A fachada do Teatro Abandonado parecia um monumento à decadência. Outrora grandioso, o prédio agora era um emaranhado de vidraças quebradas, portas apodrecidas e colunas cobertas de musgo. No entanto, algo mais sombrio o envolvia: uma aura que fazia o ar vibrar, carregada de maldade.
Fagner e Gabriel observaram o edifício da calçada oposta.
— Sente isso? — perguntou Gabriel, cruzando os braços para afastar o arrepio.
— Sim. — respondeu Fagner, seus olhos fixos na entrada principal. — Há mais do que simples magia aqui. Algo antigo.
— Lilith?
— Talvez. Ou algo pior.
Sem mais palavras, os dois atravessaram a rua, movendo-se como sombras entre os postes de luz que piscavam. Assim que alcançaram a porta principal, ela rangeu, abrindo-se lentamente como se os estivesse convidando.
— Muito acolhedor. — murmurou Gabriel, acendendo uma chama pequena na palma da mão.
— Fique alerta. — disse Fagner, avançando na escuridão.
O saguão principal era vasto, com lustres quebrados pendendo precariamente do teto. Assentos empoeirados se alinhavam ao redor de um palco, onde uma figura se destacava: uma mulher de longos cabelos negros como a noite, usando um vestido vermelho que parecia pulsar como sangue.
Lilith.
— Bem-vindos, irmãos. — sua voz ecoou pelo teatro vazio, suave, mas carregada de poder.
— Você está por trás dos desaparecimentos. — acusou Gabriel, apontando para ela. — O que está planejando?
Lilith deu uma risada leve, caminhando pelo palco com a elegância de uma predadora.
— Planejando? Estou apenas começando. Conak está cheio de almas preciosas, e cada uma delas será um passo para abrir o portal.
— Não vamos deixar você continuar. — disse Fagner, erguendo a mão. As sombras ao redor do palco começaram a se agitar, estendendo-se na direção de Lilith.
Ela ergueu a mão com um gesto preguiçoso, e as sombras de Fagner foram repelidas como fumaça ao vento.
— Tsc, tsc. — disse ela. — Vocês dois são talentosos, mas tão ingênuos. Não percebem que estão brincando com forças além do seu entendimento?
Antes que os irmãos pudessem reagir, o chão do teatro começou a tremer. Do fundo da sala, criaturas começaram a emergir – vampiros, lobisomens, e até mesmo espectros, todos com olhos brilhando em vermelho.
— Esses são meus servos. — disse Lilith, sorrindo. — Eles vão entretê-los enquanto eu termino o que vim fazer.
— Não vai escapar! — gritou Gabriel, lançando uma rajada de fogo contra ela.
Lilith desapareceu em um redemoinho de sombras, reaparecendo no alto do palco.
— Tentem me alcançar, se puderem.
Enquanto ela desaparecia novamente, os servos avançaram.
— Gabriel! Cobre minha retaguarda! — ordenou Fagner, puxando uma adaga negra que parecia feita de pura sombra.
— Já estou na sua frente! — respondeu Gabriel, incinerando dois vampiros com uma explosão de chamas.
Os irmãos lutavam com precisão quase coreografada. Fagner usava as sombras para manipular os inimigos, prendendo-os ou os despedaçando em silêncio mortal, enquanto Gabriel era puro caos, suas chamas iluminando o teatro como um farol de destruição.
— Não são infinitos! — gritou Gabriel, derrubando mais um lobisomem.
— Mas estão atrasando a gente. — disse Fagner, encarando o palco vazio onde Lilith estivera.
De repente, o chão sob eles começou a rachar, revelando uma luz vermelha intensa.
— O portal... Ela está ativando agora! — disse Gabriel, correndo para o palco.
— Espere! É uma armadilha! — gritou Fagner, mas já era tarde demais.
Assim que Gabriel alcançou o palco, um círculo de runas brilhou sob seus pés. Ele foi arremessado para trás, caindo ao lado do irmão.
— Vocês realmente acham que podem me deter? — a voz de Lilith ecoou de todos os lados.
Uma figura começou a emergir do chão rachado: algo enorme, com chifres e olhos brilhando como brasa.
— Isso não é só um portal. — murmurou Fagner, seu olhar fixo na criatura que emergia. — É uma invocação.
Gabriel se levantou com dificuldade, sangue escorrendo de um corte na testa.
— O que fazemos agora?
Fagner apertou a adaga em sua mão.
— Sobrevivemos.
CONTINUA...
O capítulo termina com os dois irmãos se preparando para enfrentar a criatura, enquanto a risada de Lilith ecoa pela escuridão.
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Atualizado até capítulo 100
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