O ar ao redor de Fagner e Gabriel estava denso, como se o próprio ambiente se deformasse diante de seus olhos. As ruas de Conak, antes desertas, agora estavam envoltas por uma aura de agitação invisível, como se a cidade estivesse se preparando para algo imenso. O estrondo dos passos da criatura não demorou a se fazer ouvir, suas passadas pesadas reverberando no chão, fazendo as estruturas ao redor tremerem.
A figura monstruosa, agora visível à distância, estava se aproximando com uma calma inquietante. Sua forma era uma mistura grotesca de várias criaturas das sombras, uma fusão de demônios, vampiros e outras entidades de pesadelos antigos. Sua pele era escura como a noite, com veios de luz vermelha pulsando por dentro, como se seu corpo fosse feito de pura energia sombria. Seus olhos, duas chamas negras, refletiam o vazio do abismo.
Fagner e Gabriel se posicionaram lado a lado, sentindo o peso de suas novas existências. O poder da cidade corria através deles, mas era diferente de tudo o que haviam experimentado antes. Eles não eram mais apenas caçadores de criaturas sobrenaturais; agora, sua essência estava ligada à cidade, e sua luta tomava uma nova forma. Eles eram os novos protetores de Conak, mas o que isso realmente significava ainda estava se revelando para eles.
A Guardiã flutuava à distância, observando-os com um olhar enigmático.
— Ele está vindo — disse ela, sua voz mais sombria do que nunca. — O Primeiro Senhor das Sombras. Um antigo mal que foi aprisionado nas profundezas de Conak. Sua liberdade foi concedida pela restauração do equilíbrio. E agora, ele busca destruir tudo o que vocês tentaram salvar.
Fagner apertou o punho, sentindo uma onda de poder fluir através de seus dedos. Ele olhou para Gabriel, o rosto do irmão refletindo a mesma determinação que ele sentia. Eles haviam feito a escolha de proteger Conak, mas agora eram confrontados com uma ameaça que desafiava a própria natureza da cidade.
— O que devemos fazer? — Gabriel perguntou, sua voz tensa, mas focada.
A Guardiã sorriu, embora sua expressão fosse mais triste do que animada.
— Vocês são os únicos que podem impedir sua ascensão. A cidade os escolheu, mas o caminho será árduo. O Senhor das Sombras é imortal, uma manifestação das trevas mais profundas. Vocês precisam encontrar seu ponto fraco. E para isso, precisarão confiar no poder que agora possuem.
Antes que Fagner pudesse responder, a criatura deu um passo final, rompendo a linha que separava a cidade das sombras. O impacto de seu peso fez o chão tremer violentamente, e uma onda de escuridão se espalhou das suas extremidades, cobrindo tudo ao seu redor.
Era como se a própria essência da cidade estivesse sendo corrompida por sua presença. O céu, antes limpo e claro, agora estava coberto por nuvens densas e vermelhas. O vento, antes suave, agora estava carregado com uma força destrutiva, como se a natureza estivesse se desintegrando.
A criatura abriu a boca, e um rugido ensurdecedor ecoou pelas ruas, reverberando nas paredes, fazendo os corações de Fagner e Gabriel baterem descompassados. Era um som primal, como se todas as dores do mundo se unissem em um só grito.
— Eu sou a escuridão que devora a luz. Eu sou o fim de todas as coisas. E Conak será o meu novo domínio! — A voz da criatura rasgou o ar como lâminas, sua presença esmagadora.
Fagner e Gabriel trocaram um olhar silencioso. Eles sabiam que o momento da decisão havia chegado. Não havia mais tempo para hesitar. Eles eram os novos protetores de Conak, mas também eram os novos alvos de forças antigas e imortais. Era uma batalha sem precedentes, onde o sacrifício e a destruição estavam à espreita.
— Vamos acabar com isso de uma vez por todas — Fagner disse, sua voz carregada de determinação. Ele sentiu o poder de Conak pulsando dentro de si, sentindo sua energia como uma extensão de seu próprio corpo. O sacrifício que haviam feito agora fazia sentido. Eles eram a última linha de defesa.
Sem mais palavras, os dois irmãos avançaram, suas mãos brilhando com a energia sobrenatural que agora corriam em seus corpos. O Senhor das Sombras rosnou, levantando uma das suas enormes garras, carregada de energia maligna. Ele estava pronto para esmagá-los.
Mas Fagner e Gabriel não recuaram. Eles se lançaram para frente com uma força renovada, desafiando as trevas, desafiando o próprio abismo.
O impacto da batalha foi devastador. A cidade tremia com cada golpe trocado. Fagner sentiu sua essência ser desafiada, como se o próprio universo estivesse tentando desvinculá-lo da cidade. Mas ele resistiu, canalizando a energia de Conak para enfrentar a criatura, para enfraquecê-la.
Gabriel lutava ao seu lado, suas habilidades sendo testadas ao máximo. Eles eram fortes, mais fortes do que nunca, mas o Senhor das Sombras era uma força primitiva e imbatível. Cada movimento deles parecia ser contrariado pela escuridão que se espalhava da criatura, criando uma barreira de maldade que os cercava.
Enquanto a luta se intensificava, Fagner sentiu algo dentro de si despertar. A energia da cidade começou a se concentrar em seu peito, como uma explosão que se formava lentamente. Ele sabia o que precisava fazer. O sacrifício de Conak não se limitava a ele e a Gabriel; era algo maior. Algo que envolvia todos os habitantes da cidade.
— Gabriel! — Fagner gritou, olhando para o irmão. — Eu sei o que devemos fazer!
Gabriel o olhou, sem entender.
— O que você está falando?
Fagner não respondeu de imediato. Ele sentiu o poder da cidade, sentiu que sua ligação com Conak poderia ser usada para algo mais. Ele e Gabriel precisavam dar tudo de si, mas não apenas para derrotar a criatura. Eles precisavam fazer algo mais — algo que envolvesse a própria essência da cidade.
— A cidade está em perigo, mas nós também estamos. Precisamos dar nossa última força para ela. Se não fizermos isso, tudo o que fizemos será em vão.
Gabriel entendeu a mensagem, e com um olhar de compreensão, ele se posicionou ao lado de Fagner. Juntos, concentraram toda a energia de Conak em um único golpe, um golpe que não era só físico, mas espiritual, envolvendo todos os elementos da cidade em uma força só.
A explosão de luz e escuridão foi tão poderosa que fez o céu se rasgar. O Senhor das Sombras soltou um grito agonizante enquanto sua forma começava a se desintegrar. Mas, em vez de desaparecer completamente, ele se fundiu com a cidade, se tornando parte da escuridão que agora estava tomando o lugar de Conak.
Fagner e Gabriel caíram de joelhos, exaustos, mas com um sorriso de vitória. Eles haviam salvado a cidade, mas a batalha estava longe de terminar. As sombras ainda estavam lá, e Conak estava longe de ser purificada.
Mas por enquanto, eles haviam conquistado uma pequena vitória. Uma vitória que custou tudo, mas que deixou uma faísca de esperança para o que estava por vir.
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No próximo capítulo, Fagner e Gabriel começam a lidar com as consequências de sua batalha e tentam entender as novas forças que tomaram conta de Conak, enquanto novas ameaças surgem no horizonte.
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Atualizado até capítulo 100
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