que realmente pegou todos de surpresa foi a presença de convidados inesperados.
Visitantes do Reino do Vento
Enquanto os nobres do Fogo tentavam impressionar a família imperial, as grandes portas do salão se abriram de forma imponente.
E então, o silêncio caiu sobre todos.
Os servos se curvaram, os convidados prenderam a respiração, e até mesmo a Imperatriz arregalou minimamente os olhos ao reconhecer as cores dos trajes que entraram no salão.
O Reino do Vento estava presente.
Liderando o pequeno grupo de nobres, um jovem caminhava com uma confiança natural, como se fosse dono do próprio ar que respirava.
Ele tinha 17 anos, ombros largos, postura impecável e um olhar calculista que analisava tudo ao seu redor sem demonstrar emoções desnecessárias. Seus cabelos brancos como nuvens, com um leve reflexo azul-pastel nas pontas, combinavam perfeitamente com seus olhos cinzentos e penetrantes, que pareciam enxergar além do óbvio.
Era o segundo filho do Imperador e Imperatriz do Reino do Vento.
E ele estava ali sem ser convidado.
Os murmúrios começaram imediatamente.
— O que um príncipe do Vento está fazendo aqui?
— Eles sequer foram convidados…
— Mas também não precisam de convite, não é?
A presença de um nobre de alto escalão de outro reino não era algo que podia ser ignorado. Se ele estivesse ali, era porque o Reino do Vento queria deixar sua marca naquela noite.
O jovem príncipe não hesitou, caminhando até o trono onde o Imperador Caelum e a Imperatriz Helia estavam sentados.
Caelum, que até então bebia um vinho flamejante em uma taça de ouro, arqueou uma sobrancelha, intrigado.
— E quem diria… que o filho do Imperador Boreas viria prestigiar meu filho.
O jovem príncipe se ajoelhou respeitosamente, mantendo a cabeça erguida.
— Lucian Ignisfera é um nome que já ecoa além das fronteiras do Fogo. Seria desrespeitoso não comparecer a um evento tão grandioso.
Caelum soltou uma risada baixa, satisfeito com a resposta.
Mas Lucian, que até então permanecera no seu lugar, ao lado dos pais, sentiu um arrepio estranho.
Por algum motivo… o olhar do príncipe do Vento o fez sentir algo diferente.
E ele sabia, naquele instante, que aquela noite não seria apenas um aniversário comum.
— A Dança do Destino —
O salão resplandecia com a luz quente das chamas encantadas, refletindo nas joias e nos tecidos luxuosos dos convidados. Nobres do Reino do Fogo observavam com curiosidade e cautela o jovem príncipe do Reino do Vento, que se apresentava diante da família imperial.
Ele se ergueu do joelho dobrado e, com um leve sorriso diplomático, pronunciou-se:
— Sou Zephyr Caelestis, segundo filho do Imperador Boreas e da Imperatriz Auris.
Seus olhos prateados, cortantes como lâminas, analisavam cada detalhe do ambiente ao redor, sem jamais perder a compostura. Seu cabelo, branco puro com leves reflexos azul-pastel nas pontas, caía suavemente ao redor do rosto bem definido, os fios tão leves quanto o próprio ar que governava. A pele, pálida como a neve das altas montanhas, contrastava com a elegância de sua vestimenta, uma túnica azul-clara e prateada, bordada com padrões que lembravam correntes de vento em movimento.
Lucian não desviou o olhar.
Havia algo nele… algo que não conseguia definir.
Mas antes que pudesse refletir sobre isso, as melodias suaves começaram a tocar.
A dança estava prestes a começar.
O Imperador Babão vs. O Príncipe Ousado
Caelum já estava pronto para agir.
O Imperador do Fogo estava sentado em seu trono, esperando pacientemente que os nobres iniciassem a dança, mas, no fundo, ele só queria uma coisa: dançar com seu filho.
Ele já havia ensaiado mentalmente a cena centenas de vezes: puxaria Lucian para a pista de dança, mostraria a todos o quão graciosamente seu bebê se movia, e então assistiria com orgulho enquanto os nobres do reino se roíam de inveja.
Mas, quando ele finalmente levantou-se para convidar Lucian, algo inesperado aconteceu.
Antes que pudesse dar um passo em direção ao filho, uma sombra cortou seu caminho.
— Vossa Alteza Imperial.
A voz de Zephyr ecoou forte e clara pelo salão.
O tempo pareceu parar.
Todos os olhos se voltaram para Lucian e Zephyr.
Os nobres murmuraram entre si, surpresos.
— O príncipe do Vento está convidando Lucian para dançar?!
— Ele mal chegou e já está tentando se aproximar do príncipe imperial?!
— O que o Imperador Caelum vai fazer?!
Caelum ficou estático por um momento. Ele piscou lentamente, processando a ousadia do jovem alfa.
O salão inteiro prendeu a respiração.
Mas antes que o imperador pudesse intervir, Lucian, sem hesitar, segurou a mão que Zephyr estendia.
— Eu aceito.
A resposta foi instantânea. Natural. Instintiva.
Não que ele estivesse apaixonado ou qualquer coisa assim.
Mas… dizer “não” simplesmente não parecia ser uma opção.
A Dança do Ar e do Fogo
A música se intensificou, e os dois príncipes começaram a dançar.
Lucian sentiu a mão firme de Zephyr em sua cintura, guiando seus movimentos com uma destreza impecável. O toque não era opressor ou sufocante… era preciso, leve como o vento que o alfa representava.
E, ainda assim, carregava uma presença inegável.
— Você dança bem. — Lucian comentou, tentando soar indiferente.
— E você é mais leve do que imaginei. — Zephyr respondeu, um pequeno sorriso jogado de lado.
Lucian franziu o cenho.
— O que isso quer dizer?
Zephyr girou-o suavemente, segurando-o com firmeza quando Lucian voltou ao seu eixo.
— Que achei que um príncipe do fogo seria mais… intenso.
Lucian arqueou uma sobrancelha.
— E você achou errado.
Zephyr sorriu de canto, mas não disse mais nada.
Seus olhos prateados se fixaram nos dourados de Lucian, e, por um instante, ambos sentiram algo estranho no ar.
Não era paixão.
Não era desejo.
Era algo… mais profundo.
Algo que suas almas reconheciam, mas suas mentes ainda não entendiam.
O Imperador Furioso (e Chorando por Dentro)
Enquanto isso, do lado de fora da pista de dança…
Caelum assistia tudo, paralisado.
Seus punhos estavam cerrados.
Seus olhos quase pegavam fogo.
E sua mente gritava:
— AQUELE MALDITO ROUBOU MEU BEBÊ.
A Imperatriz Helia, ao seu lado, soltou um longo suspiro.
— Pare de fuzilar o garoto com os olhos, Caelum.
— ELE ESTÁ TOCANDO MEU FILHO! ELE ESTÁ SEGURANDO MEU FILHO! ELE—
— Caelum.
— O QUÊ?!
— Respira.
Caelum bufou, cruzando os braços, claramente ofendido.
Mas, no fundo…
Ele sabia.
Naquela noite, algo mudou para sempre.
O Roubo da Runa de Fogo
O salão ainda vibrava com o impacto da dança entre Lucian e Zephyr. A música continuava, os nobres conversavam entre taças de vinho rubro e pratos finamente servidos, mas, para Caelum, nada daquilo importava.
O Imperador ainda queimava de indignação.
— Eu devia ter esmagado aquele pirralho do vento com um olhar. — Ele resmungou, cerrando os punhos.
Lucian revirou os olhos, segurando o riso.
— Pai, não exagere.
— Exagerar?! — Caelum apontou um dedo acusador para o filho. — Ele segurou sua cintura! E te olhou como se já estivesse te reivindicando!
Lucian bufou.
— Nós só dançamos.
— Danças podem significar alianças, Lucian! Danças podem significar promessas!
— Pai...
— Danças podem significar CASAMENTO!
Lucian engasgou.
— O QUÊ?!
— E eu me recuso a entregar meu filho para um príncipe do vento, daqueles estrategistas metidos que pensam que são espertos só porque sabem onde pousar antes de uma tempestade! Se fosse um guerreiro do fogo, tudo bem! Mas um alfinho metido?! NUNCA!
Lucian estava prestes a argumentar quando algo chamou sua atenção.
Uma sombra.
Um vulto silencioso, encapuzado da cabeça aos pés, deslizando pelo corredor como se não pertencesse ali.
Lucian franziu o cenho.
Ele nunca tinha visto aquela figura antes.
E o modo como se movia… furtivo, calculado, preciso.
Algo estava errado.
Lucian deu um passo para trás, se afastando do pai.
— Licença, pai.
Caelum parou de reclamar.
— Aonde você vai?
— Só preciso resolver uma coisa.
— Que coisa?
Lucian não respondeu.
Ele apenas se virou calmamente e seguiu a figura encapuzada pelo corredor escuro.
O Núcleo do Vulcão
O caminho que a sombra percorria não era qualquer um.
Era uma trilha proibida.
Uma que levava ao coração do Palácio de Fogo.
Uma que levava ao Santuário Imperial.
E no Santuário Imperial, guardada sob as chamas eternas do núcleo do vulcão, repousava a Runa do Fogo.
Lucian apertou o passo.
O ar ficou mais quente, mais pesado.
A lava borbulhava nas fendas do chão de pedra negra, iluminando o caminho com seu brilho avermelhado.
E então, ele viu.
A figura encapuzada estava diante do altar sagrado.
E em suas mãos…
A Runa do Fogo.
Lucian sentiu o estômago afundar.
— Ei!
O ladrão se virou bruscamente.
Lucian deu um passo à frente, a voz firme.
— Coloque isso de volta. Agora.
Nenhuma resposta.
O ladrão permaneceu imóvel, apenas observando o príncipe.
Lucian estreitou os olhos.
— Não sei quem você é. Não sei como entrou aqui. Mas sei que não vai sair com essa Runa.
O ladrão parecia hesitar.
Por um instante, parecia que Lucian poderia convencê-lo a desistir.
Mas então, algo aconteceu.
Rápido demais.
Antes que Lucian pudesse reagir…
PAFT!
Uma pancada certeira atingiu a lateral de sua cabeça.
A dor foi instantânea.
A visão se turvou.
O som da lava e das chamas se distorceram em um eco distante.
Lucian sentiu o chão sumir.
E então, tudo ficou preto.
---
O Desaparecimento do Príncipe
Caelum sentiu antes mesmo de saber.
Foi um instinto.
Um arrepio estranho na espinha.
Um vazio repentino no peito.
Ele olhou ao redor do salão… e Lucian não estava lá.
O Imperador levantou-se imediatamente.
— Guardas. — Sua voz ecoou como um trovão.
Os soldados se perfilaram na hora.
— Encontrem meu filho. AGORA.
Helia arqueou a sobrancelha.
— Caelum, ele só saiu por um momento.
— Não. — Caelum rosnou. — Algo está errado.
Helia bufou, cruzando os braços.
— Você está paranoico.
— Ouça o que eu estou dizendo.
— Eu ouço! Mas você age como se ele fosse uma criança indefesa!
— ELE É MEU FILHO!
— Ele tem 15 anos, Caelum!
— E o quê?! Ele sumiu há exatos 3 minutos e 45 segundos, Helia! ISSO NÃO É NORMAL!
A Imperatriz revirou os olhos.
— Ele só foi respirar um pouco.
— Não.
Caelum virou-se para os guardas.
— Procurem no castelo inteiro. Verifiquem cada corredor, cada salão, cada passagem secreta. Ele não pode ter ido longe.
Os soldados obedeceram imediatamente, saindo às pressas.
No entanto…
Os minutos começaram a passar.
E nada.
Helia começou a sentir o incômodo crescer.
A cada instante, a ausência de Lucian pesava mais e mais.
Até que, finalmente…
Virou um problema real.
O salão de festas estava em completo silêncio.
Os risos cessaram.
A música morreu.
As danças foram interrompidas.
Tudo por causa de uma única pessoa.
O Imperador.
Caelum estava parado no centro do salão, ofegante, os olhos dourados brilhando como lava incandescente.
Ele não falava.
Ele não se movia.
Mas a temperatura no palácio subiu assustadoramente.
O ar ficou denso, sufocante.
Os convidados começaram a suar, seus colares e pulseiras de ouro esquentavam contra a pele.
Os guardas tremiam em suas armaduras, o chão de mármore abaixo dos pés deles começava a rachar pelo calor extremo.
E então…
— Quem foi?
A voz de Caelum rasgou o silêncio.
Baixa. Grave. Mortal.
Ninguém respondeu.
— Quem pegou meu filho?
O silêncio persistiu.
— QUEM TOCOU NO MEU FILHO?!
O rugido do Imperador abafou qualquer outro som.
As tochas nas paredes explodiram em chamas violentas.
Os copos de cristal trincaram e se partiram.
Os menos acostumados ao calor sentiram suas gargantas arderem apenas por respirar o ar abrasador.
Caelum deu um passo à frente, os olhos como sóis furiosos.
— Se alguém aqui tem algo a dizer… FALE AGORA.
Seu tom não era um pedido.
Era uma sentença de morte para qualquer um que ousasse se calar.
— Se eu descobrir que um de vocês encostou um dedo em Lucian…
Seus punhos se fecharam.
— Eu mesmo vou arrancar a pele do traidor e alimentá-lo com suas próprias cinzas.
Um arrepio passou pelo salão.
As nobres senhoras levaram as mãos ao peito, horrorizadas.
Os duques trocaram olhares nervosos.
Os serviçais tentaram se encolher nas sombras.
Até mesmo os representantes de outros reinos, como o príncipe Zephyr do vento, ficaram tensos.
— Meu amor.
A voz da Imperatriz Helia finalmente soou, cortando o peso da ameaça.
— Não é momento para pânico.
Caelum virou-se para ela, os olhos ainda em chamas.
— Não é momento para pânico?! NOSSO FILHO ESTÁ SUMIDO, HELIA!
— E você não vai encontrá-lo matando todos aqui!
Helia se manteve firme.
— Respire. Pense. Precisamos agir com lógica.
Caelum cerrou os dentes, os músculos do maxilar tensionando.
— Eu vou queimar este império inteiro se for preciso.
— E o que Lucian diria se voltasse e visse isso?
Por um segundo…
Caelum hesitou.
Mas então, ele bufou e socou uma das colunas do salão.
A pedra trincou violentamente sob a força do golpe, rachaduras se espalhando como uma teia.
Os convidados se encolheram ainda mais.
O Imperador estava à beira de explodir.
Mas então, um dos guardas se aproximou, tremendo.
— S-Sua Majestade… Encontramos algo.
Caelum se virou imediatamente.
— Onde?!
— No Santuário Imperial… A Runa de Fogo desapareceu.
Um novo silêncio caiu sobre a sala.
Mas este era diferente.
Era pesado.
Sombrio.
Helia ficou pálida.
Os convidados prenderam a respiração.
Caelum demorou um segundo para processar.
Seu filho.
Seu Lucian.
Desaparecido.
A Runa de Fogo.
Roubada.
Os olhos do Imperador brilharam com um ódio jamais visto.
E então…
O inferno começou.
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Atualizado até capítulo 28
Comments
Cristiane de Oliveira
Isso aí lucian não se deixa enganar por um rostinho lindo
2025-03-22
1
Cristiane de Oliveira
Esse imperador é cruel...kkkkkkķkkk
2025-03-22
1
Cristiane de Oliveira
Nossa esse daí ama o filho de mais...sabe até os minutos e segundos que ele saiu
2025-03-22
1