A base da Polícia Sobrenatural estava mergulhada em silêncio, exceto pelo som de páginas viradas. Fagner estava cercado por livros antigos, alguns escritos em línguas extintas. Gabriel entrou na sala com duas xícaras de café, colocando uma na mesa.
— Alguma pista? — perguntou ele, entregando a xícara a Fagner.
— Poucas. — respondeu Fagner, franzindo a testa enquanto lia um tomo desgastado. — Esses registros mencionam selos semelhantes em outros lugares do mundo, mas nada específico sobre Conak.
Gabriel suspirou, sentando-se do outro lado da mesa.
— Viktor está reunindo informações sobre as figuras encapuzadas. Talvez possamos rastrear quem está ajudando Lilith.
— Isso é útil, mas precisamos entender a origem disso. — disse Fagner, batendo levemente no livro. — Se o que Amara disse for verdade, algo muito antigo foi enterrado aqui.
Gabriel tomou um gole de café, refletindo.
— E se perguntássemos diretamente a Amara?
Fagner ergueu uma sobrancelha, cético.
— Ela não vai nos dar respostas sem um preço.
— Talvez não, mas ela parece querer que saibamos algo. Podemos virar o jogo.
Antes que Fagner pudesse responder, o som de um alarme ecoou pela base. Os irmãos se levantaram rapidamente, indo até a sala de controle. Viktor estava lá, olhando para uma tela que exibia mapas da cidade.
— O que aconteceu? — perguntou Fagner.
— Um distúrbio no Bairro Antigo. — respondeu Viktor, apontando para um ponto no mapa. — Um campo de energia sombria está crescendo.
Gabriel estreitou os olhos.
— Mais um portal?
— Talvez. — disse Viktor. — Mas algo está diferente desta vez. A energia parece instável, quase como se estivesse tentando se ancorar em algo.
Fagner pegou sua adaga de sombra, já se preparando para sair.
— Vamos descobrir o que é.
---
O Bairro Antigo era um lugar de ruas estreitas e construções decadentes, um dos locais mais antigos de Conak. Quando os irmãos chegaram, sentiram a atmosfera pesada, como se o próprio ar estivesse carregado de malícia.
— Está pior do que imaginei. — disse Gabriel, observando uma névoa escura que cobria as ruas.
— A energia está se concentrando ali. — disse Fagner, apontando para uma igreja em ruínas no final da rua.
Os dois avançaram com cautela, seus passos ecoando nas pedras. Quando se aproximaram da igreja, ouviram vozes sussurrantes, como um coro de almas perdidas.
— Isso não é bom. — murmurou Gabriel.
Dentro da igreja, a visão era aterradora. No altar, um objeto flutuava no ar: uma pedra negra, coberta de runas que brilhavam em vermelho. Ao redor dela, sombras se agitavam, como se fossem vivas.
— Isso não é um portal. — disse Fagner, estudando a cena.
— Então o que é? — perguntou Gabriel.
Antes que pudessem responder, as sombras se uniram, formando uma figura humanoide com olhos brilhantes e um sorriso sinistro.
— Bem-vindos, irmãos. — disse a figura, sua voz reverberando pela igreja.
— Quem é você? — exigiu Fagner, preparando-se para atacar.
— Um fragmento. — respondeu a criatura. — Um eco do que está preso aqui.
Gabriel estreitou os olhos, tentando entender.
— Um fragmento? Você é parte do que Lilith está tentando libertar?
A criatura sorriu mais amplamente.
— Lilith é apenas uma peça no tabuleiro. Como vocês. Ela acredita que pode controlar o que virá, mas não há controle. Há apenas inevitabilidade.
— Por que nos mostrar isso? — perguntou Fagner, mantendo sua adaga firme.
— Porque vocês têm uma escolha. — disse a criatura, avançando lentamente. — Podem lutar contra o inevitável e serem consumidos... ou aceitar sua parte nesse ciclo e sobreviver.
Gabriel lançou uma bola de fogo, que passou direto pela figura, sem causar dano.
— Não estamos aqui para barganhar. Vamos acabar com isso agora.
A figura riu, sua forma oscilando como fumaça.
— Vocês ainda não entenderam. Este é apenas o começo.
Antes que pudessem reagir, a figura explodiu em sombras, que se espalharam pela igreja. A pedra negra começou a brilhar intensamente, rachando e liberando uma onda de energia que derrubou os irmãos no chão.
Quando o brilho cessou, a igreja estava vazia. A pedra havia desaparecido, e as sombras se dissiparam.
-E agora?- perguntou Gabriel.
- Pesquisa! - respondeu Fagner com um tom sério.
---
De volta à base, os irmãos estavam sentados na sala de reuniões, processando o que havia acontecido. Viktor entrou, trazendo novos relatórios.
— Encontramos algo. — disse ele, jogando uma pasta sobre a mesa.
Fagner abriu a pasta, revelando imagens de um livro antigo.
— O que é isso? — perguntou Gabriel.
— Um registro perdido de uma seita que existiu em Conak séculos atrás. — explicou Viktor. — Eles acreditavam que Conak era o centro de um equilíbrio entre luz e trevas, e que a cidade deveria proteger esse equilíbrio a qualquer custo.
Fagner folheou as páginas, parando em uma ilustração de uma pedra semelhante à que viram na igreja.
— Essa é a pedra. — disse ele.
— Sim. — confirmou Viktor. — É chamada de Fragmento do Vazio. Segundo os registros, ela contém parte da essência do que está preso aqui.
Gabriel franziu a testa.
— Se Lilith está coletando esses fragmentos...
— Então ela está mais perto de libertar o que está preso. — concluiu Fagner, fechando a pasta.
Os irmãos trocaram olhares determinados. Sabiam que a luta estava apenas começando, e as respostas que procuravam poderiam ser ainda mais perigosas do que imaginavam.
CONTINUA....
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 100
Comments
Rossana Gomes
nesse conflito,o interior faz a leitura envolvente
2024-11-23
0
Rossana Gomes
mistério
2024-11-23
0