O amanhecer chegou com o céu cinzento e uma fina garoa. Ji-woo acordou antes de Ji-on, ainda deitado no sofá. Observou o rosto sereno de Ji-on enquanto ele dormia. Ver Ji-on assim, sem as expressões de poder e controle que sempre exibia, era quase surreal. Havia uma doçura oculta que Ji-woo não esperava encontrar.
Levantou-se silenciosamente, pegando suas roupas para se vestir. Precisava de um momento para respirar e organizar os pensamentos. Estar com Ji-on na noite anterior havia quebrado mais barreiras do que ele imaginava.
Assim que Ji-woo terminava de calçar os sapatos, Ji-on abriu os olhos lentamente. Seu olhar encontrou o de Ji-woo imediatamente.
— Vai fugir? — Ji-on perguntou, sua voz ainda rouca de sono, mas carregada de uma leve preocupação.
Ji-woo parou, hesitando.
— Não é fuga. Só... preciso de ar. Isso tudo está acontecendo muito rápido.
Ji-on se levantou, caminhando até ele com passos suaves. Parou em frente a Ji-woo e tocou sua mão.
— Eu entendo. Só me prometa que não vai desaparecer.
Ji-woo sentiu o peso daquela promessa.
— Não vou.
Ji-on sorriu levemente, aliviado.
— Certo. Vou esperar por você.
Ji-woo saiu do apartamento sentindo-se dividido. Por mais que desejasse Ji-on, a intensidade do que estavam construindo ainda o assustava.
---
O dia no escritório foi um teste de paciência. Os olhares furtivos continuaram, mas Ji-woo notou algo diferente: havia uma nova tensão entre os outros funcionários. Murmúrios e olhares desconfiados surgiam a cada canto que passava.
Durante o intervalo, seu colega de trabalho, Min-kyu, o abordou.
— Ouvi dizer que o chefe anda meio... próximo de você — comentou, um sorriso curioso dançando em seus lábios.
Ji-woo sentiu o estômago se revirar.
— O que está querendo dizer?
— Nada, só um comentário. Mas cuidado, Ji-woo. Ji-on é conhecido por ser implacável com quem ultrapassa limites.
Min-kyu saiu antes que Ji-woo pudesse responder, deixando um gosto amargo em sua boca.
Quando o expediente terminou, Ji-on esperava por Ji-woo na entrada do prédio. A expressão séria de Ji-on não passou despercebida.
— Podemos conversar?
Ji-woo assentiu, seguindo Ji-on para um local mais privado.
— Estão começando a falar sobre nós — Ji-on disse, sem rodeios.
— Eu sei.
O silêncio que se seguiu foi carregado de tensão.
— Se isso for demais para você... — Ji-on começou, mas Ji-woo o interrompeu.
— Não. Não vou desistir por causa de rumores.
Ji-on encarou Ji-woo por um longo momento antes de sorrir levemente.
— Você realmente me surpreende, Ji-woo.
Eles se aproximaram, e o que começou como um toque de mãos rapidamente se transformou em um abraço apertado. Havia promessas silenciosas naquele gesto, promessas de enfrentar tudo juntos, não importava o que viesse.
O futuro ainda era incerto, mas uma coisa era clara: nenhum deles estava disposto a abrir mão do que haviam começado.
Ji-woo afundou no abraço, sentindo o calor do corpo de Ji-on como um porto seguro. Ali, entre os braços dele, o mundo parecia se afastar, e todas as dúvidas e receios se dissolviam, mesmo que apenas por um momento.
— O que fazemos agora? — Ji-woo perguntou, a voz baixa, mas carregada de determinação.
Ji-on afrouxou o abraço o suficiente para encará-lo, seus olhos firmes e sinceros.
— Agora, seguimos em frente. Juntos.
Por mais simples que a resposta fosse, Ji-woo sabia que ela escondia complexidades. Estavam navegando em território delicado, e as sombras dos rumores já começavam a lançar uma nuvem sobre o que estavam construindo.
De repente, os dois ouviram o som de passos no corredor. Ji-woo imediatamente se afastou, e ambos viraram-se para ver Min-kyu parado ao final do corredor, observando com uma expressão enigmática.
— Parece que as fofocas tinham fundamento, afinal — Min-kyu comentou, sua voz carregada de uma ironia perigosa.
Ji-woo sentiu o sangue gelar, mas Ji-on permaneceu impassível.
— Cuidado com o que fala, Min-kyu. Acusações sem provas são perigosas — Ji-on disse, sua voz firme, mas controlada.
Min-kyu apenas deu de ombros.
— Só estou observando. O escritório adora uma boa história. E você sabe como essas histórias crescem rápido.
Ele se virou e saiu antes que qualquer um dos dois pudesse responder.
Ji-woo sentiu a tensão apertar seu peito.
— Isso vai piorar, não vai?
Ji-on olhou para Ji-woo, e pela primeira vez, havia uma mistura de preocupação e raiva em seus olhos.
— Deixe comigo. Não vou permitir que ninguém use rumores para te ferir.
Ji-woo sabia que as palavras de Ji-on eram uma promessa. Mas também sabia que Ji-on estava entrando em um campo minado.
---
Na manhã seguinte, Ji-woo chegou ao escritório mais cedo, esperando evitar olhares e murmúrios. Mas, ao entrar, encontrou Min-kyu parado próximo à sua mesa, com um sorriso cínico estampado no rosto.
— Você realmente acha que pode sair ileso dessa? — Min-kyu provocou.
Ji-woo respirou fundo, tentando manter a calma.
— O que você quer, Min-kyu?
— Apenas me divirto observando pessoas como você acharem que podem subir na empresa se aproximando da pessoa certa.
— Você não sabe nada sobre mim.
— Talvez. Mas sei o suficiente para perceber quando alguém está fora do lugar.
Antes que Ji-woo pudesse responder, uma voz cortou o ar.
— Min-kyu, uma palavra. Agora.
Ji-on apareceu, e sua expressão era a de um homem que não estava disposto a negociar. Min-kyu lançou um olhar irritado para Ji-woo antes de seguir Ji-on para a sala de reuniões.
Ji-woo sentou-se, mas seu coração ainda estava disparado. Não sabia o que Ji-on diria ou faria, mas sabia que aquela guerra interna havia acabado de começar.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 30
Comments