CAPÍTULO QUINZE

KENDRA HAYES

O jantar na noite seguinte foi em um dos melhores restaurantes do centro de Seattle, e todos os envolvidos estavam vestidos para impressionar quando nos reunimos em uma sala privada na cobertura do restaurante. Fiquei feliz por ter recebido pelo menos um dia de antecedência para descobrir o que vestiria, porque não gostaria de me envergonhar aparecendo com uma roupa simples de trabalho. Como muitas vezes, eu estava dividida entre dois vestidos, mas acabei escolhendo um preto justo com bainha franzida cheia e gola com pedraria. Olhando ao redor da sala, decidi que era a escolha certa. Minha outra opção teria se destacado demais.

Suspiro de alívio enquanto olho para o resto dos convidados. Todos os funcionários convocados da empresa já estão aqui, e acredito que será uma noite agradável.

A porta se abre e, quando olho para cima, sinto a minha respiração ficar presa na garganta. Droga. Não há absolutamente nenhuma razão para que o meu coração comece a acelerar no momento em que o vejo entrar na sala. Fazia dois dias que não nos víamos, e embora agora eu talvez devesse saber como é o corpo dele, vê-lo assim, todo vestido com um terno de três peças, mexe comigo e me fez querer tirar cada peça, apenas para relembrar como é o corpo dele.

Que vergonha de pensar isso.

É algo que eu abomino, porque aquele sorriso gentil em seu rosto, acaba parecendo sacana e arrogante ao querer demonstrar que ele vê e reconhece o desejo em meu olhar. E droga, ele gosta disso.

Em nosso jogo de quem quer mais a quem – por mais que eu fosse quem fazia as regras – eu estava perdendo, até porque eu cedi de facto. Cedi no minuto em que admiti, embora implicitamente, que ele podia me tocar, e é por isso que preciso ser forte e pelo menos seguir as regras básicas. Meu corpo pode desejar o dele, mas isso não significa que eu o queira. Talvez eu deva colocar em mente que são apenas hormónios e compatibilidade sexual, e isso é tudo o que há entre nós.

— Que bom ver você aqui, Kendra — diz Lewis ao se sentar ao meu lado no bar. Diferente da última vez em que estivemos num bar, ele não pediu permissão ou ficou me encarando de longe.

— Lewis. — Ergo minha taça de vinho tinto como saudação.

Seus olhos lentamente varrem meus sapatos prateados até meus olhos, passando por meu corpo. — Eu gosto deste vestido em você — ele respira contra a minha orelha, inclinando-se um pouco perto demais. Está sendo mais ousado — Acha que você pode me deixar tirar isso de você mais tarde?

Eu sutilmente o empurro para manter alguma distância entre nós.

— Absolutamente não. E não faça isso aqui. — Eu dou a ele um olhar aguçado, enquanto franzo o nariz — Este é um jantar de trabalho e somos profissionais, vamos manter as nossas posições.

Lewis inclina a cabeça, me observando atenciosamente.

— Tem como sermos profissionais num momento que queremos ser íntimos, Kendra?

— Não me faça acabar com isso. — Murmuro, lembrando que na empresa já quebramos a ideia de profissionais. Nada sobre nós jamais seria profissional, e é por isso que precisávamos manter o “nós” longe do trabalho. Eu não estava arriscando a minha carreira de toda a vida fazendo algo tão estúpido como flertar com o meu chefe em um jantar da empresa, e ele até pode não me demitir por ser o CEO, mas isso mancharia a minha imagem perante os outros profissionais.

— Srta. Hayes. — Olho para cima para ver Margot, a dama de vermelho, parada atrás de nós. — Que prazer ver você de novo. — Ela havia deixado o cabelo de um lado e agora ostentava algumas jóias que insistia em mexer com a mão direita.

Hum. Pronto, agora tenho de lidar com isso?

Ela é bem bonita, mas a soberba evidente parece a deixar estranha.

— Olá — a encaro dando o meu melhor sorriso. — Como você tem estado?

— Oh, muito bem, você sabe. Apesar do projecto estar dando algum trabalho — Ela se coloca entre nós, pedindo algo no bar.

Aceno com a cabeça, ignorando a sensação de incómodo.

— Aham, o meu projecto. — Faço uma careta — Sinto que preciso de uma semana de férias depois de tudo isso.

Lewis faz uma careta para mim, provavelmente estrando a interacção e o facto de que Margot ignorou a presença dele.

— Foi cansativo, não foi?

Mordo o meu lábio.

— Sim.

— Foi bom ver você, Kendra — diz ela, tocando meu braço de leve. — Me desculpe por qualquer mal-entendido, ok?

Franzo a testa, acenando.

Ela me dá uma piscadela enquanto se afasta, e eu não percebi como Benjamin se aproximou de sua cadeira de bar, deixando nossas coxas se tocarem.

— O quê? — Eu olho para ele, enquanto bebo meu vinho.

Sua voz era baixa quando ele finalmente respondeu:

— Não sei e nem quero saber o que houve com ela — Sua coxa me tocou mais — Mas se você morder o lábio mais uma vez, vou fazer isso por você.

Por que ele estava todo excitado agora? Tudo o que fiz foi ser legal com a ex-namorada dele.

— Pelo menos ela não fez insinuações possessivas a teu respeito — Eu rio da expressão em seu rosto.

Ele estreitou os olhos, mas não disse nada, apenas tomou um gole de sua bebida.

Felizmente, o sorriso não deixou meu rosto por muito tempo, ele pareceu incomodado por me ver interagir com a ex, talvez isso sirva para mantê-lo um pouco afastado, mesmo que a mim irrite o facto de ele ter namorado com ela.

— Vamos, vamos sentar em nossa mesa e aí eu posso conversar mais com a minha rival. — Brinco, enquanto odiaria ter que disputar um homem, principalmente com assuntos inacabados do passado.

Acontece que nem estávamos sentados um ao lado do outro e, quando deslizei para o meu lugar, voltei automaticamente ao meu modo de trabalho. Plantas, design, arquitectura, etc.

O resto da noite passou em um borrão de conversas leves e risos, e quando cheguei em casa, fiquei feliz em fazer uma grande xícara de chocolate quente para mim e me aconchegar com um novo filme de romance no sofá. Eu realmente precisava de paz e tranquilidade.

Devo dizer que só não pedi a um certo CEO para vir para casa comigo, porque bem, ele também não me pediu e eu tenho um certo orgulho.

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Comments

Fatima Vieira

Fatima Vieira

não sei o q passa na cabeça dela

2025-02-01

2

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