Limites e Impulsos

Ji-woo mal dormiu naquela noite. As palavras de Ji-on ainda ecoavam em sua mente, cada detalhe da conversa gravado com precisão. A intensidade entre eles havia atingido um ponto insustentável, e agora era impossível ignorar o que estava acontecendo.

Na manhã seguinte, ele chegou ao escritório mais cedo do que o habitual, na tentativa de se organizar e encontrar uma forma de manter a compostura. Mas o destino parecia decidido a testar sua força. Não demorou muito até que o som de passos firmes ecoasse pelo corredor. Ji-on estava chegando.

“Ji-woo, preciso que venha à minha sala imediatamente,” Ji-on disse com sua voz firme e decidida, parando ao lado da mesa do assistente por breves segundos.

Ji-woo sentiu um arrepio subir pela espinha. Não houve nenhuma emoção explícita nas palavras de Ji-on, mas o olhar que trocaram contou outra história completamente diferente. Com o coração acelerado, ele se levantou e o seguiu.

Ao entrarem no escritório, Ji-on fechou a porta atrás deles, criando uma barreira que parecia selar todas as emoções não ditas dentro daquele espaço. Ji-woo esperava que a conversa fosse sobre trabalho, mas o silêncio que caiu sobre eles indicava outra coisa.

“Não posso mais continuar assim,” Ji-on começou, cruzando os braços e encarando Ji-woo com uma expressão intensa. “Ontem à noite, eu pensei muito sobre o que estamos fazendo. Ou melhor, sobre o que estamos evitando fazer.”

Ji-woo engoliu em seco, mas manteve sua posição. “Ji-on, você está cruzando uma linha perigosa. Somos profissionais. Isso… não deveria estar acontecendo.”

“Mas está.” Ji-on deu um passo à frente, reduzindo a distância entre eles. “Não adianta negar, Ji-woo. Não quando tudo que sinto fica cada vez mais forte toda vez que olho para você.”

O ar ficou denso. Ji-woo sentiu o peso daquelas palavras e o quanto Ji-on estava disposto a se expor. Ele mesmo estava lutando contra a tempestade de emoções dentro de si, mas sabia que não poderia mais fingir que nada existia entre eles.

“Então o que você quer de mim?” Ji-woo perguntou, sua voz baixa, quase um sussurro.

“Quero que você pare de fugir.” Ji-on se aproximou ainda mais, até que os dois estavam tão próximos que Ji-woo podia sentir o calor que emanava dele. “Quero que seja honesto. Comigo e consigo mesmo.”

Ji-woo fechou os olhos por um momento, tentando encontrar algum vestígio de controle. Mas era inútil. A barreira que ele havia erguido durante todos aqueles meses finalmente desmoronava.

“Isso não é simples, Ji-on. Você sabe disso.”

“Eu não quero algo simples,” Ji-on respondeu. “Quero algo real.”

A intensidade do momento foi quebrada por um toque na porta. Ambos se afastaram rapidamente, como se um alarme tivesse soado.

“Senhor Ji-on, a reunião com os investidores começará em dez minutos,” a secretária anunciou do outro lado da porta.

Ji-on respirou fundo, recuperando a compostura. “Entendido. Já estou a caminho.”

Quando a porta se fechou novamente, Ji-on voltou seu olhar para Ji-woo, mas desta vez com uma expressão mais contida.

“Essa conversa não acabou,” ele disse, antes de sair da sala com passos firmes.

Ji-woo ficou parado por alguns instantes, processando tudo o que havia acontecido. Ele sabia que estava no limite de algo incontrolável. E, no fundo, não tinha certeza se queria mesmo recuar.

O que viria a seguir? Essa pergunta pesava mais do que qualquer relatório ou decisão de negócios. Mas, por enquanto, a única certeza era que Ji-on estava decidido a derrubar todas as barreiras que eles haviam erguido. E Ji-woo estava cada vez mais tentado a deixar isso acontecer.

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