O Peso do Silêncio

A semana passou devagar para Ji-woo, mas ao mesmo tempo, cada momento parecia mais denso do que o anterior. Ele estava começando a perceber que algo dentro de si estava mudando. Aquela sensação desconfortável e ao mesmo tempo excitante, de ser atraído por alguém como Ji-on, já não podia mais ser ignorada. Mas o que isso significava? E por que ele estava se permitindo sentir isso por alguém tão... inacessível?

Naquela quinta-feira, quando a tarde começou a se transformar em noite, Ji-woo ficou para revisar alguns relatórios. A luz do escritório estava suave, quase íntima, e ele se perdeu nas cifras e notas fiscais que tinha à sua frente. A empresa estava passando por mudanças e a pressão sobre ele para acertar todos os detalhes era imensa. Mas, como sempre, sua mente voltava a ele. Ji-on.

A porta se abriu com um leve estrondo, e Ji-woo levantou os olhos, esperando mais uma solicitação de última hora. No entanto, ao ver Ji-on, algo diferente pairou no ar. O CEO estava mais descontraído do que o habitual, sem o peso das formalidades empresariais, mas isso só aumentou a tensão. Ele entrou com uma leveza incomum, sem a usual frieza que o caracterizava.

“Eu estava pensando em um projeto futuro. Gostaria da sua opinião, Ji-woo,” disse Ji-on, e pela primeira vez, sua voz parecia menos exigente e mais curiosa.

Ji-woo sentiu um frio na espinha, mas tentou disfarçar. “Claro, senhor. Pode me dar mais detalhes?”

Ji-on se aproximou de sua mesa e colocou uma pequena pasta diante de Ji-woo. A proximidade de ambos fez o ar parecer mais espesso, como se o espaço entre eles estivesse carregado de alguma coisa não dita.

“Eu estou considerando expandir a empresa para outros mercados. Mas quero que a visão seja mais... pessoal. Mais voltada para a experiência humana. E preciso de alguém em quem eu confie para me ajudar a moldar essa visão. O que acha disso?”

Ji-woo olhou para a pasta e, por um instante, a lógica tomou conta de sua mente. Era o trabalho, apenas o trabalho. Não havia necessidade de complicar mais as coisas. Ele devia focar em sua carreira, não em algo que claramente era uma distração. Mas quando olhou para Ji-on, o impacto de sua presença foi avassalador.

“É uma ideia interessante, senhor. Vou analisar todos os aspectos e trazer algumas sugestões. Não se preocupe,” Ji-woo disse, tentando manter a compostura. Mas sua mente já estava fora de controle. Ele sabia que Ji-on não estava apenas falando de negócios, e sim de algo mais.

Ji-on se inclinou sobre a mesa, mais uma vez muito perto de Ji-woo, e isso fez o coração dele acelerar. “Eu não quero que seja só mais um projeto qualquer, Ji-woo. Quero que você sinta o que estou propondo. Que faça parte disso, que viva a ideia ao lado de mim. Esse não será apenas mais um trabalho... Eu quero algo mais. Com você.”

O ambiente ficou em silêncio. Cada palavra de Ji-on parecia um convite, mas também um teste. Ji-woo sabia que estava sendo desafiado de uma forma que ia além das responsabilidades profissionais. Havia algo naquele pedido que fazia o corpo dele reagir de maneira inesperada, algo que ele não sabia como controlar.

Ele se forçou a desviar o olhar, para não ceder à tentação de se perder em algo que não podia controlar. “Entendido. Vou me concentrar nos detalhes.”

Ji-on observou-o em silêncio por alguns segundos. Não era apenas curiosidade que havia em seu olhar agora. Era algo mais profundo, algo que ele não estava tentando esconder, mas ao mesmo tempo, algo que Ji-woo não sabia como interpretar. Ele queria entender o que se passava na cabeça de Ji-on, mas ao mesmo tempo, temia o que descobriria.

“Ótimo.” Ji-on finalmente se afastou da mesa, mas antes de virar as costas, ele lançou um último olhar para Ji-woo. “Às vezes, é preciso ir além do óbvio. Não se esqueça disso.”

Ji-woo sentiu um calafrio ao ouvir essas palavras. Elas estavam impregnadas de um significado que ele ainda não conseguia decifrar. O jogo entre eles não era mais uma questão de simples trabalho. Era pessoal. E ele estava sendo puxado cada vez mais para dentro desse jogo, sem saber exatamente até onde ele estava disposto a ir.

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