A cidade de Conak estava à beira do colapso, e em meio às ruínas, o Guardião da Verdade Oculta observava os irmãos com uma intensidade imensurável. Sua presença parecia distorcer o próprio tecido da realidade ao redor deles, como se o espaço e o tempo se curvassem à sua vontade. Fagner e Gabriel estavam imobilizados, ainda sob o poder esmagador de Morwen, mas a chegada da nova figura, ainda não identificada, trouxe uma sensação de inquietude profunda.
Morwen olhou para o Guardião com uma expressão de fúria e perplexidade, claramente surpresa pela sua aparição.
— O que você está fazendo aqui? — Morwen exigiu, sua voz carregada de desprezo. — Eu estava prestes a restaurar o equilíbrio. Não temos tempo para mais interferências!
O Guardião, sem fazer qualquer movimento, parecia ignorar completamente sua presença. Seus olhos, tão escuros quanto o abismo, fixaram-se em Fagner e Gabriel, que lutavam para se libertar do poder de Morwen. Ele finalmente falou, sua voz ecoando como uma sombra distante.
— Vocês dois têm algo que nunca entenderam. Conak não é apenas uma cidade. Não é apenas uma coleção de ruas e prédios. Conak é o centro de uma força primitiva, uma força que transcende todos os reinos. Ela guarda um segredo antigo, que foi escondido nas profundezas do tempo. — O Guardião fez uma pausa, como se ponderasse suas palavras. — E vocês, Fagner e Gabriel, são os escolhidos para revelar esse segredo.
Os irmãos trocaram olhares desconcertados. O que isso significava? Como poderiam ser os "escolhidos" para algo que sequer compreendiam?
— O que você quer dizer com isso? — Fagner perguntou, tentando reunir forças para resistir à pressão de Morwen.
O Guardião olhou para ele com uma leve tristeza em seus olhos.
— O equilíbrio, como vocês compreendem, nunca foi o verdadeiro problema. O verdadeiro problema é a distorção que ocorrerá quando o ciclo de Azrathal for restaurado. Ele não é o primeiro nem o último a tentar dominar a cidade. Mas ele é o que os outros esperaram. Ele é a chave para despertar o que Conak realmente é.
Morwen, irritada e sem paciência, avançou mais uma vez, suas mãos erguendo-se para lançar uma nova onda de energia.
— Basta! — ela gritou. — Eu sou a única que entende o que deve ser feito! Conak está à beira do abismo, e eu sou a única que pode restaurar a ordem!
No entanto, antes que pudesse atacar, o Guardião levantou uma mão, e Morwen imediatamente congelou no ar, sua energia completamente paralisada. A força que emanava dele era avassaladora, muito além do que qualquer anjo ou demônio poderia manipular.
— Você, Morwen, está presa no próprio ciclo que tenta restaurar. Conak não é sua para governar. Ela pertence àquilo que habita as sombras além da compreensão. Aqueles que buscam controlar a cidade estarão sempre à mercê da força que ela guarda.
Morwen rangeu os dentes, mas a paralisia era inevitável. Ela estava impotente diante do Guardião, e sua frustração crescia.
— Então, o que você sugere que façamos? — Gabriel perguntou, tentando entender as palavras misteriosas do Guardião. — O que é esse "segredo" que Conak guarda?
O Guardião olhou para eles, sua expressão sombria, mas não hostil.
— O segredo está na própria origem de Conak. A cidade não foi construída apenas sobre a terra. Ela foi erguida sobre algo muito mais antigo, algo que não pertence a este mundo. E vocês, Fagner e Gabriel, são os herdeiros dessa verdade. O sangue que corre em suas veias é o sangue dos primeiros guardiões, daqueles que protegeram Conak antes de qualquer império ou civilização.
Fagner e Gabriel sentiram um calafrio percorre-los. A revelação era difícil de processar, mas havia algo em suas palavras que parecia fazer sentido. Havia algo em suas origens que eles nunca haviam compreendido completamente.
— Então… nós somos descendentes dos guardiões originais? — Fagner perguntou, tentando juntar as peças do quebra-cabeça.
O Guardião assentiu lentamente.
— Sim. Mas não apenas guardiões. Vocês são os escolhidos para restaurar o equilíbrio definitivo. O ciclo que Azrathal iniciou é apenas uma parte de um processo maior. Conak não é um simples campo de batalha entre o bem e o mal. Conak é o campo onde os reinos se encontram, onde o mundo físico e o espiritual se tocam. E, quando o momento certo chegar, vocês precisarão decidir: permitir que Conak caia no abismo ou protegê-la, mesmo que isso signifique destruir o que vocês conhecem.
Gabriel, ainda confuso, sentiu a tensão crescente. O que ele e Fagner precisariam sacrificar? A cidade? Suas próprias vidas? Ou algo ainda mais profundo?
— Mas como podemos fazer isso? Não sabemos nada sobre esse poder! — Gabriel exclamou.
O Guardião olhou para ele, seus olhos profundos como um abismo sem fim.
— O poder está dentro de vocês. Sempre esteve. Só que até agora, vocês não estavam prontos para acessá-lo. Conak é mais do que uma cidade. Ela é um ser vivo, um reflexo de algo muito maior. E agora, vocês precisam despertar o que dorme nela, se quiserem salvar o que ainda pode ser salvo.
Morwen, ainda imobilizada, olhou com ódio para os dois irmãos.
— Não importa o que você diga, Guardião. Eu farei o que for necessário para restaurar a ordem! E vocês serão meus inimigos!
O Guardião virou-se lentamente, seu olhar cortante, e finalmente falou:
— A ordem não pode ser restaurada até que a verdadeira essência de Conak seja revelada. Morwen, você está perdida em sua busca pelo poder, e isso será sua ruína.
Com um movimento de sua mão, o Guardião dissolveu a paralisia de Morwen. Mas antes que ela pudesse reagir, ele desapareceu em um piscar de olhos, como se nunca tivesse estado ali.
Fagner e Gabriel ficaram em silêncio, digerindo as palavras do Guardião. A cidade parecia mais viva, mais pulsante ao redor deles, como se uma força misteriosa estivesse despertando. O destino de Conak estava, de alguma forma, entre suas mãos. Mas o que isso significava para o futuro da cidade e para eles mesmos ainda era um mistério profundo e sombrio.
— Então é isso. Precisamos restaurar o equilíbrio… mas sem saber como ou o que estamos prestes a despertar. — disse Fagner, com um suspiro pesado.
Gabriel olhou para seu irmão, preocupado, mas determinado.
— Vamos descobrir, juntos. E não importa o que aconteça, não vamos deixar Conak ser consumida.
A batalha agora era não apenas contra forças externas, mas contra o desconhecido, e o destino de todos dependia das escolhas que os irmãos fariam a seguir.
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No próximo capítulo, Fagner e Gabriel se aprofundam nos mistérios que envolvem a cidade de Conak e o poder ancestral que ela guarda. O caminho para restaurar o equilíbrio será mais perigoso do que jamais imaginaram.
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Atualizado até capítulo 100
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