Quem será Lola?

***No sítio

-Max preciso que você vá a Rio Preto, buscar um produto que encomendei na “Agromonte”.

-E só chegar e dar seu nome?

-Fiz uma receita, você vai precisar, é um remédio controlado.

-Então vou passar na “Campolina” estou precisando de uma calça nova.

-Você vai montar esse final de semana?

-Vou! Na festa de Limeira, estou com uma ótima pontuação no circuito de rodeio.

-Compra um chapéu novo e coloque nossa senhora nele para te proteger.

-Pode deixar, ela sempre está comigo.

“Rodrigo”

Vi meu filho subindo no carro e indo fazer o que mandei, ele é bom no que faz, mas tenho medo que se machuque pelo touro ser um animal perigoso, mas fazer o quê devemos criar os filhos para o mundo.

Eu estava almoçando e Inês veio correndo.

-Seu Rodrigo, tem uma mulher falando esquisito no telefone, eu não consigo entender o que ela quer.

Me levantei e fui atender, Inês é minha secretária do lar faz anos, tem quase a minha idade, e ainda me chama de seu Rodrigo.

-Tudo bem Inês vou ver quem é.

Cheguei onde está o telefone que na parte da manhã estava fora do ar, mas pelo jeito voltou.

-Alô! Quem fala?

-Rodrigo sou eu Vilma, sua empregada não me entende, quase achei que estava falando chinês.

-É seu jeito carioca de falar, ela não consegue entender, como está nossa filha?

-Está em um avião indo para sua casa.

-Minha nossa! Que horas ela chega?

-A previsão é para as 15:30 se não atrasar.

-Preciso resolver um problema, depois a gente se fala.

-Tem alguma coisa acontecendo com seu telefone?

-Ele sai do ar quando chove, mas logo estabiliza, tchau, Vilma.

-Tchau, Rodrigo.

“Vilma”

Parece que Rodrigo não gostou de falar comigo, se livrou de mim rapidamente.

“Rodrigo”

Como eu ia falar para Vilma que não tem um carro para buscar Lola, vou ligar para Max e rezar para conseguir falar com ele.

Na terceira tentativa, Max me atendeu.

-Alô Rodrigo! Está me escutando?

-Max preciso que você busque uma pessoa no aeroporto.

-O quê? Não estou te escutando?

-Busca Lola no aeroporto.

-Rodrigo? Alô? Quem é para eu buscar?

-Lola! Busca Lola, chega às 15:30.

-Tá bom! Entendi.

“Max”

Quem será Lola? Parece nome de vaca, mas não deve ser uma vaca. Será que Rodrigo comprou uma noiva? Acho que não, deve ser alguma parente, talvez uma tia, é! O nome parece de uma tia “tia Lola”

Acabei de comprar as minhas calças e um chapéu com a nossa senhora, um pingente na lateral

Agora vou para o aeroporto, buscar a tia Lola. A atendente da Campolina foi muito gentil e me deu um papel escrito, tia Lola, assim a velha vai conseguir me ver.

Cheguei no aeroporto, faltavam cinco minutos para o voo chegar.

No painel está escrito que o avião vem do Rio de Janeiro, será que Rodrigo tem parente lá?

Não demorou muito e anunciou a chegada do avião, peguei o cartaz e fiquei esperando a velha descer, vi uma senhorinha simpática vindo em minha direção achei que fosse, mas passou direto por mim.

Vi uma moça linda logo na minha frente, com um vestido vermelho de alças, uma bolsa parece de crochê igual a Inês faz, ela parou bem na minha frente e ficou me olhando.

Resolvi falar com ela.

-Pois não? Posso te ajudar?

-Eu é que te pergunto. Por que você está com um cartaz com meu nome?

-Deve ser uma coincidência, eu estou esperando a tia do meu patrão.

-Você trabalha na reserva florestal

“Boa Esperança”?

-Trabalho, como você sabe?

-Porque você está com um cartaz com meu nome e eu vou para a reserva.

-Não pode ser! O que uma moça, como você, toda chique, vai fazer em uma reserva?

-Não te interessa, onde está o carro?

-Você é veterinária?

Respondi sem pensar, talvez assim ele se conforma de estar me levando para a Reserva.

-Sou, sim, podemos ir agora?

-Não estou acreditando que Rodrigo fez isso! Contratou uma mulher da cidade para cuidar das criações, você vai ser comida pela onça, volta daqui e eu vou falar para ele que você não desceu do avião.

“Lola”

Quem esse cara pensa que é? Ele é bonito para caramba, calça jeans, camisa azul e chapéu preto e um par de olhos azuis que dá vontade de suspirar. Estou me sentindo na série: “Yellowstone" 

Mas agora é hora de eu colocar limite.

-Como você se chama?

-Maxuel, mas pode me chamar de Max.

-Max, podemos ir agora? Preciso falar com Rodrigo.

-Para você é senhor Rodrigo, ele é seu patrão, tenha respeito por ele.

-Max tenho que te contar uma coisa.

-Não precisa me contar nada, você vai ficar no máximo um dia, então não quero fazer amizade, onde estão suas malas?

-Estão ali, são às duas de onça.

-Mala de onça?

-Por aí já vai dar para você perceber que não tenho medo de onça. Peguei o cartaz da mão dele e esperei ele ir buscar minhas malas. 

Ele foi buscar e continuou falando.

-Quero só ver na prática, falar é fácil, quero ver você toda delicadinha na frente da bichona.

-Se você fizer o favor de me levar na reserva talvez consiga ver, isso se seu patrão não te mandar embora por ter me feito ficar aqui plantada ouvindo você me afrontar.

Max começou a rir bem alto que todos do aeroporto pararam para olhar.

-Você acha que Rodrigo vai me mandar embora por sua causa? Mas como é convencida, bem se vê ser da cidade. Aqui madame somos unidos e não nos desfazemos dos amigos devido a uma estranha.

-Veremos quem é estranho.

“Lola”

Quando cheguei perto do carro não acreditei, é um corcel chocolate achei até que nem existiam mais carros assim.

-Vamos nessa barca?

-Não fala mal do “júnior”, ele pode se ofender com você.

-O “júnior” anda?

Max abriu a porta que deu um estalo e rangeu, fez uma reverência.

-Pode entrar madame, vamos conhecer o lugar mais lindo que você já viu na sua vida.

Entrei e sentei no banco duro e tem uma mola saltando do banco cutucando minha nádega, se a reserva for bonita igual esse carro deve ser um terror.

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