Amara desceu da pedra com a graça de uma pantera, os olhos púrpuras brilhando na escuridão das ruínas. Fagner e Gabriel se entreolharam, percebendo que ela parecia ter esperado por eles.
— Vocês são tão previsíveis. — disse ela, com um tom que oscilava entre desdém e diversão.
— Se sabe o motivo do porque estamos aqui, por que não tenta impedir? — questionou Fagner, apertando a empunhadura de sua adaga de sombra.
Amara sorriu.
— Impedir? Não. Eu quero que vocês vejam. Quero que compreendam o que está realmente acontecendo.
Gabriel ergueu uma sobrancelha, mantendo suas mãos prontas para invocar fogo.
— Não estamos interessados nos discursos de Lilith.
— Não é um discurso. — retrucou Amara, aproximando-se. — É a verdade.
Ela estendeu a mão em direção ao portal, que pulsava como um coração maligno. As figuras encapuzadas ao redor do círculo continuaram entoando o cântico, suas vozes crescendo em intensidade.
— Vocês acham que estão salvando Conak, mas não entendem que esta cidade foi construída sobre algo muito mais antigo, muito mais sombrio.
Fagner bufou, claramente irritado.
— Mais um jogo mental? Não cairemos nisso.
— Não é um jogo. — insistiu Amara, sua voz se tornando séria. — Vocês nunca se perguntaram por que a atividade sobrenatural em Conak é tão intensa? Por que criaturas como vampiros, lobisomens e anjos caídos se concentram aqui?
Gabriel hesitou, mas não demonstrou.
— É um ponto de convergência. Linhas de energia mágica cruzam aqui. Isso não é novidade.
Amara riu suavemente, mas havia um tom sombrio em sua risada.
— Vocês realmente acham que é tão simples? Não, Conak não é um lugar escolhido pelo acaso. Esta cidade é um selo. Um selo que mantém algo muito pior contido.
Fagner estreitou os olhos.
— E Lilith quer quebrar esse selo?
— Lilith não quer quebrá-lo. — disse Amara, balançando a cabeça. — Ela quer libertar o que está preso aqui, porque acredita que é a única maneira de restaurar o equilíbrio.
— Equilíbrio? — Gabriel deu um passo à frente. — Você está dizendo que libertar um mal maior é justificável?
Amara encarou Gabriel diretamente, sua expressão finalmente desprovida de sarcasmo.
— O que está preso aqui não é apenas um mal. É um fragmento de algo que já existiu antes da própria luz. Algo que foi dividido e aprisionado pelos anjos e demônios em um pacto antigo.
— O que quer que seja, não deve ser libertado. — disse Fagner, firme.
— Mas e se libertá-lo for a única maneira de impedir algo pior? — perguntou Amara, quase como se estivesse desafiando-os a considerarem a possibilidade.
Antes que pudessem responder, o portal começou a brilhar mais intensamente. As figuras encapuzadas ergueram os braços, e uma aura sombria começou a emanar do círculo.
— Estamos sem tempo. — murmurou Gabriel.
Fagner ergueu sua adaga de sombra, preparando-se para atacar.
— Chega de conversa, Amara. Vamos acabar com isso agora.
Amara deu um passo para trás, mas seu sorriso voltou.
— Façam o que quiserem. Mas saibam que toda ação tem uma consequência.
Antes que pudesse desaparecer como da última vez, Gabriel lançou uma bola de fogo em sua direção. No entanto, a chama passou direto, atravessando-a como se fosse um fantasma.
— Até logo, irmãos. — disse ela, desaparecendo nas sombras.
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Enquanto Amara desaparecia, Fagner e Gabriel avançaram contra as figuras encapuzadas. Gabriel invocou uma torrente de fogo que interrompeu o cântico, enquanto Fagner usava suas sombras para desarmar e imobilizar os conjuradores.
— Quebrem o círculo! — gritou Gabriel, concentrando suas chamas nas runas que brilhavam no chão.
As figuras restantes tentaram resistir, mas eram muito mais fracas do que a criatura anterior. Em poucos minutos, o cântico cessou, e as runas começaram a apagar.
O portal se fechou com um estrondo, e o ar ficou pesado com um silêncio opressor.
— Isso foi fácil demais. — disse Fagner, ainda em guarda.
Gabriel assentiu, seus olhos examinando as ruínas.
— Ela deixou isso acontecer. Amara sabia que impediríamos.
— Então o que realmente ganhamos aqui? — perguntou Fagner.
Gabriel não respondeu, mas ambos sabiam que a batalha estava longe de terminar. Amara havia plantado dúvidas em suas mentes, e agora era impossível ignorá-las.
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Na base, mais tarde naquela noite, Fagner se sentou com um livro antigo aberto à sua frente. Gabriel entrou na sala, ainda com vestígios de fumaça em sua roupa.
— Você também está pensando nisso? — perguntou Gabriel.
Fagner assentiu, virando a página do livro.
— O que Amara disse... pode haver mais verdade nisso do que gostaríamos de admitir.
Gabriel cruzou os braços, pensativo.
— Então, e se for verdade? E se Conak realmente for um selo? O que fazemos com isso?
Fagner fechou o livro e olhou para o irmão.
— Descobrimos quem colocou o selo aqui. E por quê.
CONTINUA...
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Atualizado até capítulo 100
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Fagner
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2024-12-06
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