O Chamado do Mar e as Chamas do Sangue

A reunião se estendia por horas, os governantes das estações debatendo estratégias, alianças e possibilidades. Nenhuma resposta concreta. Nenhuma solução real.

Magnus, o rei das terras, cruzava os braços, impaciente, enquanto Caelum mantinha sua postura rígida, embora seus olhos estivessem distantes.

E então… tudo mudou.

Orion se congelou no lugar.

Seu olhar, sempre frio e afiado, se voltou para o horizonte além das montanhas.

O vento que soprava pelas janelas trazia algo diferente.

O cheiro do mar.

Mas não um cheiro comum.

A brisa estava densa, carregada de energia. O sal da água parecia mais áspero na pele, e ele sentia a pressão do oceano se alterando.

Lysander.

Seu ômega, seu imperador consorte, estava se agitando.

E se Lysander, tão calmo quanto a maré em um dia sereno, estava assim…

Então algo terrível estava acontecendo.

Orion não precisou de mais nada.

Levantou-se bruscamente, interrompendo qualquer um que ainda falava.

Todos os olhares se voltaram para ele, mas seus olhos não vacilaram.

— Eu estou partindo.

Magnus franziu a testa. — O quê?

— Algo está acontecendo nos mares. Meu consorte está inquieto. Eu não posso ignorar.

O tom de Orion não deixava espaço para discussões.

Mas antes que pudesse sair…

Caelum estremeceu.

As chamas dentro dele vacilaram e, em seguida, queimaram com fúria.

Não de raiva.

Não de poder.

Mas de desespero.

De esgotamento.

Como se alguém que compartilhava seu sangue estivesse se consumindo.

Seus olhos se arregalaram.

Lucian.

O corpo do imperador do fogo se tensionou, sua respiração pesada.

Magnus o notou na mesma hora.

— Caelum?

Mas ele já estava se movendo.

Orion deu um último olhar para todos ali e declarou firmemente:

— Eu serei um aliado para todas as estações. Mas não vou perder tempo aqui quando meu reino me chama.

E com isso, ele se foi.

Caelum não disse uma palavra.

Mas em seu peito, as chamas queimavam mais forte do que nunca.

Helia se levantou imediatamente.

Ela conhecia Caelum melhor do que ninguém.

Seu marido estava fervendo.

Não de raiva.

Não de frustração.

Mas porque ele sentia.

Sentia Lucian.

O fogo de seu filho ardeu dentro dele como brasas prestes a explodir. Mais forte do que qualquer outra conexão.

Mais forte, até mesmo, do que a dela, que o carregou por nove meses.

— Caelum... — A voz dela era firme, mas calma. — Respire.

Mas como ele poderia?

Ele não conseguia.

Astherion, o imperador dos ares, bufou com desdém.

— Isso está se tornando ridículo. Sentir não vai trazer o garoto de volta.

Os olhos de Caelum se estreitaram, chamas brilhando em suas íris douradas.

A sala ficou mais quente.

Mas antes que ele pudesse responder, Magnus se moveu.

E o olhar que lançou para Astherion foi o suficiente para silenciá-lo.

Frio. Afiado. Um aviso.

Não provoque.

Não o pressione.

Não mexa com ele.

Porque ninguém tocava no seu antigo amor.

Não importa quantos anos tivessem se passado.

Não importa que nenhum dos dois quisesse falar sobre isso.

Memórias eram como brasas enterradas sob cinzas.

E algumas ainda queimavam.

Magnus desviou o olhar de Astherion e se voltou para Caelum.

— Caelum. Você precisa se controlar.

A voz era baixa, firme.

Não era uma ordem.

Era um chamado.

E de alguma forma...

Funcionou.

Talvez 1%.

Mas era o suficiente para que Caelum prendesse a respiração, fechasse os olhos e tentasse conter o vulcão dentro de si.

Magnus viu seus punhos se fecharem. Viu os ombros tensos relaxarem só um pouco.

Não era muito.

Mas era o suficiente para que todos ali soubessem que a fúria do fogo ainda estava sob controle.

Por enquanto.

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