“Lola”
Quando fomos chegando perto do berçário, os meninos estavam sentados jogando baralho. Max ficou visivelmente incomodado.
-O que está acontecendo aqui? Por que não estão trabalhando?
-Você não veio nos passar o serviço, estamos sem nada para fazer.
-Se eu ficar o dia todo fora, vocês vão ficar o dia todo sem fazer nada? Vão arrumar, o que fazer?
Os meninos foram saindo apressados, chamei Maycon de volta.
-Maycon, vem aqui!
Ele veio correndo, mas parou antes de chegar porque Max estava com cara de vou te matar. Enfiei a mão no bolso e tirei um pequeno embrulho, fui ao encontro de Maycon, peguei a mão dele e coloquei o embrulho nela.
-Cumpro minhas promessas.
-É o dente da Luna?
-Vocês deram nome para ela?
-Ela vai ficar bastante tempo aqui, então demos nome.
-Cuida direitinho, vai saber quando vamos tirar outro dente.
-Muito obrigado, doutora.
Saiu correndo e foi mostrar para os outros.
-Como você sabia que ia ver Maycon?
-Eu só sabia que você estava mentindo, e deduzi que iríamos acabar nos encontrando com ele.
-Vamos entrar no berçário, aqui tem uma moça que cuida dos animais até atingirem um tamanho para mudarem de viveiro.
-Ela é veterinária? Bióloga?
-Não, é só uma moça que vive aqui no sítio e Rodrigo deu trabalho para ela.
-Você está estranho, ela é sua namorada?
-Não, eu não tenho namorada.
Antes de entrarmos, passamos pela desinfecção e colocamos um avental. Logo que entrei, vi uma mulher baixinha, mas parecia uma criança com um filhote de preguiça no braço.
-Oi! Max, faz dias que você não vem aqui, o que aconteceu?
Mais que depressa, Max me apresentou a Suzi.
-Suzi, esta é Lola, nossa nova veterinária.
- Muito prazer, eu sou Suzi, a tentativa número 22 do Max.
-Não entendi!
-Max já ficou com algumas mulheres e depois de um tempo começamos a enumerar as sortudas. Fui à última tentativa numero 22 e você tome cuidado para não ser a tentativa 23.
-Para com isso, Suzi, você sempre soube que nós não tínhamos nada sério.
-Então, meu meio-irmão é “um galinha”?
Suzi pensou por um momento e confirmou com a cabeça.
-Você falou tudo, é isso que ele é, “um galinha”. Max, gostei da Lola, ela sabe exatamente como você é, então você não vai enganá-la com seus lindos olhos azuis.
-Vou dar uma olhada no viveiro dos javalis e você, para de falar de mim e mostre as criações para Lola.
-Sim, senhor. Mestre, você está esquisito hoje, mestre.
Max engrossou a voz e falou:
-Suzi para de piadas e faça seu serviço.
Saí antes que Suzi continue falando de mim para Lola. Eu não gostei do que ela falou de mim, eu não sou insensível, só sou homem e elas dão em cima, eu não posso negar.
Dei uma olhada na cerca e quase uma hora depois voltei buscar Lola, que já é hora do almoço.
Quando entrei, vi uma cena que me encantou, uma de nossas onças deu à luz e abandonou o filhote, estamos criando ele na mão. Lola está sentada no chão com a pequena onça-preta nos braços dando mamadeira.
Peguei meu celular e bati uma foto, quando estiver fora da reserva, salvo ela e mando para o Rodrigo.
Cheguei devagar porque sei que “zulu” quando se apega a alguém é ciumento.
-Lola, você está sozinha.
-Estou, senta, mas acho melhor você não sentar muito perto.
-Por quê?
-A oncinha tem ciúmes de mim, mordeu a mão da Suzi, só porque ela estava me ajudando a ajustar a mamadeira dele.
-Zulu, quando gosta de alguém, não deixa outras pessoas chegarem muito perto.
-Suzi estava me contando que foi você quem o encontrou.
-Não foi bem eu, os trabalhadores da cana que estavam trabalhando em uma área o salvaram antes da colheitadeira passar por cima, não achamos nem a mãe e nem irmãos, ou ele tinha sido abandonado pela mãe, ou ela o deixou escondido e saiu caçar e os funcionários da cana o acharam.
-E agora, o que vai ser dele?
-Vamos criá-lo, você sabe o quanto é difícil nascer um macho pantera-negra?
Sei.
Levei a mão para tirar uma mecha de cabelo de Lola que havia caído para frente, Zulu avançou e só não pegou minha mão porque Lola foi mais rápida e o impediu.
-Vou colocá-lo de volta na jaula e me deixa ver se ele não te machucou.
Lola fechou Zulu, que ficou muito nervoso sem a mãe adotiva, e eu só pensei: “calma, Zulu, agora é minha vez de receber carinho”.
Lola voltou, pegou minha mão e viu que não tinha nenhum ferimento.
-Ele não conseguiu te acertar.
-Que pena, se ele tivesse me acertado, você ia ficar mais tempo perto de mim.
-Max, para de brincadeira, você sabe a força da mordida dele? Poderia fraturar sua mão.
-Eu não consegui te dizer mais cedo, mas você está linda com essa roupa.
-Achei que você só gostasse das que vestem calças.
-Eu só não acho que esta roupa dá certo para trabalhar aqui, mas estou mudando de ideia.
-Você veio me procurar só para ficar falando bobagens.
-Vim te buscar para almoçar, senão a Inês vai me matar.
-E vamos largar aqui sem ninguém?
-Já estão todos alimentados logo a Suzi volta.
-Então vamos, que preciso comer, estou faminta.
-Eu também, mas acho que não é comida que vai matar minha fome. Não consigo tirar nosso beijo da cabeça, preciso testar se foi real e não um sonho.
-Max, aquilo foi um erro, não deveria ter acontecido.
-Deixa eu só testar se foi um erro.
Segurou o meu braço e foi se aproximando para me beijar, mas a porta abriu e eu escapei, Suzi entrou.
-Como está a mão?
-Está bem, foi superficial logo vai cicatrizar.
-Ótimo, se você precisar de ajuda até a sua mão sarar não exite em pedir.
-Tá bom, você é bem legal. Não deixe o Max te machucar.
-Não vou, sou mais esperta que ele.
-Vocês duas agora vão pegar mania de ficar falando de mim na minha frente.
olhei para Suzi e dei uma piscadinha e saí rindo.
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Atualizado até capítulo 66
Comments
Vanusa Crispim Da Silva
😂😂😂😂
2025-03-17
2
Carmem Lùcia Pimenta
Ele é demais kkkkk,atiradinho kkkk
2025-03-04
1
Ameles
pode sim, só não quer logo um galinha kkkk
2025-02-08
2