Chapter 6

... Genevieve Ashford...

As semanas haviam se arrastado como se fossem meses. Cada evento social, cada baile, cada encontro fortuito com Lord Edward Blackwell me deixava mais exausta do que o anterior. E eu, que acreditava ter me tornado uma mulher prática e imune aos encantos de um libertino, agora começava a questionar minha sanidade.

Era uma manhã de outono quando me vi no jardim de Lady Fairmont, tentando escapar da conversa insuportável sobre os novos vestidos de gala que todas as senhoras pareciam ter em mente. Eu só queria ar fresco, um momento de paz antes do baile da noite. Claro, com minha sorte, esse momento de tranquilidade foi logo interrompido.

— Lady Ashford, que surpresa encontrá-la aqui. — A voz de Edward Blackwell, de novo. Sua tonalidade suave, quase zombeteira, fez o ar ao meu redor esfriar imediatamente. Ele sabia como me afetar com apenas uma palavra.

— Lord Blackwell. — Respondi sem virar imediatamente. Eu estava focada no jardim à minha frente, tentando manter minha compostura. — Você parece muito animado por me encontrar.

Ele deu uma risada baixa, se aproximando com passos tranquilos. A energia que emanava dele parecia desarmar qualquer tentativa de resistência da minha parte. Eu deveria ser mais cautelosa, deveria ser mais firme. Mas eu estava cansada. Cansada dele, cansada de tentar manter a fachada de indiferença.

— Não me diga que você preferiria estar dentro, debatendo sobre as últimas fofocas da temporada. — Ele provocou, tomando um lugar ao meu lado, sem pedir permissão.

Fiquei quieta por um momento, tentando pensar em uma resposta que fosse inteligente e digna, mas o tom de sua voz, aquele sorriso, me deixava... sem palavras. Eu sabia o que ele estava tentando fazer. Ele queria que eu caísse em sua provocação, queria que eu me deixasse envolver no seu jogo. E, por mais que eu odiasse admitir, parte de mim queria isso.

Mas eu não era uma tola.

— Estou apenas aproveitando a paz do jardim, milorde. — Respondi, decidida a não permitir que ele me abalasse. Não mais.

Ele se inclinou ligeiramente para frente, seus olhos curiosos observando-me com um brilho travesso.

— Paz, você diz? Eu diria que, aqui, a única coisa que falta é um pouco de emoção. Você não se sente um pouco entediada com essa tranquilidade toda, Lady Ashford? — Ele sorriu, e eu soube que ele estava apenas começando com seu jogo.

Eu queria revidar, queria lançar alguma ironia, mas sabia que ele estava esperando exatamente isso. Edward Blackwell era um mestre em manipular situações. Ele sempre tinha uma resposta na ponta da língua, sempre sabia onde me apertar.

— E você, Lord Blackwell? — Respondi, tentando virar o jogo. — Não se sente entediado de ser o centro das atenções o tempo todo? Deve ser um peso carregar esse título de libertino.

Ele ergueu uma sobrancelha, claramente divertido com minha tentativa de contra-ataque. Era como se ele estivesse jogando um jogo onde, por mais que eu tentasse, ele sempre soubesse as regras melhores do que eu.

— Eu carrego o título com grande prazer, Lady Ashford. — Ele respondeu, aproximando-se ainda mais. — Mas, se me permite, acho que você gosta mais dessa atenção do que quer admitir.

Por um segundo, senti um calor subir em minhas bochechas. Eu sabia o que ele queria dizer. Ele não estava apenas falando sobre o baile, sobre o que eu representava naquela temporada. Ele estava falando sobre mim. E, pior ainda, ele tinha razão.

— Eu não sou como você, milorde. — Respondi com firmeza, olhando para ele diretamente nos olhos. — Eu não faço questão de ser o centro das atenções.

Ele soltou uma risada baixa, como se achasse minha resposta ainda mais cativante do que qualquer coisa que eu pudesse dizer.

— Não seja tão modesta, Lady Ashford. — Ele se recostou no banco ao lado de onde eu estava, de forma relaxada, como se estivesse completamente à vontade. — Eu vi a forma como todos olhavam para você na última recepção. Você não é invisível. E, acredite, isso só aumenta o seu charme.

Eu senti uma onda de desconforto percorrer minha espinha. Ele estava certo, e isso me incomodava. Eu não gostava que ele me observasse tão de perto. Não gostava da maneira como ele parecia entender tudo o que eu tentava esconder. Como ele sabia exatamente onde tocar para fazer minhas defesas ruírem.

— Eu não me interesso pelo que os outros pensam de mim, milorde. — Eu disse, mais para mim mesma do que para ele. Eu realmente acreditava nisso. Mas havia uma parte de mim que sentia que minhas palavras não eram verdadeiras. Ele havia mexido em algo dentro de mim que eu não queria admitir.

Ele me observou em silêncio por alguns momentos, e eu pude ver que estava se divertindo. Como sempre, ele sabia exatamente onde me tocar.

— Claro que não, Lady Ashford. — Ele disse, sua voz agora mais suave, como se fosse um segredo que ele estava compartilhando comigo. — Mas, e se eu lhe dissesse que você tem muito mais a oferecer do que só essa fachada de indiferença?

Eu queria rir da audácia dele, mas havia algo em suas palavras, algo no jeito como ele me olhava, que me fez calar. Ele estava certo em um ponto: eu estava criando uma fachada. Mas por quê? Porque tinha medo do que aconteceria se eu deixasse a verdade escapar.

— Eu acho que, milorde, você é um mestre em fazer as pessoas se sentirem desconfortáveis. — Respondi, tentando manter a compostura, mas a verdade era que ele havia me desestabilizado mais do que eu queria admitir.

Ele se levantou do banco, dando um passo em minha direção, seu olhar fixo no meu, como se estivesse avaliando cada movimento meu.

— Eu não estou tentando fazê-la se sentir desconfortável, Lady Ashford. — Ele disse com um tom mais sério agora. — Eu apenas gosto de desafiar você. Você é muito interessante quando está assim... provocada.

Eu não sabia o que responder. O que ele queria que eu dissesse? Que eu gostava de ser provocada? Eu odiava aquilo, mas ao mesmo tempo... algo dentro de mim se divertia. E isso me incomodava profundamente.

— Bem, milorde, espero que o seu jogo não me faça perder a paciência. — Eu disse, tentando restaurar a distância entre nós. Eu não iria cair nesse jogo.

Ele deu um sorriso largo, satisfeito.

— Não se preocupe, Lady Ashford. Eu nunca faria você perder a paciência. Eu apenas a estou deixando... interessada.

E, com essas palavras, ele se afastou, deixando-me sozinha novamente no jardim. Eu estava furiosa comigo mesma. Ele tinha razão, mais uma vez. Ele me tinha deixado interessada, mas não no jeito que ele imaginava. Eu não estava interessada nele, mas sim na maneira como ele conseguia mexer comigo, como conseguia me desafiar.

E, no fundo, eu sabia que isso era apenas o começo.

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