O teatro estava em ruínas, mas a sensação de perigo ainda pairava no ar. Gabriel apoiou as mãos nos joelhos, tentando controlar a respiração, enquanto Fagner observava atentamente o lugar onde o portal havia estado.
— Ela ainda está brincando com a gente. — disse Fagner, quebrando o silêncio.
— Não sei se foi só um jogo. — respondeu Gabriel, limpando o sangue no rosto. — Essa coisa quase nos matou, e o portal... parecia instável.
Antes que pudessem continuar, o som de passos ecoou no saguão principal. Fagner instintivamente ergueu a mão, convocando sombras para cercar a entrada.
Uma figura emergiu da escuridão. Era uma mulher alta, com um manto preto que parecia fluir como fumaça. Sua pele era pálida, e seus olhos brilhavam em um tom púrpura. Ela ergueu as mãos em sinal de paz.
— Não vim lutar. — disse ela, sua voz suave, mas com um tom perigoso.
— Quem é você? — exigiu Fagner, mantendo sua postura defensiva.
— Meu nome é Amara. Sou... uma mensageira.
— Mensageira de quem? — perguntou Gabriel, estreitando os olhos.
— De Lilith.
As palavras dela caíram como uma bomba. Fagner deu um passo à frente, suas sombras agitadas ao seu redor.
— Diga a Lilith que a próxima vez que enviar algo, será ela quem vamos destruir.
Amara riu, um som delicado e inquietante.
— Vocês têm coragem, eu admito. Mas Lilith não precisa de ameaças. Ela já está à frente de vocês.
Gabriel cruzou os braços, desconfiado.
— E o que Lilith quer agora?
— Um aviso. — disse Amara, séria. — Vocês podem continuar interferindo, mas saibam que há consequências. O portal era apenas um dos muitos que ela está abrindo.
— Quantos mais? — perguntou Fagner, sua voz baixa e ameaçadora.
— O suficiente para trazer o caos. — respondeu Amara. — Mas não se preocupem, vocês terão sua chance de encontrá-la.
Gabriel deu um passo à frente, com uma chama acendendo em sua mão.
— Por que você está nos contando isso? Se é aliada dela, por que não lutar agora?
Amara olhou para ele com um sorriso enigmático.
— Porque Lilith não quer sua destruição agora. Ela quer que vocês vejam. Quer que entendam que tudo isso é inevitável.
Antes que qualquer um pudesse reagir, Amara se dissolveu em sombras, desaparecendo.
Os irmãos estavam cansados da batalha e voltaram a seu escritório.
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De volta a base.
Já na base da Polícia Sobrenatural, os irmãos estavam sentados na sala de reuniões, cercados por arquivos e mapas. O comandante Viktor, um lobisomem com cicatrizes que cobriam seu rosto, estava com os braços cruzados, observando-os.
— Não temos muito tempo. — disse Fagner, apontando para os locais marcados no mapa. — Se ela está abrindo mais portais, precisamos rastrear os pontos com maior concentração de energia sombria.
— Isso é um trabalho delicado. — respondeu Viktor. — E estamos com poucos agentes depois do que aconteceu no Distrito Leste.
— O Distrito Leste... — Gabriel murmurou, franzindo a testa. — Foi um teste.
Viktor assentiu.
— Sim. E agora sabemos que Lilith está disposta a sacrificar tudo para completar esse plano.
Fagner olhou para o mapa, seus olhos fixos em um ponto destacado.
— Aqui. — disse ele, batendo o dedo em uma área marcada como Ruínas de Eboran. — É o próximo lugar.
Gabriel ergueu uma sobrancelha.
— Eboran? O lugar está abandonado há décadas.
— Exatamente por isso. — respondeu Fagner. — É o local perfeito para abrir um portal longe de curiosos.
— Vou preparar uma equipe. — disse Viktor, já saindo da sala.
Antes de partir, Viktor se virou para os irmãos.
— Vocês têm certeza de que podem lidar com isso? Lilith está jogando um jogo grande, e parece que vocês são as peças principais.
Fagner olhou para Gabriel, depois para Viktor.
— Não temos escolha.
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A noite caiu rapidamente enquanto os irmãos se aproximavam das ruínas de Eboran. As pedras antigas estavam cobertas de musgo, e o ar ao redor era pesado com a energia sombria que emanava do local.
Gabriel segurava uma tocha mágica que iluminava o caminho, enquanto Fagner permanecia em silêncio, os olhos atentos a qualquer movimento.
— Está quieto demais. — murmurou Gabriel.
— Exatamente como ela quer. — respondeu Fagner, puxando sua adaga de sombra.
Assim que passaram por um arco desmoronado, ouviram um som distante. Era um canto, baixo e rítmico, vindo do centro das ruínas.
— Parece... um ritual. — disse Gabriel, apagando a tocha para se esconder melhor.
Fagner assentiu, gesticulando para que avançassem com cuidado.
No centro das ruínas, um grupo de figuras encapuzadas estava reunido em um círculo, entoando palavras em uma língua antiga. No chão, um novo portal começava a se formar, brilhando em um vermelho pulsante.
— Temos que pará-los agora. — disse Gabriel, preparando suas chamas.
— Espere. — sussurrou Fagner, segurando o braço do irmão. — Primeiro precisamos identificar quem está liderando isso.
Antes que pudessem se mover, uma voz familiar ecoou pelas ruínas.
— Chegaram mais cedo do que eu esperava.
Os dois se viraram, e lá estava Amara novamente, de pé em uma pedra alta, observando-os com um sorriso provocador.
— Bem-vindos à próxima fase do jogo.
CONTINUA...
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Atualizado até capítulo 100
Comments
Rossana Gomes
uau !! tá ficando cada vez melhor
2024-11-23
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