Capítulo 12 – Cuidando das Feridas

A noite estava silenciosa quando Cristal chegou em sua mansão com Stella nos braços. O médico já a esperava no hall de entrada, com uma maleta em mãos e expressão séria. Ele era um velho amigo de Cristal, alguém em quem ela confiava o suficiente para chamar em situações como essa.

Na suíte principal, o médico tratou dos ferimentos de Stella com cuidado. Apesar de tudo, a sorte estava do lado dela: o joelho deslocado não havia se quebrado, mas ela precisaria de repouso absoluto pelos próximos dias. Cristal permaneceu ao lado da cama, observando cada movimento, sua preocupação evidente, mesmo que ela tentasse escondê-la.

— Ela está estável. Precisa de muita hidratação, alimentação leve e cuidado constante. Principalmente repouso. Evite estresse, ou isso pode retardar a recuperação dela. — O médico explicou, enquanto guardava seus instrumentos.

— Entendido. Obrigada por vir, doutor. — Cristal respondeu, com um aceno de cabeça.

Depois que ele saiu, Cristal se aproximou da cama e sentou-se ao lado de Stella. Ela parecia tão frágil, uma visão que apertava o peito de Cristal de um jeito que ela odiava admitir.

— Obrigada por me tirar daquele lugar. — A voz de Stella soou fraca, mas carregada de gratidão.

Cristal desviou o olhar, tentando não deixar suas emoções transparecerem.

— Não precisa agradecer. Eu não fiz mais do que minha obrigação.

Stella hesitou por um momento antes de responder, seu tom carregado de amargura.

— Você não tem mais obrigação comigo. Você não é mais minha namorada.

As palavras atingiram Cristal como um golpe, mas ela se manteve firme. Seus olhos encontraram os de Stella, determinados.

— Isso não quer dizer que eu ainda não te ame. — Cristal respondeu, sua voz mais suave do que esperava.

Por um momento, um silêncio pesado tomou conta do quarto. Então, Cristal se levantou, evitando prolongar a conversa.

— Eu vou deixar você descansar. Boa noite.

Cristal saiu do quarto, sentindo o peso das emoções a sufocar. Desceu para a cozinha, onde encontrou Liam e Eric. Eric, como sempre, estava atacando um sanduíche, enquanto Liam observava com o olhar crítico de um irmão mais velho.

— Você não para de comer? — Liam perguntou, com uma sobrancelha levantada.

— Eu estou em fase de crescimento. — Eric respondeu, entre mordidas.

— Crescimento pros lados, só se for. — Cristal comentou, entrando na cozinha e pegando uma garrafa de água.

Eric fez uma cara triste, teatral, mas logo começou a rir. Cristal deu um meio sorriso, mas era claro que sua cabeça estava longe.

— E aí? Como foi com a Stella? — Liam perguntou, observando a irmã.

— A mesma frieza de quando a vi depois que voltei de viagem. — Cristal respondeu, com um tom que misturava frustração e tristeza.

— Hermana, esse é o momento de você mostrar pra ela que, mesmo quando ela estiver na merda, você vai estar lá pra ajudá-la. — Eric comentou, surpreendentemente sério.

— Eu odeio admitir, mas vou ter que concordar com o Eric. — Liam acrescentou.

Cristal ficou em silêncio, claramente absorvendo as palavras dos dois. Após alguns segundos, Eric quebrou o momento reflexivo.

— Mas me diz, como você sabia onde Stella estava?

Cristal voltou ao presente, sua mente rapidamente revisitando os últimos dias.

— Dois dias atrás, recebi uma rosa preta com um bilhete aparentemente em branco. Quando coloquei contra a luz, vi um ‘V’ escrito. Valentina é a única que ainda usa o código secreto das flores fora de uma máfia. Eu soube na hora que era ela.

— A última vez que usei esse código foi naquela missão do trem. Fora isso, nunca mais. — Eric comentou, pensativo.

Antes que a conversa pudesse tomar um rumo mais sombrio, Liam olhou para Eric, estreitando os olhos.

— Eric, você não ia ficar aqui só até ontem?

— Ia, mas decidi ficar mais tempo. Eu sei que vocês me amam e adoram minha companhia. Além disso, adoro gastar no cartão Black da minha irmãzinha. Então, por essas circunstâncias, vou ficar mais um tempo.

Cristal soltou um riso irônico, balançando a cabeça.

— Eu vou bloquear aquele cartão.

Eric abriu a boca, fingindo indignação.

— Se você fizer isso, a gente nunca mais vai se falar.

Cristal estreitou os olhos, divertida.

— Sério? Que maravilha. Agora mesmo que eu vou bloquear esse cartão.

Eric fez uma careta e mostrou a língua para Cristal, enquanto ela ria. Apesar do peso da noite, aquele momento de descontração trouxe uma leveza necessária. Cristal sabia que ainda havia muito a resolver, mas, por enquanto, Stella estava em segurança. E isso era tudo o que importava.