O Aniversário do Príncipe Mimado

O Palácio Escarlate estava um verdadeiro caos naquela manhã. Servos corriam de um lado para o outro, carregando bandejas de ouro, tecidos finos e caixas de joias cintilantes. Nobres de alto escalão já começavam a chegar à capital, trazendo consigo presentes luxuosos e suas melhores vestimentas para impressionar a família imperial.

No meio disso tudo, a Imperatriz Helia mantinha a compostura, mas por dentro queria arrancar os próprios cabelos.

— Essas toalhas de mesa estão um centímetro desalinhadas! — ela apontou para um grupo de servos, que imediatamente se curvaram e correram para ajeitar tudo.

Os jardins do palácio estavam sendo decorados com flores flamejantes e lustres de cristal encantado. O salão principal brilhava com tapeçarias novas, e a mesa do banquete era preenchida com pratos tão requintados que até mesmo nobres do Reino da Água ficariam impressionados.

Helia se certificava de cada mínimo detalhe: desde a disposição dos talheres até a exata temperatura dos vinhos que seriam servidos. Nada podia sair errado no aniversário do príncipe.

No entanto… o verdadeiro problema estava acontecendo em outro lugar do palácio.

O Imperador e os Preparativos do Príncipe

Enquanto Helia organizava o evento com precisão cirúrgica, seu marido, o Imperador Caelum, tinha sua própria missão: garantir que Lucian estivesse perfeito.

O problema era que… ninguém conseguia tirá-lo do quarto do filho.

— Esse tecido?! VOCÊS ACHAM QUE MEU FILHO VAI USAR ISSO?! — Caelum segurava uma túnica caríssima feita de seda importada, olhando para as costureiras como se elas tivessem cometido um crime contra a coroa.

— Majestade, essa seda é a mais cara de todo o reino… — uma das empregadas tentou argumentar, mas ele jogou o tecido de lado, indignado.

— E daí?! Não é bom o suficiente! Tirem isso da minha vista e tragam algo mais digno do meu bebê!

Lucian, que estava sentado na beira da cama, já havia desistido de lutar.

— Pai, por favor… qualquer roupa serve…

— QUALQUER ROUPA?! — Caelum quase caiu para trás, como se tivesse sido esfaqueado. — Você está falando com o imperador, garoto! Como você pode achar que "qualquer roupa" é o bastante para a estrela de Ignisfera?!

Lucian suspirou.

— Eu só quero vestir algo confortável…

— NÃO! Você vai usar algo digno da realeza, com ouro, pedras preciosas e—

— Ele não é um pavão, Caelum!

A voz afiada de Helia soou pela porta, e Caelum se virou como uma criança pega no flagra.

— M-meu amor… eu só quero que nosso filho esteja deslumbrante… — ele disse, completamente desarmado diante da esposa.

Helia colocou as mãos na cintura, olhando para a bagunça de tecidos e joias espalhados pelo quarto.

— Você fez as empregadas testarem dez trajes diferentes no Lucian?!

Caelum engoliu em seco.

— Onze…

Lucian se jogou para trás na cama, dramaticamente.

— Eu não aguento mais…

Helia suspirou e esfregou as têmporas.

— Chega. Eu mesma escolherei a roupa do nosso filho. Caelum, vá verificar a segurança do evento.

O imperador fez um bico.

— Mas—

— AGORA.

Ele bufou, mas antes de sair, se ajoelhou na frente de Lucian e segurou suas mãos como se estivesse prestes a chorar.

— Meu bebê… não se esqueça que seu pai te ama mais que tudo… e que você merece apenas o melhor…

Lucian revirou os olhos.

— Vai logo antes que a mãe te mate.

Com um último olhar triste, Caelum finalmente saiu do quarto.

Helia suspirou pesadamente.

— Esse homem ainda vai me enlouquecer.

Lucian apenas riu baixinho, sabendo que seu pai era um caso perdido.

Mas, apesar do caos daquela manhã, ele não sabia que aquela noite mudaria sua vida para sempre…

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