Capítulo 16_11
Enquanto Cecy e os outros estavam na água, a brincadeira e as risadas enchiam o ambiente, mas ela começou a sentir algo estranho. Um incômodo sutil se formava em sua cabeça, um peso que crescia lentamente. Tentou ignorar, não querendo estragar o momento, mas a dor foi se intensificando, tornando-se uma pulsação forte e insistente.
Ela parou de correr e colocou a mão na cabeça, respirando fundo, tentando dissipar a dor. Arthur foi o primeiro a perceber que algo estava errado. Ele nadou até ela rapidamente, a preocupação estampada em seu rosto.
– Cecy? O que foi? – perguntou ele, segurando-a pelo braço.
Cecy tentou sorrir, mas seu rosto mostrava claramente que algo estava errado. – Minha cabeça... está doendo muito – disse ela, com a voz fraca.
Jeny e Felm, que estavam brincando mais adiante, perceberam a situação e correram até eles. – Cecy! Você está bem? – perguntou Jeny, ofegante.
Cecy balançou a cabeça, apertando as têmporas com as mãos enquanto a dor parecia ficar cada vez mais forte. Arthur a segurou com mais firmeza, notando que ela começava a cambalear.
– Vamos sair daqui – disse ele, com um tom firme. – Ela precisa descansar.
Sem perder tempo, Arthur a pegou no colo, ignorando as protestas fracas de Cecy, e começou a caminhar em direção à areia. Felm correu à frente para pegar as toalhas e as coisas deles, enquanto Jeny seguia logo atrás, visivelmente preocupada.
O clima alegre de antes havia desaparecido completamente. Quando chegaram ao carro, Cecy estava pálida e ofegante, com os olhos semiabertos. Arthur dirigiu em silêncio, o rosto tenso, enquanto Jeny e Felm seguravam as mãos de Cecy, tentando confortá-la.
No hotel, Arthur a levou diretamente para o quarto, colocando-a na cama com cuidado. Jeny apareceu logo em seguida com água, enquanto Felm ajeitava os travesseiros e cobria Cecy com uma manta leve.
– Cecy, você está melhor? – perguntou Felm, ajoelhando-se ao lado dela.
Cecy tentou sorrir, mas a dor ainda era evidente em sua expressão. – Só... preciso descansar – disse ela, fechando os olhos lentamente.
Arthur ficou parado ao lado da cama, os punhos cerrados, claramente frustrado por não poder fazer mais nada. – Por que você não me contou que estava se sentindo mal antes? – perguntou ele, sua voz carregada de preocupação.
Cecy abriu os olhos por um momento, olhando para ele. – Eu... não queria estragar tudo – respondeu ela, com um tom quase inaudível.
Arthur se ajoelhou ao lado dela, segurando sua mão. – Você é mais importante do que qualquer brincadeira, Cecy. Por favor, me avise da próxima vez, ok?
Ela assentiu levemente antes de fechar os olhos novamente, exausta. Jeny e Felm trocaram olhares preocupados enquanto Arthur permanecia ao lado dela, sem sair por um segundo sequer.
Enquanto Cecy estava deitada na cama, tentando reunir forças, algo que a preocupava profundamente veio à mente. Ela segurou a mão da enfermeira que estava ajustando o soro e perguntou com a voz fraca: – E Miguel? Como ele está?
A enfermeira parou, sua expressão mudando instantaneamente para algo mais sombrio. Ela hesitou por um momento antes de responder, claramente escolhendo as palavras com cuidado. – O estado de Miguel piorou ontem à noite – disse ela suavemente. – Ele está em uma sala sendo monitorado por médicos 24 horas por dia.
Cecy fechou os olhos, o coração apertado. – Ele está consciente? – perguntou, sua voz quase um sussurro.
A enfermeira balançou a cabeça lentamente. – Por enquanto, não. Estamos fazendo o possível, mas... a situação é muito delicada.
A tensão no quarto aumentou. Jeny e Felm, que estavam ao lado de Cecy, trocaram olhares curiosos e preocupados. Arthur, que permanecia ao lado da cama, franziu a testa e inclinou-se levemente. – Quem é Miguel? – perguntou ele, olhando para Cecy.
As amigas também se aproximaram, a curiosidade evidente em seus rostos. – Cecy, você nunca falou de ninguém chamado Miguel – disse Jeny, tentando entender.
A enfermeira, percebendo a confusão, decidiu intervir. – Miguel é um garoto muito especial – explicou ela, com um tom de ternura misturado à tristeza. – Ele tem apenas quatro anos e está aqui há anos em tratamento contra o câncer. Apesar de tudo o que passou, sempre foi cheio de esperança e alegria. É impossível não se encantar com ele.
Felm colocou a mão sobre o peito, emocionada. – Um garoto tão pequeno passando por algo tão difícil... – murmurou ela, com lágrimas nos olhos.
Arthur olhou para Cecy, o rosto suavizando. – Você o conhece bem? – perguntou, segurando a mão dela.
Cecy assentiu levemente, um pequeno sorriso surgindo em meio à sua expressão abatida. – Sim. Ele é... incrível. Sempre cheio de esperança, sempre tentando me fazer sorrir, mesmo quando ele estava sofrendo tanto. – Sua voz começou a tremer. – Ele... ele me prometeu que ia me proteger, que ia ser meu amigo... e agora...
Ela não conseguiu terminar a frase, as lágrimas finalmente escapando. Arthur apertou sua mão com mais firmeza, enquanto Jeny e Felm se inclinavam para abraçá-la. A enfermeira também parecia emocionada, mas tentou manter a postura profissional.
– Miguel é um lutador – disse a enfermeira suavemente. – Estamos fazendo tudo o que podemos por ele, Cecy. Ele é muito querido por todos aqui.
Cecy respirou fundo, tentando conter as lágrimas. – Quero vê-lo – disse ela, com uma determinação que surpreendeu os outros.
Arthur olhou para a enfermeira, buscando aprovação. A enfermeira hesitou antes de responder. – Vamos ver como ele está mais tarde. Por enquanto, você precisa descansar. Miguel precisa de você forte, Cecy.
Cecy caminhava pelos corredores do hospital, apoiada por Arthur e suas amigas, mas seu foco estava longe deles. Sua mente estava inundada de pensamentos sobre Miguel. Quando chegaram à porta da sala onde ele estava, a enfermeira hesitou antes de abrir.
– Prepare-se – disse ela suavemente, olhando para Cecy com olhos carregados de tristeza. – Ele está em uma condição muito delicada.
Cecy apenas assentiu, mas a verdade era que nada poderia prepará-la para o que estava prestes a ver. A porta foi aberta, e o som do monitor cardíaco preenchendo o ar foi a primeira coisa que ela notou. Um bip fraco, espaçado, que parecia ecoar como um aviso constante de que o tempo de Miguel estava se esgotando.
Ela entrou na sala, e sua respiração ficou presa ao vê-lo. Miguel estava deitado em uma cama, o pequeno corpo coberto por fios e tubos que pareciam engolir sua fragilidade. Máscaras e monitores ocupavam quase todo o espaço ao redor dele, tornando a cena ainda mais opressiva. Ao lado de Miguel, estava o urso que Cecy havia dado a ele, abraçado frouxamente contra o peito dele, como se ainda fosse seu maior tesouro.
Cecy levou a mão à boca, tentando conter o grito que ameaçava escapar, mas as lágrimas começaram a cair descontroladamente. Ela deu um passo à frente, depois outro, até estar ao lado da cama. Seus joelhos fraquejaram, e ela caiu de joelhos, segurando a mãozinha dele, fria e quase sem vida.
– Miguel... – sussurrou ela, sua voz quebrada. – Meu pequeno guardião... o que está acontecendo com você?
Os olhos dela estavam fixos no monitor que exibia o ritmo cardíaco dele, cada batida devagar, como se estivesse lutando para continuar. O som do monitor era como uma contagem regressiva que ela não podia parar. Cecy apertou a mão dele contra o rosto, lágrimas caindo sobre a pele pálida do menino.
– Não pode ser assim... – disse ela, com a voz tremendo. – Não pode acabar assim! Você é tão forte... sempre foi tão forte, Miguel. Por favor, lute... por favor.
Arthur entrou na sala silenciosamente, parando ao ver Cecy. Ele colocou uma mão em seu ombro, tentando oferecer conforto, mas Cecy não conseguia conter seu desespero. Ela olhou para o urso ao lado de Miguel, aquele pequeno símbolo de esperança que agora parecia tão insignificante diante da gravidade da situação.
– Por que ele? – gritou ela, dirigindo suas palavras ao vazio. – Ele é só uma criança! Ele merece viver... merece brincar, correr, sorrir... Por que isso está acontecendo com ele?
Arthur tentou segurá-la enquanto ela soluçava, mas Cecy parecia inconsolável. O som dos bips do monitor ficou ainda mais espaçado, como se o coração de Miguel estivesse desistindo lentamente.
– Miguel! – gritou Cecy, colocando a cabeça ao lado da mão dele. – Você prometeu que ia me proteger! E agora sou eu que não posso fazer nada por você... por favor, não me deixe. Eu não aguento te perder.
A enfermeira entrou na sala, visivelmente emocionada, mas mantendo a postura. – Cecy... – começou, mas sua voz estava trêmula. – Ele está lutando. Nós estamos fazendo tudo o que podemos.
Cecy virou-se para ela, os olhos cheios de dor. – Isso não é justo. Ele não merece isso. Ele não...
O som do monitor parecia diminuir ainda mais, cada batida do coração de Miguel um lembrete cruel do quanto ele estava se afastando. Cecy segurou a mão dele com mais força, como se pudesse ancorá-lo ali, e sussurrou com lágrimas escorrendo.
– Por favor, Miguel... por favor, fique. Eu preciso de você. O mundo precisa de você.
A sala ficou em silêncio, exceto pelo som do monitor, que parecia mais baixo a cada segundo. Arthur ajoelhou-se ao lado de Cecy, envolvendo-a em seus braços enquanto ela chorava descontroladamente.
Cecy desmaiou repentinamente no meio de seu choro, segurando a mão de Miguel. Arthur a pegou nos braços antes que ela caísse completamente, o rosto pálido e o corpo leve como se já estivesse esgotado de lutar. Ele a carregou com cuidado para fora da sala, enquanto as amigas a seguiam desesperadas, implorando por respostas.
Assim que Cecy foi colocada em uma cama no quarto do hospital, o médico que a examinou chamou todos para uma conversa séria do lado de fora. O olhar do médico era pesado, quase como se carregasse o peso do que estava prestes a dizer.
– O tumor no cérebro de Cecy está crescendo muito rápido – começou ele, a voz firme, mas cheia de pesar. – Fizemos novos cálculos, e se ela continuar com a fisioterapia, ela não tem mais do que três semanas de vida.
O silêncio caiu sobre o grupo como uma onda avassaladora. Jeny e Felm se entreolharam, suas expressões de choque rapidamente sendo substituídas por lágrimas descontroladas. Elas seguraram uma à outra, soluçando alto, incapazes de processar a brutalidade da notícia.
Arthur permaneceu em silêncio. Ele não olhou para ninguém, não disse nada. Apenas virou-se e saiu da sala, com passos pesados e firmes, mas o rosto endurecido pela dor.
– Não! – gritou Jeny, indo até o médico e segurando o jaleco dele com força. – Não pode ser. Ela não pode morrer assim! Cecy é tão forte, ela tem tanto para viver... Por favor, faça alguma coisa! Faça qualquer coisa!
Felm, ao lado dela, implorava com as mãos juntas, como se estivesse em uma oração. – Nós damos o que for, o que você quiser, só... só salve ela. Por favor! Ela merece viver!
O médico fechou os olhos, respirando fundo antes de responder. Sua voz era baixa, mas definitiva. – Sinto muito. Estamos fazendo tudo o que podemos, mas o tumor está em uma posição complicada e agressiva demais. A fisioterapia é apenas paliativa, para dar algum conforto... não podemos fazer mais nada.
As palavras eram como facas, cortando a esperança de todos. Jeny soltou o jaleco do médico, as mãos tremendo, enquanto Felm caiu de joelhos, chorando descontroladamente.
– Não pode ser... não pode ser... – murmurava Felm repetidamente, como se isso pudesse mudar a realidade.
Dentro do quarto, Cecy permanecia desacordada, alheia ao desespero que se desenrolava do lado de fora. Arthur, do lado de fora do corredor, encostou-se na parede, as mãos fechadas em punhos tão fortes que os nós dos dedos estavam brancos. Ele queria gritar, queria quebrar algo, mas tudo o que conseguiu fazer foi fechar os olhos e deixar uma única lágrima escapar.
Para todos ali, o mundo parecia ter parado. A ideia de perder Cecy em tão pouco tempo era insuportável, e ninguém sabia como seguir em frente diante dessa verdade tão cruel.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Comments