CAPÍTULO NOVE

KENDRA HAYES

Eu tive que parar, não importasse o quanto o meu corpo gritasse para continuar. Naquele momento a única forma de escapar foi envolvendo uma terceira pessoa. Eu nem sabia que Margot e Lewis estavam comprometidos, não até chegar em casa e pesquisar o nome deles por uma curiosidade que eu mesma despertei, acabei encontrando pelo menos vinte fotos deles como namorados.

Por algum motivo, fiquei enojada com o que vi, meu tiro saiu pela culatra e minha mentirinha sempre foi verdade. Eu deveria ficar feliz por isso, certo? Bom motivo para tudo não ter passado de um mal-entendido e nós ficarmos totalmente distantes um do outro.

Não o vejo há alguns dias, será que entendeu o recado? Pois, talvez tenha finalmente se tocado que o que se passava era apenas luxúria e passou, era só para se divertir, mas já perdeu a graça. Uma transa e amassos na casa dele é uma brincadeira que foi longe demais.

Será que agora Margot me odeia? Deus, eu fui uma sem vergonha e peguei o namorado dela na casa dele.

Será que terminaram? Espero que sim… aliás, que não. Não quero estar envolvida nesse tipo de situação, de término.

Calma Hayes, paranoias não vão ajudar. E eu não preciso me martirizar com isso, não é da minha conta. Já terminei com Lewis e tudo o que acontece com ele, não é da minha conta.

Posso jurar que meu cérebro vai derreter. Estou exausta de tantos detalhes insignificantes.

Deixa-me focar na minha arte e carreira. Arquitetura. Desenhos e Geometria é a minha paz de espírito e prazer. Estou elaborando uma proposta para um Resort que será financiado por Bilionário Indiano, visualizo cada detalhe magnífico quanto mais traço linhas, e infelizmente este é um projeto que discutirei cara a cara e com unhas e dentes, com Lewis.

Chega uma hora que preciso me distanciar desses detalhes. Olho no relógio de pulso e já são 19:18.

O que raios eu ainda estou fazendo aqui? Não sou paga pelas horas extras, considerando que eu devia ter saído 17:30. Arrumo minhas coisas e quando me levanto, sinto minha bunda agradecer, está literalmente quadrada pelo tanto de tempo que fiquei sentada naquela cadeira, toda distraída.

Pego minhas chaves sobre a mesa, mas estou tão cansada que o chaveiro se arrasta pelo tampo de vidro, criando um ruído terrível pelo ambiente. Me encolho instintivamente, e aperto o pompom preto pendurado nas chaves. Me deixa mais relaxada e eu coloquei justamente para me ajudar desta forma, principalmente quando me sinto ansiosa e sinto a necessidade de apertar para me manter quieta.

Apago a luz e sigo para o corredor, colocando a bolsa sobre o ombro. Meu salto faz barulho pelo ambiente vazio, como um eco. A atmosfera ao redor está tão fria que me faz arrepiar sob a camisa. Quando avisto o elevador, franzo a testa um pouco confusa, pois está vindo do andar de cima. Quero acreditar que não pode ser Lewis porque ele usa mais o elevador privado do seu andar, que talvez seja só algum agente de limpeza ou a secretária que saiu tardiamente.

No entanto, para o meu azar, é claro que tinha de ser Lewis.

Será que veio ter comigo? Não, me recuso a acreditar nisso, só pode ter vindo encontrar a Margot. Olho em volta e vejo tudo escuro, definitivamente sou a única neste andar, mas assim, me nego.

Ele nunca desiste? Aliás, o que ele está fazendo aqui até à essa hora?

Sei que não estou em condição de julgar pelo horário que estou saindo também.

Alguém chama o elevador de um andar qualquer e ele coloca a mão para segurar a porta da caixa de metal. Dou um suspiro dolorido e entro, logo as portas se fecham.

— Dia longo? — ele diz quebrando o silêncio, e meu corpo já reage fazendo minhas mãos suarem. Meu peito arqueja e firmo as pernas. Ele não disse nem uma frase. Por que isso acontece? É só nervosismo.

— Pois é, longo dia! — Não desvio o olhar do mostrador de andares do elevador. Fingindo uma certa atenção, enquanto tento agir como uma simples colega de trabalho exausta pelo dia. Mas ao mesmo tempo, algo ferve em mim, pela ousadia dele em agir como se nada de errado tivesse acontecido.

— Quanto a aquela noite — Ele se refere à festa. Quer se explicar ou começar tudo de novo?

— Você não me deve explicações, o importante é que tenha levado a sério tudo o que eu disse. — Interrompo, observando-o pelo canto do olho, mesmo no ângulo o rosto mantinha-se perfeito. Ele dá um sorriso de canto. Ele está rindo? Que idiota.

Pois bem, ele que se foda.

— Você fica linda irritada. — Ele não sorri, mas ainda sinto o humor e isso realmente me deixa irritada.

Bufo, cruzando os braços.

— Não estou irritada. — Ele solta uma risada cheia de personalidade e se vira para mim.

— Eu sei o que se passa na tua cabeça. — Seu tom muda repentinamente, me deixando curiosa. — Eu não tenho nenhuma relação com Margot, senão a profissional.

— Eu não perguntei sobre a sua vida pessoal. — Declaro, fingindo indiferença, pois a notícia me deixa aliviada.

— Mas você merece saber. Nós terminamos faz quase um mês. — Seu tom mostra súplica — Eu não traí ninguém.

Ah, pronto. O namoro terminou e você foi para um bar para superar e me usou para consolo. Uau, lindo. Mas pelo menos não tenho de ficar com peso na consciência por parecer amante ou algo do tipo.

— Que bom para ti — me ajeito assim que o elevador toca — Suponho que tua consciência esteja mais limpa.

Não sei porquê, mas quero que ele sinta um gostinho da minha dureza e indiferença, talvez assim me leve realmente a sério. Uns beijos não vão me derrubar, me recuso.

Não importa o quão bom e tentadores sejam cada um deles.

Saio do elevador sem esperar qualquer resposta e vou para o meu carro, agradeço que não tenha vindo atrás de mim. Tudo o que eu quero, é o conforto da minha cama.

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Comments

Fatima Vieira

Fatima Vieira

ela tb não ajuda

2025-02-01

2

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