KENDRA HAYES
[…]
Resiliência. Capacidade de resistir às tentações para atingir um objetivo ou defender algo. Bom, tenho certeza de que essa palavra faz parte do meu dicionário, sempre levei a sério isso de “sem esforço não haverá conquista”, e por isso fui lá e fiz o possível para atingir minhas próprias metas, consegui. No entanto, fez parte da minha vida um elemento que sempre me desestabilizou, não importasse o quanto eu cravasse resiliência no meu subconsciente, ele estava lá para abalar meu psicológico com palavras sujas e cheias de tanto ódio.
Eu consegui me livrar disso, mas me custou a família que me restava e infelizmente o meu fantasma apareceu novamente em minha vida. Para quê? Me abalar e me assombrar, óbvio. Eu não quero que esse fantasma se meta na minha vida de novo, não quero colocar Lewis nela e tudo se repetir, é receio meu pelas marcas que ele deixou.
Apesar de tudo isso, depois de conversar mais com Norsha, talvez eu deva mesmo superar isso, afinal de contas ele está longe de mim. Devo me dar uma chance, talvez ceder a tentação. Novamente. Só preciso de um tempo…
“Você me quer também, faça algo”. Penso nas últimas palavras dele e bufo. Estou me sentindo covarde agora, muito medricas.
Checo o relógio e arrumo minhas coisas para me retirar, já passou do expediente. Assim que fecho a porta do escritório me despeço de Jane que também está para se recolher, mas logo minha atenção vai para o fim do corredor, ao ouvir uma risada forçada e sarcástica, de Margot. Ela logo aparece, caminhando em minha direcção, então me viro para o elevador acenando rápido para Jane.
—Ah, Srta. Hayes! — Margot chama formalmente e travo desgostosa. Seu passo acelera e o salto ressoa mais alto no chão marmorizado.
— Srta. Collins. — Cumprimento ao me virar com um sorriso.
Já frente a frente, parece que nossos olhares colidem.
— Adorei o seu projecto — Diz com um sorriso, embora seu olhar seja duro.
— Que bom, obrigada. — respondo. — É um dos meus melhores projectos, tive o gosto de desenhar os detalhes em todas as perspectivas.
— Muito eficiente. Não acha, Lewis? — Meu corpo inteiro gela, mas em uma fração
de segundo fica totalmente bombástico.
— Não acho o quê? — Lewis pergunta caminhando em nossa direcção, mas logo trava ao me ver.
— Eu estava elogiando o projeto da Srta. Hayes — Mal olho para ela, até seu tom ficar um pouco mais baixo — Algum problema, Srta. Hayes?
Será que estou soando? Não.
Estou com cara de assustada? Não.
Está tudo bem.
— Como? De forma alguma. — Digo profissional, desviando o olhar de Lewis para ela.
— Sério? Sua pela está tão vermelha, isso é normal? Ou a presença dele te afecta? — Provoca com o tom falso de preocupação notável, inevitavelmente isso me deixa enojada.
— Margot. — Lewis interrompe, o tom alto em restrição.
Presencio a troca de olhares fixos e sinto a tensão daqui. Dou um passo para trás e tenho certeza que meu humor não está bom, estou sobrando aqui.
— Boa noite — Caminho até a porta do elevador e, após chegar, entro sem olhar para trás.
— Eu te acompanho, Hayes. — Ouço e xingo quando ele entra antes que as portas de metal se fechem. — Hayes!
Prefiro não responder e tão pouco me viro para ele.
— Kendra. — Reviro os olhos sentindo uma repentina onda de raiva. Não devia.
— Algum problema? — Viro-me e coloco passividade na voz.
— Não sei, me diz você. Tem algum problema? Eu só quero me desculpar pela Margot.
— Nossa, quanta empatia. — Ironizo enquanto mais raiva percorre minhas veias.
Ele bate no botão vermelho do elevador e sinto o chão parar, as luzes ficam fracas e levo um susto.
— Assustou? Ótimo, é isso que vai acontecer quando quiser ser irónica. — Seus olhos demonstram seriedade. — Eu me importo com você.
— Sério? Nem parece — Digo irritada ao lembrar da ceninha dos pombinhos que supostamente não estão mais juntos.
— Ela foi inconveniente e eu vim me desculpar. — Repete enquanto gesticula, provavelmente um acto para não perder o controle.
— Fiquei com a pele vermelha pelo cansaço — Digo logo.
Ele estreita o olhar desconfiado.
— Não parece. — Um pingo de humor se nota no tom — Margot foi inconveniente, mas não mentiu.
— Foi ridículo, isso sim. — Minto — Eu jamais teria qualquer reacção a você.
— Se quer que eu acredite, pare de me olhar assim. — Declara.
— Assim como Sr. Luttrell? — pergunto torcendo o nariz, pensativa.
— Com olhos brilhantes, só não sei se são de amor ou raiva... — Ele me encara por alguns segundos, respira algumas vezes, passa a mão no cabelo castanho com frustração, mas não desvia o olhar de mim.
Eu não me movo, mas sinto bombas em mim, meu coração repentinamente acelerado. Lewis xinga e se desculpa em sussurro, antes de me tirar do chão e me joga tão forte na parede em metal, que sinto a pancada em cada parte do meu corpo, mas não é nisso que me foco.
O seu beijo é tão quente e árduo. Ele segura o meu resto desesperado por me tocar, então distribui beijos no meu rosto, enquanto sussurra:
“Eu te quero tanto” Com beijos entre uma palavra e outra, eu cedo e então para por um segundo.
— Os dois. — Arquejo.
— O quê? — Sua respiração ofegante balbucia.
— Olhos Brilhantes podem significar duas coisas. Raiva Súbita ou Amor Sublime. — Nossos olhares estão cravados um no outro — Quero acreditar que sou um belo dilema.
Ele acabou de fazer isso, me deixar liberar as minhas emoções.
— É um dilema com que quero lidar. — Encosta a testa na minha — Me dê uma chance, por favor.
— Aah... — Tento falar, mas ele segura meus lábios, com um polegar.
— Eu juro que não tenho uma relação amorosa com Margot. — Explica baixo — Nossas famílias são próximas porque crescemos juntos, terminámos e todos aceitaram bem porque não estava nada bem entre nós e isso podia destruir a relação dos nossos pais. Estamos aqui por fins profissionais apenas.
— Lewis... — Balbucio.
— Kendra. — Aguarda minha resposta, com os lábios salivantes, um olhar de súplica.
— Eu senti raiva... quando os vi juntos, saindo do teu escritório. — Digo fechando os olhos com vergonha, eu não deveria sentir isso, pois o rejeitei e falei em alto e bom som que não tinha interesse algum nele, que ele não me afectava.
— Ciúmes. — Essa palavra. Fico em silêncio. — Olhe para mim. — Hesitante, o encaro novamente. — Quando pensar em sentir isso, lembre-se de com quem eu escolhi estar agora.
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Atualizado até capítulo 29
Comments
Fatima Vieira
essa Margot é muito baixa e vulgar
2025-02-01
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