CAPÍTULO QUATRO

LEWIS LUTTREL

Inevitavelmente bato a porta do escritório e bufo inconformado com o que Kendra disse a poucos minutos, mas admiro a coragem dela para tal, se manteve firme e nem baixou a postura por eu ser o chefe dela.

— Já dormiu com ela? — Margot fala saindo da porta do banheiro no meu escritório. Seu olhar é penetrante e frio. Os lábios perfeitamente pintados de vermelho no tom de seu traje parece incendiar seu rosto, uma aura sedutora, mas que implica um perigo iminente. Suponho que a questão dela se deva a nossa interacção na sala de reunião, de facto não pareceu o primeiro contacto.

É engraçado que ela já se tenha acomodado no meu escritório, quando para mim é a segunda vez estando nele e convenhamos que superficialmente.

— Isso não é da sua conta — respondo ríspido e ela simplesmente sorri enquanto caminha até mim, o olhar fixo e sexy. Sempre amei a forma como ela torna sua presença notável e se mantém sempre autoconfiante, são características enlouquecedoras e sempre caí na lábia.

Margot é uma tentação e eu me viciei demasiado nela.

— Você costumava ser mais gentil — Sibila bem próxima de mim, e eu não me movo sentindo o aroma forte de seu perfume. Seu hálito quente coça meu pescoço e numa voz baixa ela continua — Eu sei que você está tentando me esquecer com outras, mas você sabe que não precisa disso. Estarei sempre de braços abertos para você.

— Saia daqui — falo entredentes, encerrando a luta interna entre agarra-la aqui mesmo e cair na tentação de tê-la para mim novamente, ou me manter forte e ignorar a sensibilidade dentro da minha calça.

Ela ri, se sentindo vitoriosa e finaliza com uma piscadela:

— E claro que terei sempre as pernas abertas para que você se encaixe.

Sozinho, pego um copo de uísque para diminuir a irritação ou qualquer que fosse o sentimento. Porra. Ela ainda me afecta e não é emocionalmente, faz tempo que não se trata de amor, é o meu corpo, as minhas reacções frente aos seus estímulos, mas eu vou vencer essa luta. Para os braços da mulher de vermelho, eu não volto.

Não caio em seus joguinhos de sedução, porque eu posso fazer melhor, nem que para isso tenha de ser um Diabo.

Prefiro me focar noutra coisa, ou pessoa. Convenhamos, tive uma bela noite com Kendra e posso facilmente me encantar com ela, já tem características que aprecio e surpreendentemente nossos caminhos cruzaram. Gostei da forma como ela se apresentou na sala de reuniões e se mostrou extremamente dedicada ao seu trabalho, preciso me dar a chance de ouvir as suas ideias de futuros projectos.

O cabelo escuro lindamente preso num rabo de cavalo dá uma vista completa de seu rosto moldado, as maças salientes e os lábios carnudos e rosas são traços notórios. Os olhos castanhos são expressivos, mas contraditórios. O traje formal e conservado a deixa mais séria e com aparente responsabilidade, embora seja bem jovem.

Olho em volta do escritório, é luxuoso e bonito, com detalhes que aprecio. Esta é a sede e embora o edifício não seja tão alto quanto os outros, é chamativo. Foi feito para demonstrar as obras de arte que a empresa é capaz de proporcionar, e foi por isso que o comprei.

Eu poderia estar em frente e totalmente responsável pela minha carreira e sucesso profissional, a arquitectura é incrível e poucas pessoas são capazes de compreender.

Aprecio a imensa vista da janela, o vidro vai do chão ao teto expondo a cidade numa vista de cima.

Meu pensamento é interrompido pelo som do meu celular que anuncia uma chamada, Ryan brilha na tela e atendo com um revirar de olhos.

— O que foi? — Meu amigo ri como se eu tivesse contado uma piada, mas a questão é que nos falamos esta manhã e certamente não precisamos fazer isso toda a hora como se estivéssemos a namorar a distância.

— Que tal uma festa de boas vindas? — sugere entusiasmado — para você na empresa e para mim, já que virei te ver e decidir se me mudo também ou não.

Eu nego, mas pela insistência acabo por ceder e marcamos para o próximo sábado, faço uma nota mental para informar a minha secretária, ela cuidará de todos os detalhes.

Ryan é o meu melhor amigo, mora em Los Angeles, tal como eu até a uma semana atrás quando me mudei com Margot. Nossa amizade existe desde a infância, uma vez que crescemos no mesmo condomínio e frequentamos os mesmos lugares mesquinhos. Vivíamos juntos em um apartamento lá, mas tive de deixa-lo e agora ele está tentado a vir aqui, porque em suas palavras, eu não consigo viver sem ele e em algum momento chegarei a ficar louco de saudade.

Eu e Margot obviamente não vivemos juntos, alguns dias antes de virmos para Seattle, terminamos o nosso relacionamento de anos. A única razão para estarmos lado a lado neste momento, é o trabalho, e isto pela relação de nossos pais que trabalham igualmente no mesmo ramo e a convivência desde quase sempre.

Deixei meus pais, Lewisky e Janet, e minha irmã, Sherza. Foi uma decisão difícil, mas tendo o meu pai no mesmo ramo, precisava me destacar em outro local e embora as empresas estejam ligadas, essa é a minha emancipação e pretendo fazer com que valha a pena.

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Comments

Fatima Vieira

Fatima Vieira

essa Margot vai dar trabalho

2025-01-31

1

Solange Maria Martins

Solange Maria Martins

ex

2025-02-01

1

Ver todos

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