Genevieve Ashford
Eu estava sozinha em meu quarto, o silêncio que me cercava era quase insuportável. O evento da noite anterior ainda pesava sobre meus ombros, como uma nuvem densa que não parecia querer se dissipar. Minha mente estava turva, cheia de pensamentos desconexos, e entre eles, uma figura se destacava: Edward Blackwell. Não era mais apenas o homem libertino que eu desprezava. Ele se tornara algo muito mais complexo, uma presença constante em minha mente, desafiando minha capacidade de manter o controle.
Aquele sorriso dele, tão confiante, tão arrogante, parecia persistir em minha memória. Ele estava sempre ao meu redor, como se quisesse me envolver em algo mais. Mas o que? O que ele realmente queria de mim?
Eu não conseguia entender, e isso me consumia. O escândalo estava se formando, é claro, todos pareciam sentir que algo aconteceria. Mas o que me deixava realmente inquieta não era o escândalo em si, mas a sensação de que Edward estava, de alguma forma, no centro disso tudo. Eu ainda não sabia como, mas ele tinha uma habilidade única de fazer as coisas ao seu redor girarem em torno dele, como se fosse o centro de um redemoinho.
Levantei-me da cadeira, decidida a espantar aquele pensamento da minha mente. Não importava o quanto eu tentasse, não conseguia escapar dele. Era como se, de alguma forma, ele estivesse me observando a cada passo, pronto para me pegar no momento em que eu menos esperasse.
O som da campainha quebrou meus pensamentos, e um súbito pânico tomou conta de mim. Era cedo demais para alguém vir me visitar. Hesitei por um momento, mas, em seguida, decidi que não deveria ignorar o chamado.
— Genevieve! — A voz da minha mãe soou com uma alegria forçada. — Você tem que vir imediatamente. Tem uma visita, uma pessoa muito importante que deseja vê-la.
Eu não sabia o que pensar. Quem poderia ser tão importante para aparecer sem avisar em plena manhã?
— Já vou! — respondi, tentando manter a compostura. Mesmo que a curiosidade estivesse me consumindo, eu sabia que precisava controlar minhas reações. A última coisa que eu precisava era mostrar qualquer fraqueza.
Quando entrei na sala de estar, o que encontrei me fez parar imediatamente. Edward estava lá, como se fosse a coisa mais natural do mundo, com um sorriso de canto, olhando para mim como se soubesse algo que eu ainda não entendia.
— Genevieve! — Ele disse meu nome como se fosse uma provocação, como se estivesse saboreando cada sílaba. — Como está esta manhã? Parece um pouco... tensa.
Eu não pude evitar, meu olhar se estreitou e uma onda de frustração me invadiu.
— O que você está fazendo aqui? — Perguntei, tentando manter minha voz fria, mas sentindo uma mistura de raiva e confusão. Como ele ousava aparecer na minha casa sem aviso prévio? Era como se ele estivesse assumindo um poder que não me pertencia.
Minha mãe parecia animada, sem perceber a tensão crescente entre nós dois. Ela sorria para Edward com um entusiasmo que me fez sentir um desconforto crescente. Ele, por sua vez, estava se divertindo com a situação, como sempre.
— Eu estava pensando em convidá-la para um passeio esta tarde — disse Edward, com sua voz suave, mas carregada de um tom desafiador. — Mas antes disso, pensei que poderia ser bom conversar um pouco. Não quero que você se sinta desconfortável, claro.
Eu tentei manter o controle, mas minhas mãos estavam trêmulas. Eu sabia que ele não estava aqui apenas para conversar, e o fato de ele ter me desafiado daquela maneira fazia meu coração acelerar, não de excitação, mas de uma raiva reprimida.
— Conversar? — Replicou minha mãe, sem perceber o jogo sutil que estava acontecendo entre nós. — Que ótimo! Edward, você tem sido uma companhia maravilhosa para Genevieve. Tenho certeza de que ela adoraria passar algum tempo com você. Não é mesmo, querida?
Eu não sabia como reagir. Minha mãe estava empolgada, mas eu estava começando a me sentir sufocada pela presença dele. Edward parecia entender que sua estratégia estava funcionando, e ele se aproximou mais, com um sorriso enigmático.
— Vamos sair então, Genevieve. — Ele se virou para mim com uma expressão travessa, sabendo que eu não teria como recusar.
Eu podia sentir o peso da situação. Ele estava testando meus limites, e eu sabia que ceder a ele significaria entrar em um jogo onde eu teria que jogar segundo suas regras. Mas, ao mesmo tempo, havia uma parte de mim que queria entender mais sobre ele, entender por que ele me provocava de forma tão implacável.
Mas eu não poderia deixar que isso acontecesse. Eu não poderia permitir que ele me dominasse dessa forma.
— Eu não acho que seja uma boa ideia — respondi, tentando manter minha postura firme, apesar da tempestade de emoções que se formava dentro de mim.
Edward me olhou, e em seus olhos havia uma mistura de diversão e algo mais, algo que eu não conseguia identificar. Mas, ao invés de insistir, ele apenas sorriu de uma forma tão confiante que me fez sentir como se estivesse, de alguma maneira, perdendo o controle da situação.
— Como quiser, Genevieve — disse ele, com um sorriso travesso. — Mas saiba que, mais cedo ou mais tarde, vamos acabar nos encontrando em algum lugar. E, quando isso acontecer, você não vai conseguir mais evitar.
Suas palavras me atingiram como uma flecha, e eu sabia que ele não estava falando apenas sobre o passeio que ele sugerira. Ele falava sobre algo muito maior, algo que estava se aproximando, como um trem desgovernado.
A sensação de estar sendo observada, de estar à mercê de suas palavras e ações, me deixava tensa. Mas eu não podia mostrar isso. Não podia deixar que ele visse o quão abalado eu estava.
Quando ele finalmente se despediu, deixando a sala com seu sorriso arrogante, um peso estranho se instalou no meu peito. Eu sabia que a partir daquele momento, nada mais seria como antes.
O escândalo estava se formando lentamente, e eu estava cada vez mais envolvida. Mais do que qualquer outra coisa, eu sabia que eu estava me tornando uma peça nesse jogo perigoso, e que, inevitavelmente, eu teria que fazer uma escolha.
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Atualizado até capítulo 30
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