As ruas de Conak ficavam mais sinistras conforme Fagner e Gabriel se aproximavam da Floresta Negra, um lugar evitado por todos, humanos e sobrenaturais. No coração da floresta, em uma clareira iluminada por uma luz sobrenatural, estava a morada de Helena, a bruxa mais poderosa da cidade.
— Nunca me acostumo com esse lugar. — murmurou Gabriel, olhando para as árvores que pareciam se mover sozinhas.
— Concentre-se. Helena não gosta de visitas inesperadas. — respondeu Fagner, com a expressão endurecida.
A pequena cabana de madeira à frente era uma contradição em si: simples por fora, mas com uma aura que fazia o ar vibrar. Assim que os irmãos alcançaram a porta, ela se abriu sozinha, rangendo como um aviso.
— Entrem. — uma voz feminina ecoou lá de dentro, suave, mas carregada de autoridade.
Ao atravessar o limiar, eles se depararam com Helena sentada em uma poltrona de couro desgastada. Sua figura exalava mistério: cabelos longos e brancos como a lua, olhos dourados que brilhavam como os de um predador, e uma expressão que parecia enxergar diretamente através deles.
— Helena. — começou Fagner, inclinando a cabeça em um gesto de respeito. — Precisamos da sua ajuda.
Ela sorriu levemente, um gesto mais inquietante do que acolhedor.
— Vocês sempre precisam. O que aconteceu desta vez?
— Um vampiro mencionou Lilith. — disse Gabriel, direto. — Algo grande está para acontecer, e precisamos de informações sobre ela.
O sorriso de Helena desapareceu, substituído por um olhar sério. Ela se levantou, pegando uma pequena tigela de cristal em uma prateleira próxima.
— Lilith... — repetiu ela, quase em um sussurro. — Se ela está envolvida, Conak está em grave perigo.
— O que você sabe? — insistiu Fagner.
Helena se aproximou de uma mesa coberta de runas e artefatos. Ela colocou a tigela no centro e começou a derramar um líquido dourado em seu interior.
— Não o suficiente. — respondeu ela. — Mas posso descobrir mais. Porém, como sempre, meu auxílio terá um preço.
Gabriel suspirou, já esperando por isso.
— E o que você quer desta vez?
Helena ergueu os olhos dourados, fixando-os em Gabriel.
— Um fragmento de sua chama.
— Você está brincando, certo? — ele respondeu, recuando um passo.
— Nem um pouco. — disse ela calmamente. — Sua chama não é comum, garoto. É uma herança antiga, ligada ao poder que vocês dois carregam. Um fragmento é tudo o que preciso para completar uma poção que estou criando.
— E o que impede você de usar isso contra nós depois? — perguntou Fagner, cerrando os punhos.
Helena deu uma risada baixa.
— Vocês já sabem que sou mais útil como aliada do que como inimiga. Além disso, Gabriel sabe que eu cumpro minhas promessas.
Gabriel hesitou, olhando para Fagner, que o encarava com seriedade.
— É perigoso. — disse Fagner.
— E não temos escolha. — respondeu Gabriel, antes de estender a mão. Ele fechou os olhos, concentrando-se, e uma pequena chama dourada surgiu na ponta de seus dedos. Com relutância, ele a entregou a Helena.
A bruxa pegou a chama com cuidado, como se fosse um tesouro, e a guardou em um frasco de cristal.
— Muito bem. — disse ela, voltando para a tigela. — Agora, vamos ver o que Lilith está tramando.
Helena murmurou um feitiço em uma língua antiga, e o líquido dourado na tigela começou a borbulhar, criando imagens nebulosas. Os irmãos se aproximaram, observando enquanto as visões se formavam.
Uma figura feminina emergiu nas imagens – alta, com olhos vermelhos como sangue e um sorriso cruel. Lilith estava em pé diante de uma enorme fenda no chão, de onde emergiam sombras que pareciam vivas.
— Ela está tentando abrir um portal para o Inferno. — explicou Helena, com a voz carregada de preocupação. — E, para isso, ela precisa de um sacrifício poderoso.
— Que tipo de sacrifício? — perguntou Fagner, sentindo um calafrio.
Helena hesitou antes de responder.
— Almas puras. Muitas delas.
Gabriel cerrou os punhos, sua chama acendendo involuntariamente.
— Isso explica os desaparecimentos...
Helena assentiu.
— Se ela tiver sucesso, não será apenas Conak que estará em perigo. O equilíbrio entre os reinos será destruído.
Fagner deu um passo à frente.
— Onde ela está?
Helena fechou os olhos, focando nas imagens. Quando os abriu novamente, ela disse apenas uma palavra:
— O Teatro Abandonado.
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Enquanto os irmãos deixavam a cabana, a noite parecia mais sombria do que nunca. Eles sabiam que estavam entrando em algo muito maior do que poderiam prever.
Próxima parada: o Teatro Abandonado.
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Atualizado até capítulo 100
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