Capítulo 19 — Verdades ocultas

O quarto estava mergulhado em silêncio, exceto pelo som ritmado do monitor cardíaco. Cristal permanecia imóvel ao lado da cama de Stella, os olhos fixos em seu rosto pálido e machucado. O peito dela subia e descia devagar, e, mesmo sedada, era evidente que a dor ainda consumia seu corpo.

Por fora, Cristal parecia uma estátua de gelo. Mas por dentro, o sangue dela fervia como lava. Cada hematoma no corpo de Stella, cada ferida, parecia uma faca cravada diretamente em sua alma. Não era apenas raiva que a consumia; era ódio, era a necessidade de vingança pulsando como um grito silencioso dentro dela.

— Você sempre faz isso, Stella — murmurou Cristal, mais para si mesma do que para qualquer outra pessoa. — Leva o mundo nas costas e espera que ninguém perceba.

Olivia, sentada do outro lado do quarto, observava Cristal com cautela. Ela sabia que, por trás da aparente calma, Cristal estava a ponto de explodir. E não demoraria.

— Ela precisa de nós, Cristal. — Olivia tentou, a voz suave, quase um pedido de paz.

Mas Cristal não respondeu. Em vez disso, levantou-se de repente, o som de seus saltos ecoando pelo quarto. Ela passou as mãos pelos cabelos, os olhos brilhando com uma fúria contida.

— Você tem razão, Olivia. Ela precisa de nós. Mas o que ela precisa ainda mais é que quem fez isso pague.

Antes que Olivia pudesse responder, Cristal saiu do quarto, seus passos decididos e sua presença avassaladora tomando conta do corredor.

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Cristal encostou-se à parede ao lado da porta, puxando o telefone do bolso com um movimento rápido. Discou um número e esperou apenas dois toques antes de a voz de Liam soar do outro lado.

— Cristal? O que foi?

— Liam, preciso que você olhe as câmeras da casa. — A voz dela era fria, precisa, como a lâmina de uma faca. — Veja se houve algum movimento suspeito perto da suíte principal.

Houve uma breve pausa do outro lado da linha, antes de Liam responder:

— Tá bom, eu vou ver. Mas para que você quer isso?

Cristal apertou os olhos, a paciência escapando de seu controle.

— Não faça perguntas agora, Liam. Apenas faça o que eu mandei. — Ela pausou por um momento, seu tom mais baixo, mas ainda mais ameaçador. — E quando você tiver as informações que eu preciso, me liga.

Sem esperar resposta, Cristal desligou o telefone, enfiando-o de volta no bolso. Sua mente já trabalhava a mil, planejando cada passo. Ela sabia que descobrir a verdade era apenas o primeiro movimento. O próximo seria garantir que a pessoa responsável pelo estado de Stella pagasse o preço.

De volta ao quarto, Olivia ainda estava sentada ao lado de Stella, segurando a mão dela com delicadeza.

— Ela vai voltar. — Olivia murmurou, como se falasse mais para Stella do que para si mesma. — Cristal sempre volta... e quando volta, é com respostas.

Cristal caminhava pelo corredor como uma força da natureza, o som de seus passos reverberando pelo espaço vazio. Não havia hesitação em seus movimentos, nenhum traço de dúvida. Era como se cada fibra do seu ser tivesse despertado, como se a Cristal que Stella conhecia tivesse sido engolida por algo maior, mais perigoso.

Ela era a Fênix renascida, o diabo que emergia das cinzas com uma determinação mortal.

— Vou descobrir quem fez isso com você, Stella. — murmurou para si mesma, a promessa ecoando em sua mente como um juramento. — E quando eu descobrir, essa pessoa vai desejar nunca ter nascido.

O hospital, que antes parecia frio e silencioso, agora parecia incapaz de conter a tempestade que era Cristal. Cada movimento dela exalava poder, e qualquer um que cruzasse seu caminho sabia que não era hora de tentar detê-la.

Do lado de fora, o telefone de Cristal vibrou. Era Liam.

— Já tenho algo, Cristal. — Ele disse, direto. — Mas você vai querer ver com seus próprios olhos.

Cristal apertou o telefone contra a orelha, a adrenalina correndo por suas veias.

— Me manda tudo agora.

Ela desligou antes mesmo de ouvir uma resposta, o coração acelerado enquanto esperava os arquivos chegarem. Assim que o telefone vibrou novamente, Cristal abriu o vídeo.

O que viu fez sua visão ficar turva de raiva.

A verdade estava ali, diante de seus olhos. E não havia mais volta.

— Você fez isso com a pessoa errada. — Cristal sussurrou para si mesma, antes de apertar o telefone com força. — Vamos ver se aguenta o inferno que estou prestes a trazer.