LEWIS LUTTRELL
Ouço duas batidas na minha porta e logo em seguida, sem esperar uma resposta, é aberta. O som de salto um pouco pesado é notório.
Kendra dá passos largos, claramente irritada por ter de estar aqui.
— Bom dia, Sr. Luttrell. Em que posso ser útil? – Kendra abre um sorriso cínico. Apenas ignoro e não deixo de me maravilhar com ela, apesar da feição irritada, sua beleza não se esconde. Me pergunto se ela sabe que quanto mais tenta colocar uma barreira entre nós, mais o meu interesse cresce. É a regra do mercado.
Não tinha parado para pensar em qual desculpa daria para ter chamado ela aqui, senão o recado que dei à secretária “Chame a Srta. Hayes para a minha sala, há um assunto que precisamos discutir” e que inventei naquela mesma chamada após segundos a processar.
Ela está maravilhosa num vestido de botões justo azul turquesa, minha nova cor favorita. As mechas presas para trás e uma maquilhagem quase impercetível, senão pelo delineado com linhas do mesmo tom de vestido, o que destaca seus olhos castanhos.
Me ajeito na cadeira, recuperando a concentração.
Ela é definitivamente minha traficante de emoções.
— É sobre o projecto do Resort, ainda não recebi um design inicial para avaliação — coço a garganta, mudando minha expressão para séria e profissional.
— Mandei por Email na noite de ontem — Ainda em pé, ela levanta a sombracelha, inquisitiva.
— Não recebi — Minto — No entanto, podemos discutir sobre isso agora, deve ter pelo menos 20 minutos livres para esse grande projecto.
Toco na ferida, pois recebi o e-mail e vi o projecto. Gostei do que vi, porque é notável o quanto se dedicou.
— Também encaminhei para a sua secretária, mas vou pedir para que ela reenvie já — diz enquanto se senta de pernas cruzadas e reparo em como a abertura do vestido, abaixo dos botões deixa a perna a mostra. Autocontrole. Disca algo em seu telemóvel — Jane, por favor, traga o arquivo de projecto que está na minha secretária até à sala do Sr. Luttrell.
Quando ela finaliza a chamada, também disco para a minha secretária reenviar o projecto. Embora ela já o tenha feito bem antes.
Quando o projecto é entregue, uma Kendra desafiadora caminha lindamente até o meu lado. Ela afasta alguns papéis ali e com o espaço liberado em vão, já que a mesa é enorme, coloca os designs do projeto. Explica cada um dos gráficos e toda a arquitectura, a funcionalidade e todos aspectos. Não deixo de demonstrar o meu interesse e elogiar as suas ideias excelentes para aproveitar o terreno. Estou maravilhado com o empenho dela, cada detalhe na estrutura está planificado e bem arquitectado.
Ela faz algumas anotações das dicas que dei e minha opinião. Como ela se abaixa na secretária para escrever não deixo de sentir o cheiro do seu cabelo, uma mistura de rosas e canela. Esse cheiro mexe com meu corpo inteiro, talvez por nunca ter sentido essa junção senão nela, é algo dela.
E ela com aquela voz calma, mas ao mesmo tempo profissional e séria, já não parece mais aquela mulher irritada que entrou na minha sala ou em que se transforma, sempre que me aproximo. Fico admirado apreciando a sua postura, sem balbuciar ou hesitar, ela me explicou seu projeto. Mesmo distraído, respondo as questões que ela faz para confirmar as anotações, por fim ela repete sobre a reunião que deverá ser feita para apresentar o projecto aos colaboradores, tanto arquitetos quanto engenheiros civis.
Finalmente ela me encara e deve notar minha distração, pois franze a testa.
Hayes agradece pela minha atenção e leva o seu material logo indo até a porta. Pelo passo, percebo que está fugindo de mim, aposto que imaginou até onde aquela proximidade levaria.
— O Projeto será um sucesso, adoro o seu potencial — solto essa apenas para trava-la.
— Claro. — De novo o sorriso cínico, enquanto uma mão passeia pela sua coxa, nervosismo? — Até à próxima reunião, Lewis.
Dou uma risada antes que ela saia:
— Você é uma boa fugitiva.
Kendra finge demência e sai, me deixando a sós. Só precisava vê-la, mas agora farei mais do que isso.
[…]
Quando o expediente chega ao fim, decido perturbar um pouco Kendra. Vou até a sala dela e observo-a concentrada na tela de um tablet. Sua porta está semiaberta, me inclino no batente e ela não repara na minha presença. Uma caneta está pendurada em seus lábios, um vinco acima das sobrancelhas. Sua mão passeia pelas mechas castanhas e então espero que ela termine, hipnotizado, para me pronunciar.
— É sério que pretende ser uma fugitiva de mim? – Ela leva um sustinho… e até me arrependo de não ter batido a porta ou algo assim, embora a expressão seja fofa. Expresso um sorriso constrangido, sem resistir. Fica adorável quando distraída.
— É sério que vai tirar minha paz à todo o momento? — Devolve de imediato, com humor irónico.
Usei perturbar antes, mas agora prefiro acreditar que proporciono paz.
Chego a rir enquanto me aproximo — Você adora dizer essas coisas, né? Mas saiba que não desistirei. — Ela ri, sua risada é reconfortante.
— Me espere sentado, para não ficar cansado — Ela levanta e dá a volta na mesa. Se encosta sobre o tampo de vidro de frente para mim e cruza os braços. Essa é uma frase rotulada.
Percebo que ela gosta de ficar assim, suponho que a dê mais confiança.
— É difícil aceitar que você pode sair um pouco da zona de conforto? – me aproximo, embora se fosse mais consciente a deixaria realmente em paz.
Hayes não reage e me deixa chegar mais perto. Olho fixamente para ela, uma expressão que enfatiza a minha fala. Para a minha surpresa, ela assente como quem anseia pelo toque, é uma autorização.
Levo uma das mãos ao seu rosto e lentamente desço pelo pescoço. Sinto sua temperatura aumentar, ela tomba a cabeça para o lado e ofega.
Faça, Lewis.
Chego a ficar tão perto do seu rosto, que agora respiramos o mesmo ar escasso. Ela levanta o olhar doce e brilhante para mim, transbordando de ansiedade, sua pele fica corada, vermelhinha. Com o polegar, levanto seu queixo e lhe dou um selinho, seus lábios entreabertos pedem por mais principalmente quando sua língua brinca de deixar seus lábios húmidos. Dou. Mais um selinho, beijo, e o som da junção de lábios é cativante e desesperado.
Agora eu sinto o meu peito explodir, minha calça inveja o mesmo destino. Me afasto e ela geme como uma reclamação, a sua respiração está ofegante como pequenos gemidos abafados, seus seios sobem e descem de forma rápida.
Sem perder tempo, enrosco minha mão no seu cabelo, e a puxo para mim, a beijo com tanta força, quanto controlo e limito seu movimento com a mão cheia de suas mechas. Ela para, respira, expira, me agarra pela camisa e ataca meus lábios, nossas línguas ferventes e aguçadas brincam e dançam como se houvesse melodia.
Minha obsessão por fogo.
Puxo seu cabelo para trás, erguendo-a para mim e contemplando a nossa situação, ela está a minha mercê. Devo simplesmente aproveitar e esperar que amanhã ela finja que nada aconteceu ou tomar outro caminho? Bom, talvez eu deva fazer com que ela me queira também.
Kendra geme abafado com os lábios molhados de ansiedade e com muito esforço ignoro o pedido não verbal e me afasto. Seu rosto cai em choque quando dou passos para trás me retirando.
— Você me quer também, faça algo. — Então saio.
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Atualizado até capítulo 29
Comments
Fatima Vieira
adorei kkkkk
2025-02-01
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