Após três semanas desde os eventos turbulentos, Flora se afastou de Renan. Eles mal se falavam agora, e o silêncio entre eles era um reflexo da distância que se havia criado. Enquanto isso, Lúcia e Júlia se aproximaram cada vez mais de Flora, tornando-se suas companheiras inseparáveis. Juntas, saíam frequentemente para se divertir, se distraindo das tensões do cotidiano.
Henrique e Júlia, por sua vez, haviam começado a namorar, e a felicidade deles parecia contrastar com a confusão que Flora sentia em seu coração. Gabriel, sempre atento, não escondia seus sentimentos por Flora, e às vezes, ela percebia pequenos gestos que indicavam um possível interesse. Porém, Flora não estava disposta a se envolver com ninguém. Ela não queria compromisso, principalmente após tudo o que havia acontecido com Renan e as complicações que isso trouxe para sua vida.
As cartas, por outro lado, continuavam aparecendo uma vez por semana, como um enigma que ela não sabia como resolver. Elas sempre a deixavam com um misto de curiosidade e apreensão. Cada uma delas parecia trazer uma mensagem diferente, e a última, especialmente, foi mais suave e motivadora, quase como se tivesse o objetivo de acalmá-la. Embora ainda sentisse um certo receio, Flora se sentiu um pouco mais tranquila ao ler a última carta, que parecia ser uma forma de conforto diante de sua confusão emocional.
Lúcia e Júlia, ao saberem das cartas, começaram a suspeitar que Gabriel poderia ser o autor, mas Flora não achava que ele faria algo tão misterioso. Ela tentava afastar essa ideia, mesmo que um canto de sua mente começasse a questionar a possibilidade.
A verdade era que, por mais que tentasse, Flora não conseguia esquecer as cartas. Elas a faziam pensar em algo que ela ainda não conseguia entender, e isso a deixava em um estado constante de dúvida.
Lúcia e Júlia ligaram para Flora, animadas com o convite para a festa de Mirella, uma colega de sala das meninas. Como Flora não havia ido à escola naquele dia para cuidar de seu avô, que não estava se sentindo bem, ela não teve a oportunidade de pegar o convite pessoalmente.
Lúcia: Flora, você não vai acreditar! Tem uma festa hoje, da Mirella. Vai ser demais! Você tem que ir! — Lúcia falou, cheia de empolgação.
Flora: Eu queria muito ir, meninas, mas... não posso. Meu avô não está bem e eu prometi que ficaria com ele hoje. Não posso deixá-lo sozinho. — Flora respondeu, com uma voz preocupada.
Lúcia e Júlia trocaram um olhar rápido pela ligação, mas antes que pudessem insistir, a mãe de Flora, ouvindo a conversa, abriu a porta do quarto de Flora e entrou na conversa.
Mãe de Flora: Flora, você tem se dedicado tanto ao seu avô, mas você também precisa de um tempo para você. Não sai de casa há dias, e você merece se divertir um pouco. Eu vou ficar com ele, pode ir.
— Ela disse, com um sorriso suave, tentando convencer Flora.
Flora: Mas mãe, ele não está muito bem... Eu queria ficar com ele... — Flora respondeu, ainda com um olhar preocupado.
Mãe de Flora: Ele vai ficar bem, querida. Eu estarei aqui, e você também precisa de um descanso. Vai ser bom para você. Se você não sair, vai acabar ficando mais para baixo. Vá se divertir um pouco, e quando voltar, vai se sentir bem melhor. — A mãe de Flora disse, com um tom tranquilizador.
Flora pensou por um momento, relutante, mas acabou concordando. A mãe dela tinha razão, e, apesar de se preocupar com o avô, sabia que a diversão também poderia ajudá-la a se distrair.
Flora: Ok, vou com as meninas. Mas se ele precisar de alguma coisa, me avise, tá? — Flora disse, já se sentindo um pouco mais aliviada.
Mãe de Flora: Pode deixar. Agora, vocês duas venham aqui. Vou ajudar vocês a ficarem deslumbrantes para a festa! Vamos fazer isso juntas!
— Ela disse, com entusiasmo.
Lúcia e Júlia, já sabendo que Flora aceitaria, ficaram muito empolgadas.
Lúcia: Sério, mãe da Flora, você é demais! Vamos para aí agora! Vai ser uma noite incrível! — Lúcia exclamou, cheia de animação.
Flora, se sentindo um pouco mais aliviada, desligou a ligação e foi até sua mãe, que já estava planejando o que fariam para deixá-las deslumbrantes para a festa. Mesmo com a preocupação com seu avô, ela sabia que estava fazendo a escolha certa ao sair um pouco e tentar se divertir.
Lúcia e Júlia chegaram na casa de Flora e logo foram para o quarto dela, já bem à vontade, como se fossem parte da família. Flora estava terminando de se arrumar quando Lúcia, empolgada com a ideia de sair para a festa, disse:
Lúcia: Flora, você tem que ficar mais linda, tem que mostrar pro Renan que com você não se brinca! — Lúcia parecia muito animada com a ideia, mexendo nas roupas de Flora e sugerindo combinações ousadas.
Flora fez uma cara de desgosto, não gostando nem um pouco da ideia de se arrumar para "mostrar algo" para Renan. Foi quando sua mãe, que estava por perto, ouviu e ficou surpresa por não saber de tudo o que estava acontecendo.
Mãe de Flora: Renan? Eu não sabia disso — com uma expressão surpresa — A mãe de Flora entrou no quarto, sentando-se na cama, interessada em saber mais sobre a situação.
Lúcia, não perdendo tempo, começou a contar tudo resumidamente, explicando como Renan e Flora estavam se afastando e como as coisas estavam tensas entre eles.
Lúcia: — Mexendo nas roupas de Flora. Olha, tia, vou te contar... A Flora tem que parar de dar atenção pra esse Renan, porque ele fica jogando esse joguinho com ela. Ele adora provocar, mas quando vê a Filipa por perto, já era! Ele some, fica todo apagado... E a Filipa, é claro, não perde a oportunidade de se meter em tudo. — Lúcia, com seu jeito tagarela, não conseguia segurar a opinião. Ela sabia que Flora não gostava de ser o centro de atenção, mas achava que esse "empurrãozinho" podia fazer diferença.
Lúcia: — Entusiasmada. Ela nem sabe o que está perdendo, sabia? A Flora é muito mais do que ele pensa. Ele precisa entender que com ela não se brinca! — Lúcia olhou para a mãe de Flora, esperando uma confirmação.
Mãe de Flora: — Assentindo com um sorriso. Você tem razão, minha filha. Ela tem que se mostrar forte, para que ele saiba que ela tem valor. Ela não pode deixar que ele jogue com os sentimentos dela. — A mãe de Flora concordou com o entusiasmo de Lúcia, sentindo a necessidade de ver a filha mais autoconfiante e decidida.
Flora: — Rindo, mas um pouco apreensiva. Lúcia, você está exagerando! Eu só quis me afastar e pensar um pouco. — Flora tentou defender sua postura, mas sabia que Lúcia tinha uma maneira única de dar ênfase aos detalhes.
Mãe de Flora: — E você fez bem, minha filha. Às vezes, a gente precisa se afastar para perceber quem realmente vale a pena. E se ele não soube valorizar você, ele que se cuide. — A mãe de Flora disse, com um olhar confiante e maternal. Ela sabia que a filha tinha força, e isso a fazia admirar ainda mais o comportamento de Flora.
Lúcia: — Mas aí entrou o Gabriel, né? Ele foi o cara que apareceu de verdade, querendo ficar por perto, mas sem pressionar. Acho que ele está começando a gostar de você, Flora. — Lúcia, com um tom mais sério. — Ele é diferente, tia! Ele olha pra Flora de um jeito que ninguém mais olha. Eu acho que ele tem um bom caráter, e seria legal ela dar uma chance pra ele. — Lúcia olhou com um sorriso esperançoso para a mãe de Flora.
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Atualizado até capítulo 30
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