A cidade de Conak parecia mais sombria do que nunca. O céu estava coberto por nuvens pesadas, e o ar estava carregado com a mesma energia opressiva que os irmãos haviam sentido na igreja. Fagner e Gabriel estavam de volta à base, mais conscientes do que nunca da ameaça crescente que pairava sobre eles.
Viktor, o comandante da Polícia Sobrenatural, entrou na sala de reuniões, com uma expressão grave no rosto.
— O que descobriu? — perguntou Fagner, sem desviar os olhos do mapa que estava à sua frente.
Viktor colocou um relatório sobre a mesa, sua mão tremendo levemente.
— Os fragmentos... não são apenas objetos. Eles são partes de uma entidade, uma entidade que estava aprisionada em Conak por séculos. — Ele fez uma pausa, como se pesar cada palavra. — O que Lilith está tentando fazer não é só libertá-la. Ela quer reconstruí-la.
Gabriel levantou a cabeça, absorvendo a informação.
— Reconstruir uma entidade? O que isso significa exatamente?
Viktor se inclinou na mesa, como se fosse difícil encontrar as palavras certas.
— A entidade é chamada Azrathal. Ela não é um simples demônio ou ser das sombras. Azrathal é um fragmento do próprio caos primordial, uma força que existia antes da criação do mundo, antes da luz. Ela representa o vazio, o fim, e a destruição. A lenda diz que, quando Azrathal despertar por completo, Conak se tornará o centro de um novo ciclo... um ciclo de aniquilação e reconstrução, onde tudo será destruído para que algo mais... mais sombrio, possa nascer.
Gabriel se afastou, inquieto.
— Então Lilith não está apenas tentando libertar algo maligno, ela quer que Conak se torne o novo centro do caos. Ela quer ser a rainha da destruição.
Fagner olhou para o mapa.
— E os fragmentos... cada um deles tem uma parte do poder de Azrathal?
— Exatamente. — respondeu Viktor. — Cada fragmento contém uma porção da essência de Azrathal. O mais perigoso é que, uma vez reunidos todos os fragmentos, eles irão reacender a essência de Azrathal e transformar Conak em um ponto de convergência entre os mundos. O que está aprisionado aqui será liberado, e não será só a cidade que será consumida, mas tudo ao seu redor.
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À medida que o sol se punha, os irmãos estavam novamente nas ruas de Conak, seguindo uma pista que os levava até um mercado negro localizado nos becos mais profundos da cidade. Fagner estava em alerta, suas sombras se movendo discretamente ao seu redor, como sentinelas. Gabriel, ao seu lado, mantinha os sentidos aguçados, observando cada movimento ao seu redor.
— De acordo com Viktor, esse mercado negro é um dos principais pontos de venda de itens sobrenaturais. Se alguém souber algo sobre os fragmentos, é aqui que encontraremos a informação. — disse Fagner, com a voz baixa.
— Espero que esta pista seja melhor que as últimas. — respondeu Gabriel, com um tom cínico.
Quando chegaram ao mercado, o cheiro de produtos exóticos e proibidos no ar era inconfundível. Poções, artefatos e armas de poderes desconhecidos estavam à venda em bancas escuras, e figuras encapuzadas se moviam em meio à multidão, trocando sussurros.
Eles se aproximaram de um vendedor idoso, uma figura estranha com pele esverdeada e olhos dourados, que parecia saber mais do que demonstrava.
— O que traz vocês aqui, caçadores de sombras? — perguntou o vendedor, seus olhos brilhando à medida que estudava Fagner e Gabriel.
— Sabemos que você sabe algo sobre os fragmentos. — disse Fagner, com um tom firme, mas sem demonstrar sinais de ameaças abertas.
O vendedor olhou-os por um momento, então deu uma risada baixa, uma risada que parecia carregada de sabedoria e mistério.
— Ah, os fragmentos... vocês realmente não sabem o que estão procurando. Mas sabem o que estão enfrentando, isso é certo. Lilith está perto, não é? Ela está reunindo os pedaços da essência. Vocês estão em busca de poder, ou da verdade?
Gabriel franziu a testa, impaciente.
— Precisamos saber como detê-la. Como impedir o que ela está tentando fazer.
O vendedor hesitou por um momento, olhando para os dois com um olhar penetrante.
— Tudo tem um preço, caçadores. O que estão dispostos a pagar para impedir o despertar de Azrathal?
Fagner se aproximou do vendedor, com um olhar firme e determinado.
— Diga o que sabe. Não estamos aqui para jogar jogos.
O vendedor sorriu, sabendo que a verdade estava prestes a ser revelada.
— Muito bem. Azrathal não está apenas aprisionado em fragmentos... parte dele está no próprio coração de Conak. A cidade foi construída sobre as ruínas de um antigo templo, onde um ritual foi realizado para manter a essência de Azrathal aprisionada. Mas esse selo, esse feitiço, está enfraquecendo. E Lilith, com seus fragmentos, está prestes a quebrá-lo. O verdadeiro poder está escondido no subsolo de Conak, nas catacumbas sob o Templo de Eboran.
Gabriel olhou para Fagner.
— Se o poder de Azrathal está lá... é onde devemos ir.
Fagner assentiu, e os dois se prepararam para a próxima etapa da missão. Mas antes que pudessem partir, o vendedor acrescentou, com um tom sombrio:
— A cidade nunca mais será a mesma depois que isso acontecer. Se vocês falharem, não haverá retorno.
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De volta à base, os irmãos estavam discutindo o próximo passo com Viktor.
— O Templo de Eboran... — começou Viktor, lendo os relatórios do vendedor. — É um local proibido. Durante a fundação de Conak, foi enterrado para evitar que a essência de Azrathal fosse encontrada. Mas o selo enfraqueceu. E agora, Lilith está prestes a liberar a essência verdadeira.
Fagner olhou para o mapa mais uma vez.
— Então é lá que devemos ir. E devemos fazê-lo antes que Lilith consiga destruir o selo por completo.
Gabriel assentiu.
— Se não agirmos rapidamente, Conak... e o mundo, estarão condenados.
CONTINUA...
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Atualizado até capítulo 100
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