A manhã seguinte chegou com o céu nublado e o ar pesado, mas Ji-woo acordou diferente. Embora ainda houvesse uma tensão interna, sentia-se mais leve. No caminho para o trabalho, seus pensamentos se alternavam entre a conversa e os beijos com Ji-on. Algo havia mudado, e ele sabia que não dava mais para voltar atrás.
Ao chegar ao escritório, Ji-woo tentou se concentrar em suas tarefas, mas não passou muito tempo até ouvir passos familiares. Ji-on entrou na sala, sua presença sempre imponente. Ele lançou um olhar breve, mas carregado de significado.
— Precisamos ter uma reunião privada — Ji-on anunciou para os demais funcionários, sem sequer esperar por uma resposta.
Ji-woo sabia que era um pretexto. Quando a sala ficou vazia e a porta se fechou, o silêncio entre os dois era palpável. Ji-on não perdeu tempo. Aproximou-se, mas não com a mesma urgência da noite anterior. Havia um cuidado, uma delicadeza que Ji-woo não estava acostumado a ver.
— Como você está? — Ji-on perguntou, os olhos fixos nos de Ji-woo.
A pergunta simples pegou Ji-woo de surpresa. Ele abriu a boca para responder, mas não sabia o que dizer. Estava acostumado a se proteger, a se esconder atrás de paredes erguidas por anos de disciplina e autocontrole.
— Eu... estou confuso — admitiu, finalmente. — Mas não arrependido.
Ji-on sorriu levemente, e aquele sorriso foi suficiente para dissipar parte da tensão entre eles.
— Isso já é um começo.
Ji-woo sentiu o calor subir ao rosto, mas não desviou o olhar. Havia algo libertador em ser honesto, mesmo que não soubesse o que o futuro reservava.
Ji-on deu mais um passo à frente, reduzindo a distância entre eles. Por um momento, Ji-woo achou que ele o beijaria novamente, mas Ji-on apenas ergueu a mão e tocou seu rosto com a ponta dos dedos.
— Eu não quero que isso seja apenas um jogo de poder para nós, Ji-woo. Quero que seja real.
O coração de Ji-woo disparou. As palavras de Ji-on tinham um peso que ele não esperava ouvir.
— Eu não sei como fazer isso — Ji-woo murmurou. — Não sei como lidar com sentimentos assim.
— Então vamos descobrir juntos.
Por mais simples que fosse, aquela promessa era exatamente o que Ji-woo precisava ouvir. Pela primeira vez, ele não se sentia sozinho na luta interna que travava há tanto tempo.
O toque de Ji-on permaneceu por mais alguns segundos antes que ele se afastasse lentamente, deixando uma sensação de calor e segurança em seu lugar.
— Vamos voltar ao trabalho — Ji-on disse, com um sorriso suave. — Mas esta conversa ainda não acabou.
Enquanto Ji-on saía da sala, Ji-woo respirou fundo, sentindo uma nova determinação crescer dentro de si. Sabia que ainda havia muitas barreiras a superar, mas pela primeira vez, sentia-se pronto para enfrentá-las ao lado de Ji-on.
Ji-woo passou os dedos pelos cabelos, tentando processar o que acabara de acontecer. Ji-on não era apenas um chefe difícil e imponente. Ele havia mostrado uma vulnerabilidade e uma sinceridade que abalavam tudo o que Ji-woo acreditava saber sobre si mesmo e sobre o mundo ao seu redor.
O resto do dia foi marcado por pequenos olhares trocados e momentos furtivos. Nenhum dos dois falou sobre o que havia acontecido, mas a tensão entre eles era palpável. Ji-woo sabia que os outros funcionários sentiam a atmosfera diferente, mesmo que não pudessem entender.
Ao final do expediente, Ji-woo preparava-se para ir embora quando seu telefone vibrou. Uma mensagem curta de Ji-on apareceu na tela:
"Espero por você no estacionamento."
O coração de Ji-woo disparou. Ele sabia que poderia ignorar, mas algo o impelia a ir. Com passos controlados, mas o interior em turbilhão, ele desceu para o estacionamento subterrâneo.
Ji-on estava encostado em seu carro, os braços cruzados e a expressão séria. Quando viu Ji-woo se aproximar, seu olhar suavizou.
— Precisava ver você mais uma vez antes de ir para casa.
Ji-woo parou a poucos metros de distância, sem saber como reagir. As palavras simples de Ji-on carregavam um peso emocional que Ji-woo ainda lutava para aceitar.
— Não sei o que fazer com tudo isso, Ji-on — Ji-woo confessou, sua voz baixa, quase um sussurro. — Minha cabeça diz uma coisa, mas meu coração...
Ji-on se aproximou, seus passos lentos e calculados. Ele parou à frente de Ji-woo, respeitando o espaço dele, mas sem esconder seus sentimentos.
— Seu coração já decidiu, Ji-woo. Só está com medo de ouvir.
Aquelas palavras penetraram fundo. Ji-woo sentiu uma mistura de raiva e alívio. Raiva porque Ji-on estava certo. Alívio porque, finalmente, ele não precisava mais carregar tudo sozinho.
— E o que você quer de mim? — Ji-woo perguntou, a voz mais firme agora.
— Quero que você confie em mim. Quero que a gente descubra isso juntos, sem medo.
O silêncio que se seguiu não foi desconfortável. Ji-woo sabia que havia chegado a um ponto de decisão. Ele podia se afastar, retornar ao mundo que conhecia e onde se sentia seguro. Ou podia dar um passo à frente, entrar em território desconhecido ao lado de Ji-on.
— Eu não sou fácil de lidar, Ji-on.
— Nem eu.
Os dois se encararam por um longo momento antes que Ji-woo finalmente deixasse um sorriso discreto surgir em seus lábios.
— Está disposto a correr o risco?
Ji-on não hesitou.
— Sempre estive.
Ji-woo sentiu algo mudar dentro de si. Não era um rompimento abrupto de suas paredes, mas uma pequena rachadura. Um começo.
Sem dizer mais nada, Ji-on estendeu a mão. Ji-woo olhou para ela por um momento antes de, finalmente, aceitá-la.
Enquanto os dois saíam juntos do estacionamento, Ji-woo sabia que aquele era apenas o começo de algo novo. Algo que ele não sabia exatamente onde levaria.
Mas, desta vez, ele estava disposto a descobrir.
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Atualizado até capítulo 30
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