“Max”
Ela está me descartando por causa daquele bosta do Maycon, mas não vai mesmo.
-Não vai dar, Maycon já tem serviço para o dia todo.
-Tinha mais cinco rapazes lá conosco, pode ser qualquer um deles.
-Lola vou te apresentar as instalações, não se preocupe, não vai atrapalhar meu dia.
-Entendi que você não gosta de bancar o guia turístico, e não quero te deixar entediado.
Rodrigo levantou e foi em direção à mesa, eu entendi a mensagem e deixei o assunto para amanhã. Fui com ele e a comida da Inês está cheirando bem demais.
Já percebi que Inês não entende minhas gírias, então estou evitando falar, mas vou soltar algumas só para ver como ela reage.
-Inês vou te mandar um papo reto, sua comida está brava demais, vou amassar.
-A senhora está elogiando ou falando mal da minha comida, eu não entendo.
-Calma Inês, eu disse que sua comida está ótima e que vou comer muito.
-Então, por que não falou desse jeito?
-Porque sou carioca da gema e gosto de falar com meus trejeitos.
Inês me olhou e disse:
-Vou te mandar um papo reto, se liga nas paradas, se acha que eu não consigo aprender, consigo, sim, tá ligada?
Levantei e fui até Inês e dei um abraço.
-Me senti em casa agora mana, já me aciona se quiser mais dicas, valeu!
-Agora vou dar no pé que já deu minha hora.
Inês saiu e eu me virei sorrindo, meu pai ficou me olhando impressionado.
-Quem ensinou para ela? Quando cheguei tentei falar com ela e não conseguia me entender.
-Filha, eu não tenho ideia, fiquei impressionado com Inês.
-Ela fez eu me sentir em casa.
Olhei para Max que estava segurando um copo na mão e me encarando, fui ficando sem graça. Voltei a me sentar e chamei:
-Vamos comer!
-Claro!
Jantamos e até que foi agradável, Rodrigo sabe levar uma conversa, contou histórias dos primeiros anos dele aqui, as dificuldades com os primeiros animais, e a maior dificuldade dele que foi acalmar Max e fazê-lo voltar a ir para a escola, com a promessa de que se a mãe dele aparecesse Rodrigo não deixaria ela ir embora sem esperar Max voltar em casa.
-Como o senhor fez? Para Max poder ficar aqui sem ter problemas com a justiça?
-Eu o adotei.
Max levantou com tudo da mesa, encarou Rodrigo como se estivesse vendo outro homem.
-Você me adotou? Por que eu não fiquei sabendo disso?
-Porque você não estava preparado para saber que tinha um pai, e eu precisava garantir que ninguém ia vir e te levar para uma instituição qualquer.
-Sou seu filho?
-Sim, é Max! Você se lembra de um dia que chegou uma viatura e você achou que fosse sua mãe?
-Sim, me lembro, fui com você até o carro, os policiais disseram que vieram me buscar e eu fugi assustado.
-Conversei com eles, expliquei sua situação e eles me deram um prazo para legalizar seus papéis, chamei um advogado e fiz tudo na lei.
-E minha mãe? Você realmente não teve mais notícias dela?
-É como se ela não existisse, sei que existe porque você está aqui, senão ia achar que era história do povo, coloquei um detetive, mas a única coisa que temos é o nome dela.
Sabe quantas, Estela Rosa tem no mundo?
-Eu não queria nada dela, só queria saber porque me deixou aqui? Por que não voltou?
“Lola”
Olhando Max falar pude sentir a dor do abandono, porque por um tempo eu também tinha esse mesmo sentimento, mas minha mãe sempre me disse que Rodrigo não me abandonou e todo mês quando o dinheiro caia na conta e a mensagem de meu pai chegava ela me mostrava.
“Vilma fala para minha bonequinha que tem dias que a saudade é tanta que choro olhando a foto que você me mandou”
Eu ficava brava com minha mãe por estar mandando fotos minhas para ele, mas meu coração se enchia de alegria por saber que Rodrigo sentia minha falta, na minha formatura ele mandou uma mensagem que tenho salvo até hoje, copiei do celular da mamãe sem ela saber.
“ Oi, Vilma
Estou tão orgulhoso de saber que nossa menina escolheu a mesma profissão que a minha que quase não consigo me conter, fala para ela que desejo que ela consiga achar a felicidade e nunca desista de seus sonhos.
“Papai te ama”
Ele sempre esteve presente, eu tinha o direito de me revoltar, mas ele nunca desistiu de mim, eu que mantive ele longe por um longo tempo.
Mas deixa eu parar de pensar, senão vou dar um abraço nele e ainda não é o momento.
-Rodrigo preciso falar com minha mãe com a confusão do dia, eu não consegui onde tem sinal por aqui?
-Não tem, talvez lá na porteira, mas é difícil.
-E como você se comunica com o mundo exterior?
-Aquele telefone ali.
E apontou para um museu em forma de aparelho.
-Achei que era uma decoração, parece tão antigo.
-Ele não é tão antigo e funciona por satélite, só temos problemas quando chove que ele sai do ar, mas do resto conseguimos nos comunicar bem com o mundo exterior.
Falei sem pensar
-Mas as mensagens que você mandava para minha mãe eram de um celular e não dessa velharia.
-Então sua mãe te mostrava minhas mensagens?
-Sim, mas isso não muda nada, você ainda é um pai que abandonou a filha. Voltando ao meu assunto, vou ter que falar com minha mãe assim sem privacidade?
-É o único jeito, eu e Max prometemos não ficar te escutando, não é Max?
-Claro! Vamos lavar a louça enquanto você fala com sua mãe.
Vi eles levantarem e irem levando os pratos e todos os utensílios para a cozinha e fiquei ali olhando para o aparelho, vou ter que fazer essa ligação. De longe parecia antigo nas chegando perto vi que é bem moderno só está empoeirado devido ao pouco uso.
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Atualizado até capítulo 66
Comments
Simone Silva
parabéns autora pelo seu livro ❤️
2025-01-01
2
Josineide Dias
Rindo cada capítulo, é história como essa que gosto de ler
2025-03-12
1
Juliana Barboza
que eles sejam muito felizes
2024-12-31
2