Ele parece um advogado defendendo meu pai, não sei se fiquei brava por que ele conhece meu pai melhor que eu, ou se fiquei com ciúmes da cumplicidade de ambos. Só sei que entrei em modo defesa e falei:
-Porque você não se casa com ele e vão ser felizes para sempre.
-Como você pode ser tão irracional?
-Ele não te abandonou, uma vez a cada dois meses ele sumia por alguns dias, nunca nos disse aonde ia, acho que agora sei, devia ir te ver.
-Se ia, ficava escondido igual um bandido, nunca chegou a falar comigo.
-Tem uma vez no ano que ele senta olhando as estrelas e bebe até cair, talvez você possa me dizer o que aconteceu nesse dia.
-Que dia é esse?
-09/11
Vi o olhar surpreso de Lola.
-É a data de aniversário de casamento dele com minha mãe.
-É, parece que ele não esqueceu sua mãe.
-É o que parece, e você? O que você lembra da sua família?
-Eu tinha uma vida tranquila, meu pai era caseiro dessa casa e minha mãe ajudava ele, aqui era uma fazenda de gado, um dia meu pai foi prensado por um touro na taboa do curral, eu estava na escola quando cheguei minha mãe me contou e disse que ia ficar tudo bem, mas não ficou meu pai faleceu depois de três dias. Voltamos para casa, minha mãe me mandou ficar aqui que ela ia à cidade e logo voltava, mas ela não voltou.
-Você ficou quanto tempo sozinho aqui?
-Eu não tenho certeza, mas acho que um mês, Rodrigo me encontrou eu parecia um bicho arisco ele foi até que conseguiu falar comigo e foi mostrando que eu poderia confiar nele, eu fiquei tão grato que nunca procurei saber porque ela me deixou daquele jeito, se não fosse seu pai eu teria morrido aqui esperando ela voltar.
- Nossa, que triste, mas você teve meu pai, e agora você é um homem formado.
-Sou, mas não confio em ninguém, principalmente em estranhos.
Ouvimos um barulho e olhamos a onça estava andando meio cambaleando, mas já se recuperando.
-Bom, agora ela já acordou, eu vou em casa tomar um banho, preciso tirar essa roupa.
-Vai lá, vou jogar um pedaço de carne para ver se ela come.
-Vou esperar, quero ver se eu estava certa.
-Espera aqui, eu já volto.
Max entrou em uma sala com vários refrigeradores e voltou com um pedaço de carne sangrando.
Jogou na jaula e ficamos até sem respirar esperando a reação da onça que foi até a carne e começou a comer, eu fiquei tão feliz que abracei Max. Tentei me afastar, mas Max estava com a mão nas minhas costas.
-Desculpa, Max, eu exagerei.
-Você cheira muito bem, é macia e minha cabeça fica zonza quando estou perto de você.
-Max, eu não quero te magoar, mas não me sinto preparada para me envolver com ninguém.
-Eu também não, mas você me faz pensar em como seria se eu te beijasse agora.
-Por favor, não faça isso.
-Fazer o quê? Te beijar ou falar que quero te beijar?
-Os dois, desculpa.
-Porque está pedindo desculpa?
-Por isso.
Dei uma joelhada no meio das pernas dele que me soltou na mesma hora, sai correndo e entrei em casa parecendo uma adolescente com seu primeiro namorado, isso não pode acontecer, cheguei hoje e já vou me envolver com o cara que deveria ser meu meio-irmão.
Dei de cara com meu pai.
-Lola! Está tudo bem?
-Está, sim, a onça acordou e já foi procurar a comida que Max jogou para ela e eu agora preciso de um banho.
“Rodrigo”
Ela parece nervosa, afobada, está corada, será que aconteceu alguma coisa? Não! Está muito recente.
-Vai lá filha, daqui a pouco Inês vai servir o jantar.
-Jantar?
-Sim, Lola, trabalhamos bastante, precisamos comer.
-Eu, você e o Max?
-Sim, Lola, você e Max precisam parar de brigar e o jantar não é uma opção.
-Tá bom, vou tomar um banho e já volto.
Entrei em meu quarto e me encostei na porta, olhei para minha aliança e tirei, acho que é hora de te colocar na gaveta e vamos ver o que acontece.
Tomei um banho morno, coloquei um short jeans e uma regata azul, penteei meus cabelos que parece ter adorado a água daqui, passei um batom rosa, é isso.
Saí e já escutei meu pai e Max conversando na sala, fui me aproximando e eles estavam falando da Harpia.
-Ela não aceitou o macho, tentei colocar ele perto da gaiola dela e ela só não o matou porque estavam em viveiros separados.
-Vamos continuar tentando, ela vai acabar se acostumando com ele.
Entrei na sala e meu pai se levantou e veio até mim, me deu um abraço e um beijo na bochecha.
-Boa noite, filha, você está muito bonita.
-É só uma roupa comum, Rodrigo, sobre o que vocês estavam falando?
Max não deixou de me alfinetar.
-Sobre fêmeas que não aceitam o macho e se duvidar aleijam o coitado desavisado.
-Tem certos tipos de macho que merecem ser aleijados, assim não colocam pequenos ogros no mundo.
-Vocês dois poderiam parar com essa animosidade e tentar manter a paz pelo menos na hora da comida.
-Tudo bem, me desculpe, Rodrigo e Lola me desculpe também, eu não quis te ofender.
“Lola”
Perdi o chão, não esperava ele me tratando bem e ainda pedindo desculpas, o sorriso dele me desarmou.
-Não tem nada, mas se, entendi, vocês falavam da Harpia?
-Sim, filha, eu demorei quase dois anos para arrumar um macho para ela, agora não aceita ele.
-Amanhã quero conhecer e ver se posso ajudar de alguma forma, mas a Harpia é um animal muito difícil de se reproduzir em cativeiro.
-Temos um berçário que você vai adorar conhecer, hoje não tivemos a chance de te apresentar o resto dos animais, amanhã Max te leva conhecer alguns, não leva Max?
-Claro, adoro ser guia turístico!
-Rodrigo, alguns funcionários estavam assistindo à cirurgia da onça e tinha um rapaz que eu me dei bem, Maycon, você poderia pedir para ele ser meu guia amanhã, assim Max não precisa atrapalhar a rotina dele por minha causa.
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Atualizado até capítulo 66
Comments
Ana Zélia
Tou amando essa história. muito divertida,gostosa de ler,
2025-02-25
2
Carmem Lùcia Pimenta
CHEGA SER ENGRAÇADO JEITO DELE FALAR, FICO ZONZO /Facepalm/
2025-03-04
2
Vanusa Crispim Da Silva
lola quase deixa o Max aleijado /Facepalm//Joyful//Joyful//Joyful/
2025-03-16
2